CAPÍTULO 03

2041 Words
ROMEO Pouso um beijo leve na testa da Luz. Cubro o seu corpo pequeno e desligo o abajur, dou uma última olhada nela que acabou de adormecer enquanto eu acariciava os cabelos castanhos escuros como os da mãe dela – A minha Lara. Quando eu soube... Eu precisei voltar. Mesmo que eu tenha aberto mão de ser um pai presente para ela por anos, eu preciso estar com ela e com meus pais. Por pior que eu tenha me tornado, nem eu seria capaz disso. Daqui do quarto ouvi os gritos da minha mãe, seu choro perturbador - Mesmo nessa casa enorme. Respiro, juntando o resto das forças que perdi no momento que ela me ligou dizendo o estado da Luz, e desço até ela. — Mãe, você está... — Caminhava rápido até ela, mas congelei ao olhar para o sofá em frente a poltrona que minha mãe está sentada. É a Cecília, alguém que eu sempre tive muito respeito e gratidão. Mas isso não é o problema, e sim, a morena sentada ao lado dela. Carmin! Mesmo estando tão diferente e olhando para baixo, com a cabeça inclinada, consigo ver. É a mulher que começou tudo. Não a culpo. Na verdade eu sei que ela não teve culpa alguma, era só uma garota, uma garota inocente e apaixonada. Eu estava cego, passei anos assim. Não consegui ver que a Carmin estava apaixonada por mim, para mim ela era apenas a filha da Cecília. Quando nos conhecemos eu tinha vinte anos, tinha acabado de me casar com a Lara quando Cecília foi transferida para nos ajudar a cuidar da casa. Carmin tinha doze anos, era uma menina que corria pelo meu quintal. Eu não percebi que ela havia crescido nossos oito anos de diferença de idade não parecia mais tanta coisa. Naquela época eu era um i****a que distribuía sorrisos e altruísmo até a desconhecidos na rua. Eu ajudava Cecília e Carmin - assim como todos os empregados da casa - mas pelo que vi, ela não soube lidar com a atenção. Carmin confundiu tudo, pois eu nunca a olhei com paixão. Involuntariamente eu nutri um amor no coração de uma garota, uma jovem que estava descobrindo o poder desse sentimento. Foi aí que tudo começou, que a minha vida foi desmoronando num efeito dominó. — Filho? — Minha mãe se assusta. Ela reveza seu olhar entre Carmin e eu, sem saber como reagir. Todos da família sabem o que aconteceu e imagino como é difícil para eles. — Achei que estava com a Luz. — Eu estava. — Firmo a voz que tinha perdido, permanecendo sério. — Ela acabou de dormir, ouvi que você estava chorando e quis conferir. O educado seria cumprimentar as visitas, mas qualquer um que sabe da história entende como isso é difícil. Não faço ideia de por onde começar, nunca imaginei reencontrar a Carmin ou a mãe dela. Nem mesmo meus pais e a Luz. Quando fui embora, eu não tinha intenção de voltar. Por isso nem pensei que minha nova vida poderia colocar alguém que eu amo em perigo. Não existe perigo comigo longe. Mas a vida se encarregou de me arrastar de volta para o meio de toda essa merda. Luz é uma linda garota de cinco anos. Sua vida está apenas começando, mas ela conseguiu fazer mais pessoas felizes do que eu – É uma heroína como a mãe dela. A minha Luz só viveu por malditos cinco anos, p***a! Ela precisa de mais! Não pode ser que... Minha cabeça lateja. Sinto que todo meu treinamento, meus músculos, o temor que eu imponho, meu dinheiro e poder, nada disso significa c*****o nenhum agora. A impotência é a pior parte, sempre foi, desde que Lara morreu nos meus braços. Quando a mulher que era a minha vida respirou pela última vez enquanto me olhava nos olhos, senti o que é ser impotente demais para proteger minha própria mulher. Eu queria ter sido forte, pela Luz. Queria ter ficado e lutado, mas o peso dos meus pecados e a dor de não ter conseguido fazer nada para salvar a mãe dela, de só poder ter assistido