CONTANDO SOBRE O PASSADO

943 Words
ANGELO Conversei por mais um tempo com o meu pai. Nós decidimos que eu passaria novamente por todos os treinamentos da máfia antes de assumir o meu posto, até porque eu precisaria conhecer cada rosto, cada negócio, cada estratégia, cada treinamento e, principalmente, cada inimigo. Olhei a hora e achei por bem ir ver se a Aurora já havia terminado. Eu e o meu pai estávamos saindo do escritório quando o Maxim chegou. Meu pai olhou para o rosto do Maxim, em seguida para o meu, e entendeu tudo. — Estavam tentando se matar? — perguntou, com o cenho franzido. — Apenas extravasar — respondi. — Quase mato minha mulher do coração quando cheguei em casa — o Maxim falou, sorrindo. — Eu disse que tinha sido atacado por um guepardo. — E ela? — meu pai perguntou. — Perguntou com os olhos arregalados: o Angelo fez isso com você? Eu falei: precisa ver como ele ficou. — Vocês são inacreditáveis — meu pai falou, negando com a cabeça. — Vou subir para ver se a Aurora terminou — falei, me afastando. — O que eu perdi? — o Maxim perguntou. — A Aurora vai voltar para casa — respondi. — Decidiu seguir os nossos conselhos? — Decidi seguir o meu coração. "Quando foi que fiquei tão sentimental?" Subi as escadas, mas não fazia ideia em qual quarto a Aurora estava. Fui andando, até que vi um com a porta entreaberta. — Como será a partir de agora? — a Fiorella perguntou, enquanto eu escutava atrás da porta. — Não faço ideia do que o futuro nos reserva — a Aurora respondeu. — Eu vou lutar por nós, pelo nosso amor. Eu e o Angelo já passamos por tantas coisas. Eu acho que devo isso para nós dois. Sem falar que eu já me questionei tanto pelo fato de não conseguir engravidar, e enfim, estou esperando um filho dele. — Verdade! Tudo acontece no seu tempo determinado. — Hoje o Angelo falou algo que me deixou pensativa. Ele disse que ao recobrar a memória do que havia acontecido com a Alice, sentiu como se tivessem tirado tudo dele, mas ao saber que eu estava esperando um filho dele, foi como se tudo tivesse sido devolvido. — O filho de vocês veio nesse momento com um propósito — a Fiorella falou. — Eu pensei o mesmo — a Aurora respondeu. — Ele também disse que o que aconteceu com a Alice desperta o pior dele, mas que nosso filho o acalma. — Meu sobrinho ou sobrinha veio no momento certo e para ser um divisor de águas na vida de vocês. — Eu também acredito nisso — ela respondeu, enquanto eu sorria escondido atrás da porta, com cara de bobo. — Por falar na Alice, o Angelo sabe sobre o centro de acolhimento? — Não chegamos a conversar sobre isso. Ele tem conversado bastante com os irmãos, com o Marco e com o Maxim. Não sei se chegaram a falar algo. "Centro de acolhimento?" Dei duas batidas na porta. — Pode abrir — a Aurora falou. — Podemos ir? — perguntei, abrindo a porta e colocando a cabeça para dentro. — Sim, estamos prontas. — O que aconteceu com o seu rosto? — a Fiorella perguntou. — Um treinamento que fiz com o Maxim — respondi. — Estavam treinando como se matar? — ela perguntou. — Mais ou menos isso — a Aurora respondeu, sorrindo, enquanto eu pegava as suas malas. [...] Nós chegamos em casa, eu levei as malas da Aurora para o nosso quarto e desci para preparar algo saudável para ela comer. — Como está se sentindo? — perguntei, quando ela entrou na cozinha. — Faminta. — Qual foi a última vez que você comeu? — No café da manhã. — Aurora, já está quase anoitecendo — a repreendi. — Não pode ficar tantas horas sem comer. Coma essa fruta enquanto o jantar fica pronto — falei, entregando para ela uma maçã. — Amanhã a Gaia quer me ver, ela é ginecologista e obstetra. Ela vai ficar na Sicília só até a tarde, depois volta para Roma. Quer ir comigo? — Sim. Será que eu consigo escutar o coração? — perguntei. — Acredito que sim — ela respondeu, sorrindo. — Depois mando uma mensagem para ela. — Aurora... — Oi... — Eu escutei o final da sua conversa com a Fiorella. Vocês mencionaram a Alice e depois um centro de acolhimento. Do que estavam falando? — É uma longa história, mas para falar do centro de acolhimento, eu preciso contar para você como nos conhecemos. A encarei. Estava curioso. — Eu fui casada com o delegado de Grosseto. Um homem que fingiu ser uma boa pessoa apenas para se vingar do meu pai através de mim. — Seu pai? — O pai dele estava envolvido em corrupção. O meu pai o matou para salvar a vida de um policial que estava prestes a levar um tiro dele. O Francesco, quando me conheceu, me tratava muito bem, caiu nas graças dos meus pais e engatamos um relacionamento. A demora foi só eu me mudar para Grosseto para ele mostrar quem era. Após o casamento, a minha vida virou um verdadeiro inferno. Eu era agredida, torturada, violentada e mantida em cárcere privado. Só saía de casa com pelo menos dois armários a tiracolo e apenas se ele permitisse. Ele colocou escutas na casa dos meus pais, nos carros deles, então eu também não conseguia pedir ajuda, até porque eu não conhecia ninguém em Grosseto. MARATONA, BEBÊS ♡⁠˖⁠꒰⁠ᵕ⁠༚⁠ᵕ⁠⑅⁠꒱ Capítulo 1/4
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