AURORA
O Angelo convenceu um total de zero pessoas quando disse que aquilo não tinha nada a ver com o Mattia.
Nem ele se convenceu, porque quando eu estava prestes a retrucar, ele falou:
— A quem eu estou querendo enganar? Se você tivesse que trabalhar mais um único dia com aquele bastardo de m£rda, eu iria surtar.
— Agora sim estamos sendo honestos — sorri.
— Por falar naquele patif£, ele sabe que eu sou da máfia — ele afirmou, me deixando surpresa.
— Ele nunca me falou nada — respondi. — Por que você não faz uma investigação sobre ele?
— Eu irei fazer, mas agora descansa — ele falou, colocando o cobertor sobre o meu corpo.
— Você não vem? — perguntei.
— Sim. Só vou conferir se está tudo certo com os alarmes e as câmeras.
O Angelo desceu, enquanto isso, eu marquei consulta com a Gaia e mandei um e-mail para a empresa de arquitetura onde trabalho, pedindo a minha substituição por motivos de saúde. Após isso, fiquei lendo o segundo livro da Isabela, esposa do Maxim.
Minha amiga está arrasando como escritora, e já está no seu segundo lançamento.
Tentei me concentrar no livro, mas o pensamento de que o Mattia sabia o tempo inteiro que o Angelo faz parte da organização, não saía da minha cabeça.
Apenas as pessoas envolvidas com o submundo, sabem quem são os membros da máfia.
O Angelo, o Enrico e o Maxim assumiram a pouco tempo, então seria ainda mais difícil que alguém que não fosse do submundo os conhecesse.
O Angelo voltou. Ele se deitou ao meu lado. Eu tentei afastar o pensamento sobre o Mattia, por hora.
— Como está se sentindo? — ele perguntou, e sem que eu esperasse, ele me puxou para que eu repousasse a minha cabeça em seu peito.
— Estou bem — respondi. — A Gaia vai estar na Sicília daqui a dois dias.
— Que bom.
— Também já mandei um e-mail pedindo a minha substituição na catedral.
— Você fez tudo isso enquanto eu estava lá embaixo?
— Sim. Também já li um pouco do livro da Isa — falei, e rapidamente adormeci nos braços do meu amor.
[...]
TRÊS SEMANAS DEPOIS...
A empresa de arquitetura que eu trabalho, prontamente enviou um arquiteto para a restauração da catedral, no dia seguinte.
Eles me deram uma semana para descansar, e logo depois, me mandaram alguns trabalhos para que eu fizesse em casa, como já acontecia antes.
Desde então, eu não tive mais nenhuma notícia do Mattia.
Eu e o Angelo não tocamos mais no nome dele, tudo estava indo muito bem.
Desde o episódio do desmaio, eu não senti mais nenhuma tontura, muito menos sensação de demaio, apenas um pouco de azia ou enjoo matinal.
A Gaia também achou que o ambiente abafado da catedral poderia estar causando as tonturas.
Eu diria que os últimos dias foram bem produtivos com as minhas iniciativas de seduzir o meu marido.
Eu vinha fazendo ele dar algumas surtadas.
Esses dias tomei banho na banheira de porta aberta, quando escutei a porta do nosso quarto abrindo, levantei lentamente, até que quando ele apareceu na minha frente, eu estava em pé e totalmente nua.
Ele rosnou um palavrão e saiu, depois se desculpou, achou que deveria ter averiguado antes se eu estava lá.
"Bobo."
[...]
Trabalhei a manhã inteira, precisava entregar um trabalho sem falta, e só depois das 15:00 horas consegui concluir.
Eu fui até a piscina. O Angelo tinha passado quase que o dia inteiro no escritório fazendo um trabalho para o parlamento, e eu decidi pegar um pouco de sol.
A Gaia liberou em determinados horários, até recomendou, visto que eu estava precisando repor a vitamina D.
Coloquei um biquíni que comprei no Brasil e nunca tive coragem de usar, por ser bem pequeno.
Eu tirei a camisa de botão que usava por cima do biquíni e me sentei na espreguiçadeira com o livro da Isabela na mão.
Os soldados estavam todos de cabeça baixa, chegava a ser engraçado.
Eu estava distraída com uma cena bem picante no livro da minha amiga, quando o Angelo se aproximou.
— Que m£rda é essa, Aurora? — ele sentou ao meu lado na espreguiçadeira. — Está querendo me ver matando algum soldado?
— A Gaia falou que eu preciso de vitamina D, eu já tinha terminado meu trabalho e não vi nada de mais em vir tomar um pouco de sol.
— Não tinha nada que cobrisse um pouco mais? — ele perguntou, com os seus olhos fixos em meus s£ios.
— É que eles — olhei para baixo, — nunca estiveram tão bonitos quando agora, esse biquíni só fica bonito com eles assim, um pouco mais fartos — fingi inocência. — Sem falar que todos os seus soldados estão de cabeça baixa, como pode ver, então não precisa fazer drama.
O Angelo não sabe, mas quem me deu a ideia de provocá-lo com o biquini foram a Isabela e a Serena. A Isa já usou dessa artimanha para provocar o Maxim, e apesar de nunca ter gostado muito dessa coisa de fazer ciúmes para o Angelo, a situação pedia algo drástico.
— Porr@, Aurora! — ele rosnou. — Você não tem facilitado muito para mim, ultimamente.
— Por que resiste tanto, Angelo?
— Eu não quero mais resistir — ele falou, passando a sua mão por baixo do meu cabelo e me puxando para um beijo.
Céus, como eu anciei por isso. Sentir os lábios do Angelo depois de tanto tempo, foi como senti-los pela primeira vez.
Todas aquelas sensações que o toque dos nossos lábios me causavam, vieram à tona.
— Eu amo você, Aurora — o Angelo falou, fazendo o meu coração dá um grande salto.
— O quê? — perguntei, ainda desnorteada.
— Não sei o que você tem, garota, mas conseguiu fazer com que eu me apaixonasse por você pela segunda vez. Ou melhor, eu sei bem o que você tem — ele sorriu. — Você tem tudo que eu preciso para ser feliz. Nos primeiros dias que você voltou para casa, eu já conseguia entender o porquê de eu te amar.