a minha melhor amiga e parceira definhar aos poucos, me tornaram incapaz de ser um pai para ela. Que tipo de pai eu seria, droga? Um fraco. Romeo morreu no momento em que Lara morreu. Eu senti a dor da morte, ainda sinto. Pareceu que cada gota de sangue se esvaia lentamente de mim, abandonando minhas veias dolorosamente. Luz tinha acabado de nascer, tinha menos de um mês de vida. Ela nem mesmo lembraria de mim, de como eu passei todos os primeiros dias velando o sono dela e assistindo-a dormir e respirar - cada respiração dela era um motivo para continuar lutando. Nem lembraria do meu cheiro, mesmo que o dela tenha ficado impregnado em mim. Ou como ela amava dormir nos meus braços e em como eu cantava para ela. Luz não sofreria. Meus pais seriam melhores pais para ela que um homem destruído, que tinha tido seu coração arrancado e esmagado. Decidir ir embora. Luz foi crescendo e eu acompanhei de longe ela se tornar tão esplêndida e iluminada como a mãe dela - Agradeci por isso. Todas as noites fazíamos vídeo chamada, o que me deixava continuar a viver. Desde que começou a falar, de um doce "Baba" sua frase preferida era "Papai, quando você volta?" Claro que eu queria pegar um avião todas as noites e vir, mas quanto mais tempo passava, mais difícil se tornava enfrentar meus demônios. Eu apenas dizia "Um dia, meu amor. Um dia", e fazia questão de dizer o quanto eu a amava. O que eu não imaginava era que esse dia chegaria tão cedo e muito menos que seria motivado por isso, o cérebro da minha garotinha sendo tomado. — Estou bem, estou bem. Não se preocupe comigo. — Minha mãe finalmente responde, interrompendo o silêncio constrangedor para todos. — E você? Evito dar qualquer resposta, então apenas ignoro. Não consigo conter meu olhar, que vence a luta contra a razão e torna a se concentrar em Carmin. É como ver outra pessoa. As roupas largas que ela se escondia, os cabelos sempre presos e desarrumados que lembro de brincar que a fazia parecer uma rebelde de filme adolescente, o jeito tímido de se curvar para não chamar a atenção, tudo foi embora. Também é possível ver que ela não tem mais os óculos grandes que cobriam o rosto delicado e limpo. — Não sabíamos que você tinha voltado, ou não teríamos vindo. — O tom de Cecília é rude, o que não traz nenhuma surpresa. Todas as duas devem me odiar. Também evito responder. Apesar disso, eu não sei o motivo mas não consigo tirar os olhos de Carmin, dentro de um vestido justo de cor azul marinho, os cabelos soltos e bem arrumados com um tom que parece chocolate – seguro a vontade de rir como um bobo. Meus olhos descem pelas pernas cruzadas sensualmente até o seu scarpin de saltos finos. Apesar disso ela está encolhida como uma gatinha assustada. É quando ela levanta os olhos corajosamente. Se alguns segundos atrás eu achava que ela parecia uma gatinha acuada, agora sou eu quem fico tonto quando os olhos azuis impressionantes cravam nos meus como duas balas em tiros certeiros. Me lembrava que ela tinha lindos olhos azuis, mas era impossível conseguir fazer jus a isso através da minha memória. É impossível descrever cada tom de azul que compõe a pedra preciosa não descoberta que é feito os olhos dela. Maldita! Carmin sustenta olhar, por alguns segundos pareceu surpresa ao olhar para mim e ver a minha mudança também. Posso ver o rubor surgindo no rosto dela quando não consegue evitar olhar meus braços, que devem estar o dobro do que eram antes e descer pelo peito e abdômen que mostram seu tamanho pela camisa polo branca. Por um tempo achei que ela olhou para o volume entre as minhas pernas, mas quando ela tornou a levantar o olhar eu esqueci até mesmo meu nome - É como a p***a de um feitiço. Tenho que lutar para ficar firme quando ainda me encarando