LÚCIA (Bônus)
Comecei o meu plano de vingança para afastar o Angelo e o Enrico do Federico. De quebra, ainda afastarei a Serena, que ele praticamente adotou como filha.
Aquele maIdito tentou me matar e vai pagar caro por isso. Como diz o ditado: vingança é um prato que se come frio.
Foi reconfortante saber que ele passou a vida apenas com as migalhas dos filhos, graças a promessa estúpida que ele e o Vittorio fizeram a mãe. E eu até já estava bem satisfeito com isso, ele tentou me matar por um dos filhos e acabou ficando sem os dois, já era uma boa vingança. Mas, isso foi até vê que a v***a grega voltou para a vida dele.
Só de lembrar a forma que o i****a ficava olhando para as fotos daquela mulherzinha, eu sou consumida pelo ódio.
[...]
Há alguns anos, quando os gêmeos do Enrico nasceram, por uma coincidência do destino, eu estava no mesmo hospital.
Aproveitei o fato de ter muitos homens que trabalhavam para o Federico, para me aproximar de um deles. Ele estava pegando café em uma máquina, eu falei que tinha algo para propôr e entreguei um pedaço de papel com o meu contato.
Naquela noite mesmo, ele me ligou. Eu contei uma história convincente sobre só querer ter notícias da minha família, e ele aceitou ser meu informante por alguns euros.
Estive no hospital quando o Federico estava em coma, por duas vezes. Na primeira, quase atropelei a cobra grega, mas o i****a do Enrico se colocou ao lado dela com aquela esposa sem sal dele, bem na hora.
No dia que o Federico recebeu alta, eu também estive lá, mas a Serena e o Marco me viram, então tive que ir embora às pressas.
Desde então, estava sempre a espreita esperando o momento de entrar em cena, e enfim, esse momento chegou.
Eu estava no meu carro, há cinco minutos da clínica, quando o meu informante me ligou avisando que o Angelo havia acordado e que, aparentemente, havia perdido a memória.
Corri para lá. Ao chegar, vi o Marco, a Serena e as minhas norinhas se distanciando do quarto do Angelo.
O Dante, meu informante, que estava com outro homem fazendo a segurança da porta do quarto, o distraio para que eu pudesse entrar.
Eu achei que o Angelo não iria me reconhecer, mas para a minha surpresa ele lembrou de mim.
— Mãe, você veio com a Alice?
"Alice? Então ele pensa que a Serena é a Alice?"
— Eu vim assim que soube que tinha acordado — falei me aproximando. — Como está se sentindo, querido?
— Estou bem — ele franziu levemente o cenho.
— Filho, você não lembra dos últimos acontecimentos?
— Do que eu deveria lembrar?
— Qual a última coisa de que se lembra?
— Eu estava treinando com a Alice. Ela parece tão diferente.
— Filho, sua última lembrança tem mais de dez anos. Você esqueceu mais de uma década da sua vida.
— O quê?
— Você sofreu um acidente de helicóptero e perdeu parte da sua memória.
— Mais de dez anos?
— Mais de onze anos, para ser mais exata.
Eu tinha pouco tempo para injetar na cabeça dele que eu estava ao seu lado, mas não só isso, ele precisava acreditar que o seu pai era o vilão.
— Muitas coisas aconteceram nesses onze anos, Angelo. Eu prometo que te contarei tudo com calma, mas a primeira coisa que você precisa saber é que o seu pai reapareceu e agora está fingindo ser um bom pai. Ele vem a anos manipulando você e seus irmãos.
— Irmãos?
— Sim. Essa é outra longa história. Eu vou contar para você absolutamente tudo, mas você não pode acreditar na versão que o seu pai inventou para me tornar a vilã. Ele é um homem manipulador e vai fazer de tudo para se tornar o mocinho de toda a história.
— De que história? Do que você está falando?
— Seu pai é um mafioso perigoso, um homem sem escrúpulos que fez com que você entrasse para a máfia.
— Eu sou um mafioso? Qual é? Conta outra.
— Não acredita em mim? Pergunte para os outros. Você é o Sottocapo da máfia siciliana. Ele também transformou o seu irmão em um mafioso.
— Meu irmão?
— O Enrico. Ele é o Don da máfia, no lugar do seu pai.
— Que história maluca é essa?
Antes que eu pudesse falar mais coisas, o Marco, a Serena e as minhas duas noras sem sal entraram no quarto.
A Serena não reagiu bem ao me ver, mas teve que engolir a minha presença.
Logo o Angelo foi levado para fazer exames.
O Federico, a v***a grega, o Enrico, aquele loiro alto e musculoso e a esposa, que parece que ele pegou para criar, também chegaram.
— O que faz aqui? — o Federico perguntou.
— Vim ver o meu filho.
— Desde quando se importa com os seus filhos? — ele perguntou, me fuzilando com os olhos.
— O Angelo me quer aqui, já não sei se podemos falar o mesmo de você — sorri. — Vamos vê se ele vai cair duas vezes no seu papinho furado de pai que ficou cuidando dos filhos a distância.
— O que pretendo dessa vez? — o Enrico perguntou.
— Será que é tão difícil de vocês entenderem que eu só quero ficar perto do meu filho?
— É sério que você não pensou em nada mais convivente — ele perguntou após sorrir, um sorriso carregado de sarcasmo.
— Vamos esperar a volta do Angelo no quarto — a v***a grega falou com aquela voz mansa que me embrulhou o estômago. — Esse bate boca no corredor não vai levar a lugar nenhum.
— A Nikoleta tem razão — o loiro falou.
— Se comporte ou será escorraçada daqui — o Federico ameaçou.
— E o que pretende contar para o Angelo a esse respeito? — perguntei o fitando.
"Esse maIdito não perde por esperar."
"Vamos ver quem o Angelo vai querer ver escorraçado daqui, quando voltar."