OLHAR DISTANTE

896 Words
AURORA Ele não lembrou de mim. É difícil até colocar em palavras o que senti naquele momento. — É normal — o médico falou me tirando do meu estado de transe. — A pancada na cabeça foi forte, o traumatismo foi grave. Eu ainda estava assimilando tudo, quando a Serena e a Fiorella passaram pela porta. — Angelo — a Serena correu até ele eufórica ao vê-lo acordado. Ela o abraçou e chorou de felicidade. O Angelo a abraçou, acariciou os seus cabelos e beijou o topo da sua cabeça. "Então ele só não se lembra de mim?" — Calma, Alice, eu estou bem — o Angelo falou fazendo a Serena encará-lo confusa. — Você já pode parar de chorar. — Angelo, estou feliz que tenha acordado — a Fiorella falou se aproximando da cama. — Obrigado! Desculpe, mas você quem é? — Eu sou a Fiorella, irmã da Aurora. — E você é a Aurora? _ ele direcionou o olhar para mim ao fazer a pergunta. Eu nem consegui responder e sai do quarto. Quanto mais eu tentava segurar o nó que de formava em minha garganta, mais eu sentia vontade de chorar. — Aurora, o que está acontecendo com o Angelo? — a Fiorella, que veio atrás de mim, perguntou. — Pelo que parece, ele não lembra dos últimos onze anos, já que pensa que a Serena é a Alice. O médico, a Serena e o Marco vieram na nossa direção. — Doutor, o que está acontecendo com o meu marido? — perguntei. — Ele perdeu partes de sua memória — o medido informou. — Isso é comum em traumas graves como esse. — Ele me confundiu com a minha irmã que morreu há onze anos — a Serena falou com um semblante de preocupação evidente em seu rosto. — Eu preciso que me contem informações relevantes desde a morte dessa irmã — o médico pediu. — Vamos todos para a minha sala. Apesar de saber que o Angelo é Sottocapo, já que trabalha na clínica da máfia, esse médico não sabe sobre as outras identidades do Angelo. Então nos resumimos a contar sobre a morte da Alice, a aparição da Serena, do Enrico e do Sr. Federico na vida dele. Por último, contei sobre o nosso relacionamento nos últimos cinco anos. — Não é bom que o Angelo saiba da morte da irmã por enquanto. Parece que por ser algo muito traumático, o seu cérebro quis bloquear. Vamos contando tudo aos poucos para ele, mas só depois que eu fizer alguns exames clínicos. Nós saímos da sala do médico e fomos para o quarto do Angelo, porém, ao chegarmos lá, tivemos uma surpresa nada agradável. — Quem deixou que ela entrasse aqui? — a Serena perguntou, visivelmente incomodada. — Alice, por que não deixariam a nossa mãe entrar? — o Angelo perguntou. — Eu sou a mãe dele — a mulher encarou a Serena. — Por que eu não poderia entrar? — a mãe dele perguntou e nós ficamos de mãos atadas. — Lúcia, nós podemos ir ali fora conversar? — o Marco perguntou e ela assentiu. — Aurora, vem comigo. Quando passamos pela porta, eu a fechei e nós nos afastamos para não sermos ouvidos. — Lícia, o Angelo acabou de acordar e, infelizmente, perdeu parte da memória — o Marco explicou. — Ele acha que a Serena é a Alice. O médico orientou que primeiro o Angelo passe por exames e que só depois a gente comece a contar os acontecimentos que a mente dele bloqueou. — Tudo bem — ela respondeu. — Farei o que for preciso para o meu filho ficar bem, só não tentem me afastar dele. Ele precisa de mim, da mãe dele perto dele. — Desculpa, mas o que pretende? O Angelo já precisou de você tantas vezes, por que agora? — Você é bem petulante, menina — ela falou me olhando com desdém. — Não ligo para o que nenhum de vocês pensam, eu só quero estar perto do meu filho. "Tudo nessa mulher soa falso.'' — Agora me deixem voltar para perto do meu filho — ela falou entrando novamente no quarto. — Era só o que faltava — o Marco revirou os olhos. — Se eu bem conheço a Lucia, ela vai tentar manipular o Angelo, se aproveitando da perda de memória dele. Todos os outros chegaram no hospital assim que souberam que o Angelo tinha acordado. E claro, quando o Sr. Federico e o Enrico viram a mãe do Angelo na clínica, o caos se instaurou. O Angelo passou o dia fazendo vários tipos de exames e estava em outra ala da clínica, por isso, não viu nada. Com os resultados em mãos, o médico falou que o Angelo estava muito bem e na manhã seguinte poderia receber alta. — Vocês podem começar a contar tudo para ele aos poucos — ele aconselhou, enquanto aguardávamos que trouxessem o Angelo de volta. — Só tenham cautela ao dar a notícia da morte da irmã. — Aurora, você deveria contar para ele sobre a gravidez — a Fiorella opinou. — Talvez uma notícia tão boa quanto essa faça a memória do Angelo voltar. — Ainda não — respondi — Já foi bem difícil ver o seu olhar distante e indiferente para mim, se ele reagir m*l a notícia do bebê, eu não vou suportar.
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