como se eu não tivesse nenhum efeito sobre ela, ela se levanta. — Filha? Está tudo bem? — Cecília levanta preocupada, ganhando um sorriso lateral que faz um certo queimor atingir minha garganta. Aguente firme aí embaixo, amigo! Com certeza ele quer se animar porque já faz um tempo que não transo. Certeza que é isso. Ontem que eu pedi ao Rossi que me enviasse uma garota, ele enviou a mesma de algumas semanas atrás e eu não transo com a mesma mulher. Como eu disse, desde a Lara as mulheres para mim não são para se apegar e eu não quero fazer cliente fixa. Além disso, como eu ia meter meu p*u em alguém, logo após a notícia que recebi? — Olá, Romeo. — Droga, droga! Seu tom é frio e sexy ao mesmo tempo. Até a voz é diferente do que eu me lembrava. Com uma certa malícia que... p***a! Cerro os punhos com força tentando me concentrar na força e não na morena em minha frente e seus lábios vermelhos ainda sustentando um sorrisinho, junto com o olhar que ela claramente sabe o quanto é poderoso. Nessa hora minha vontade é corrigi-la. Dizer que meu nome não é mais Romeo. Nem o nome e nem nada dele restou em mim. Sou Lorenzo, um homem que não se pode brincar. E eu e um amigo furioso que guardo dentro das calças adoraríamos fazê-la entender. — Carmin... — Cumprimento fingindo desinteresse. — Como minha mãe disse, nós não imaginávamos que estaria de volta. Nos perdoe, não queríamos incomodar. Mas já que está aqui, eu imagino que veio para lutar junto com a sua filha. — Concordo com cabeça. Claro que não vou aceitar deixar minha filha ir, não vou perde-la como perdi a Lara. Vamos atrás de outra opinião médica, algum exame, ou o que quer que seja possível. É para isso que eu estou aqui. — Sim. Não é o momento de chorar e sim de lutar. Isso está apenas começando. — Ela sorri confiante. Nossas mães estão surpresas e provavelmente assustadas com nossa interação tão formal. — Se vocês precisarem de qualquer ajuda que eu possa dar, é só pedir. — Garante quase fazendo meu queixo despencar para o chão, mas finjo naturalidade. — Então vamos indo, mãe. Está tarde e eu tenho trabalho amanhã. Além disso, eles devem estar exaustos. — Obrigado. — Cuspo a palavra. — Obrigada por virem, me perdoem qualquer coisa. É importante poder contar com pessoas confiáveis e que realmente querem o nosso bem, vocês foram as únicas que vieram nos visitar. — Minha mãe diz. Ela está abalada, assim como meu pai. Mas ele está tendo que carregar a empresa da família nas costas, já que eu sou filho único e deixei o cargo de vice-diretor quando fui embora. Ele acaba sempre chegando tarde em casa, também não sendo tão jovem como antes e também sentindo a dor de tudo que está acontecendo com a Luz. E a pior parte ainda está por vir. Se tudo der errado... Assisto as mulheres se despedindo com beijos, abraços e cumprimentos demorados que me entediam. Estar entediado aqui é r**m porque meus olhos rebeldes procuram lugares divertidos para percorrer, que no caso aqui são as belas pernas da Carmin ressaindo no vestido até o meio das coxas. A pele macia, a forma que os quadris dão lugar a uma cintura fina que leva aos s***s. Os seios... Definitivamente estou ficando louco. Minha vontade é enfiar o rosto naquele decote. Que espécie de pervertido você se tornou, homem? Controle esse p*u, você não é mais um adolescente! — Carmin! — Chamo quando ela caminha para fora fazendo-a parar, respirar fundo e virar de volta. — Temos uma conversa pendente, não acha? As palavras escapam da minha boca sem que eu possa conter, eu m*l posso raciocinar. Faz muito tempo que eu não tenho uma conversa de verdade com alguém, eu nem sei que p***a estou fazendo. — Eu creio que você está cinco anos atrasado, não acha?
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