AURORA
Quando mencionei o banho de banheira, percebi uma certa agitação no Angelo. Ele tentou disfarçar, mas era tarde demais.
Também tinha desejo em seus olhos, o desejo que eu não via desde o acidente.
Subi, com um sorriso de satisfação. Enquanto tomava banho, pensamentos devassos passavam na minha cabeça.
Não que eu não estivesse feliz com todo o cuidado e atenção do Angelo, mas sentia falta dos olhos escurecidos de desejo, dos seus gemidos roucos ecoando por todo o ambiente, sentia saudades dos tremores que o ápice causavam em seu corpo, de vê-lo a beira do precipício de tão ensandecido de desejo.
"Se pensa que eu vou facilitar para você, meu amor, pode tirando o seu cavalinho da chuva." Sorri com o pensamento. Eu estava disposta a torturar o Angelo, mas no bom sentido.
Saí do banho, eu estava prestes a colocar um short e uma blusa básica, mas mudei de ideia.
Uma lingerie preta, levemente transparente e com um decote generoso iria ser muito mais útil. Até porque, os meus s***s já estão um pouco mais fartos pela gravidez.
Coloquei a peça sensual, penteei o meu cabelo colocando-o todo para o lado esquerdo, deixando o outro lado e as costas expostos, passei hidratante por todo o meu corpo e deixei o quarto, descendo as escadas em seguida.
Ao chegar na cozinha, meu objetivo foi alcançado com sucesso.
"Bingo."
Ele parecia ter entrado em transe. Me fitou de cima a baixo.
Depois de alguns segundos me olhando com seus olhos famintos, o Angelo desviou o olhar.
— Vamos jantar? — ele perguntou, pegando a travessa e levando até a mesa.
— Claro — andei logo atrás dele, e sem que ele visse, desci um pouco mais o decote da camisola.
A tensão s****l era evidente durante o jantar. O Angelo tentava evitar o contato visual, mas eu puxava assunto, propositalmente, para que ele tivesse que me olhar.
Mordi o lábio inferior algumas vezes, de maneira sutil, fingindo que estava fazendo involuntariamente. É algo simples, mas que sempre mexeu com o Angelo. Apesar dele não lembrar, eu sei disso, então é um ponto a meu favor.
[...]
ANGELO
CaraIho, a Aurora fez o meu p@u reagir só de imaginar como deve ter sido fud£r ela em todos os cômodos dessa casa.
Quando ela mordeu os lábios, eu quase joguei a toalha e a peguei em meus braços. Eu queria trepar com ela em cima da mesa, por pouco não agi impulsivamente.
Eu tinha que usar o pouco de sanidade que me restava. Não queria que as coisas ficassem confusas entre nós.
Após o jantar, fui lavar a louça.
— Quer ajuda? — a Aurora perguntou.
"Na verdade, eu quero você a uma distância segura."
— Não — respondi. — Pode descansar.
Ela se encostou no balcão, a menos de um metro de distância.
— O que acha de assistirmos a um filme? — ela perguntou, me encarando.
— Não está com sono?
— Não.
— Pode escolher o filme — falei, na esperança de que ela ficasse longe, nem que fosse por alguns minutos.
O cheiro delicioso que vinha dela também não estava ajudando.
Demorei pelo menos uns trinta minutos.
"Eu agradeceria se ao chegar na sala, constatasse que ela estava dormindo."
E não é que deu certo?
A aurora estava deitado no sofá, o seu corpo estava de lado, suas pernas dobradas, a parte de baixo da camisola levemente levantada... Porr@, não sei por quanto tempo vou resistir.
Eu me sentei na mesa de centro e fiquei por um tempo olhando para ela.
— Dormindo parece tão inofensiva — falei, com um sorriso i****a no rosto.
Nesse momento, tive a impressão de ter tido um déjà vu. É como se eu já tivesse visto essa cena e falado essa frase em algum outro momento.
Peguei a Aurora com cuidado em meus braços e subi com ela até o quarto.
Com sua cabeça encostada em meu peito, eu subi as escadas inalando o seu cheiro inebriante.
A coloquei na cama e cobri o seu corpo.
— CaraIho, Angelo — falei, negando com a cabeça ao olhar para o meu p@u duro por baixo da bermuda.
"p***a, parece que ganhou vida própria essa noite."
Fui até a varanda. Estava pensativa enquanto sentia a brisa fresca.
— Não vem para a cama? — a Aurora perguntou, me tirando dos meus pensamentos.
— Já estava indo — falei, andando com ela até o quarto — Você está precisando de alguma coisa?
— Não. É só que eu me acostumei a dormir ao seu lado. A semana que passei na casa da Fiorella e do Enrico foi de muitos pesadelos.
— Pesadelos?
— Sim. Hora com o meu passado, hora com o seu acidente. Coincidentemente, na noite passada eu não tive.
— Que bom.
— Vou aproveitar que despertei e vou escovar os dentes.
Após ela sair do banheiro, eu também fui escovar os meus dentes.
Nós deitamos na cama, a Aurora me olhou algumas vezes, eu sabia que ela queria me falar algo.
— Angelo...
— Hum...
— Será que eu posso dormir com a minha cabeça no seu peito? É que antes do acidente... É... Deixa para lá, é bobagem.
"Porr@, Aurora, você não está ajudando."
Eu a puxei para perto e a coloquei com a sua cabeça em meu peito.
Me arrependi quase que instantaneamente. A proximidade com a Aurora realmente é um problema. Tudo nela me atrai.
— Obrigada! — ela falou com um sorriso largo e depositou a sua mão por cima do meu peito.
Alguns minutos depois, involuntariamente, eu comecei a acariciar os seus cabelos.
— Você também fazia isso — ela falou.
— O quê?
— Antes do acidente, você acariciava assim os meus cabelos até eu dormir.
— Ah, era?
— Sim.
Após alguns minutos inalando a fragrância deliciosa que vinha dela, eu confessei:
— O seu cheiro é viciante.
Ela não respondeu nada, então estiquei para o lado, o pescoço e constatei que ela já tinha dormido novamente.
— Aurora, Aurora... — falei, sorrindo.