TENTANDO CONSERTAR AS COISAS

1073 Words
AURORA Cheguei na casa da minha irmã e a encontrei brincando com os meus sobrinhos. Só em olhar para mim, ela já sabia que tinha acontecido algo. — Patrízia, você fica de olho neles? — ela perguntou a sua funcionária, que assentiu. Eu geralmente brinco com o Matteo e o Lorenzo quando eu chego, mas o nó ainda estava na garganta. Sem falar, que eu precisava conversar com a Fiorella e colocar tudo para fora, ou aquela angustia não iria passar. — Podemos conversar no meu quarto? — perguntei. — Claro — a Fiorella segurou na minha mão e subimos as escadas. Nós entramos no quarto e fomos até a varanda. — O que aconteceu? — ela perguntou. Eu peguei os papéis do divórcio na minha bolsa e mostrei para ela, com os meus olhos marejados. — O Angelo foi na catedral. Eu tinha acabado de sentir uma tontura quando o Angelo chegou — contei, secando as minhas lágrimas. — O problema é que o engenheiro responsável pela restauração viu que eu estava passando m*l e me segurou para eu não cair. — E aí o Angelo entendeu tudo errado? — ela perguntou. — Sim. Para piorar, ele e o Mattia ficaram se encarando, parecia que estavam em um duelo. — Mattia é o engenheiro? — Sim. — E qual é a desse Mattia? — Não sei bem. Não nos demos muito bem no primeiro dia, no dia seguinte ele levou um gelato e se desculpou pela primeira impressão que deixou, após isso, começamos a nos dar bem. Ele é um homem bonito, aquele típico italiano que fala flertando e jogando charme, mas você sabe que eu não tenho olhos para nenhum outro homem. — Esse cara deve estar interessado em você. — Ele não falou nada diretamente, apenas ficou flertando, como te expliquei. Mas hoje, particularmente, ele só tentou me ajudar quando viu que eu estava passando maI. — Mas foi bem estranho ele ficar nessa disputa de olhares com o Angelo, como se estivesse marcando território. — Eu também achei, mas a minha preocupação era outra. — Deixa eu adivinhar: o Angelo foi para cima desse tal Mattia. — Aí é que tá. Não. — Não? — Não. Ele foi até a mesa onde estava exposto o projeto da restauração, pegou uma caneta, assinou os papéis e saiu sem dizer uma palavra. — Ele levou os papéis até lá sem assinar? — Sim. — Ele não queria assinar, Aurora — ela afirmou, se aproximando e segurando as minhas mãos. — Assim como você também não quer, ou já teria assinado a sua parte. Olha, eu entendo os seus motivos, os seus medos, mas apesar da amnésia, o Angelo é o mesmo homem que se apaixonou por você há cinco anos. Digamos que ele nunca mais recupere a memória, sabemos que isso pode acontecer, mas o que os impede de tentar novamente. Você continua sendo a mesma Aurora que o deixou te amando loucamente. — Mas e se for só pelo bebê? — E daí? E se for pelo bebê apenas no início? Por que você acha que ele não poderia se apaixonar por você novamente? Você não pode desistir por medo. Essa não é Aurora que eu conheço. A Fiorella tinha razão, eu não poderia perdê-lo. Eu estava deixando todo aquele medo me paralisar. "Preciso lutar pela minha família." — Eu vou até lá — falei, me levantando. — Agora? — Agora. Eu preciso esclarecer o que aconteceu hoje. — Eu vou com você. — Não precisa. Obrigada pelos seus conselhos. — Qualquer coisa, me liga. — Certo — dei um beijo na minha irmã e sai após colocar os papéis do divórcio de volta na bolsa. Alguns minutos depois, eu estava estacionando na área externa da nossa casa. Olhei para o Marcelo e vi que seu rosto estava cheio de hematomas. Os seus dois olhos e a boca estavam inchados, também tinha um corte em seu nariz. — O que aconteceu com você? — perguntei. Os soldados não costumam me olhar nos olhos, então de cabeça baixa, ele disse que foram ossos do ofício. Eu decidi não insistir. Entrei na casa, que estava em total silêncio, subi as escadas e fui até o nosso quarto. Ao entrar, me deparei com uma cadeira caída no chão, vidros do espelho espalhadas pelo chão, mas nem sinal do Angelo. Comecei a procurar por todos os cômodos da casa, até que o achei na academia. Ele estava de costas, sentado na lateral do ringue. Ao me aproximar, percebi que ao seu lado tinha uma garrafa de whisky, que já estava praticamente vazia. Só então me dei conta que os seus olhos também estavam inchados e com hematomas. Mais cedo quando ele tinha ido até a catedral, estava de óculos escuros. — Você brigou com o soldado? — perguntei. — Foi um treinamento. — Um treinamento que deixou os rostos de vocês nesse estado? — Não foi ele que deixou meu rosto nesse estado, foi o Maxim. — Você brigou com o Maxim? — Não. — Então isso aí também só foi um treinamento? — Sim. Digamos que ele queria me ajudar a extravasar — seu semblante era sério, eu diria que até arredio. — E por que você estava precisando extravasar? — O que você quer, Aurora? Eu já assinei o divórcio como você queria. — Eu queria, Angelo? Quem foi que pediu o divórcio? — Hoje deu para perceber que você já tinha se adaptado com a ideia de não ser mais casada comigo. — Você está sendo injusto — falei, mas a minha voz era suave. — Se lembrasse de mim e do que tínhamos, jamais insinuaria nada desse tipo. — Eu vi, Aurora. — O que você viu fui eu passando m*l por ter uma queda de pressão — falei, me sentando no ringue. — E o meu colega de trabalho me segurando, quando percebeu. — O seu colega de trabalho me olhou como uma ameaça. Ele sabe que você é casada? Sabe que está esperando um filho meu? — Não. Eu o conheço há uma semana e você sabe, ou pelo menos sabia, que eu não sou de estar expondo a nossa vida para as pessoas, exceto para a nossa família. — Então, ele com certeza acha que está ou vai acontecer algo entre vocês. — Angelo... — Aurora — ele me interrompeu. — Eu tenho algo para te falar.
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