AURORA
Acordei na manhã seguinte, com a minha perna por cima do Angelo, sentindo o seu volume matinal por baixo dela.
Os meus s£ios estavam a milímetros do seu braço e o meu braço por cima do seu peito.
— Bom dia — falei, ao perceber que ele abriu os olhos.
— Bom dia — ele respondeu.
Eu tirei o meu corpo de cima dele, e ao perceber o estado que estava, o Angelo colocou o travesseiro em cima.
— É normal... — ele tentou se explicar. — Ereção matinal... Mas você já deve saber, é casada comigo há tanto tempo.
— Sim... — sorri.
Ele se levantou, não sei se desconcertado ou de mau-humor, o que me fez sorrir, e foi direto para o banheiro.
Ele saiu do banheiro, e eu entrei em seguida para tomar meu banho.
Quando sai do banho ele já havia descido.
Uma farta mesa de café da manhã foi montada na ilha da cozinha.
Comemos juntos, em silêncio.
O Angelo preparou algumas frutas e um sanduíche, embalou e me entregou para eu levar para o trabalho.
Cerca de vinte minutos depois, estávamos saindo. Ele iria me deixar na catedral e iria se encontrar com o Sr. Federico.
[...]
— Quando sair, me liga — ele falou estacionando em frente a catedral.
— Tudo bem — falei, descendo do carro.
Ao olhar para o Angelo, vi que o seu olhar estava fixo no pátio da catedral. Ao olhar na direção do seu olhar, percebi que ele e o Mattia se encaravam.
"Isso já está indo longe demais."
"De hoje não passa, eu terei uma conversa definitiva com o Mattia."
Desci do carro e entrei na catedral, ignorando o Mattia.
A forma que o Angelo deu partida no carro, não deixava duvidas de que ele estava bem furioso.
— Está tudo bem? — o Mattia perguntou minutos depois, se aproximando.
Eu estava de frente a maquete do projeto.
— Não, Mattia, não está — respondi, direcionando o meu olhar para ele. — Eu estou sentindo uma certa tensão entre você e o meu marido, desde que se conheceram. E, sinceramente, eu não sei o motivo.
— Eu só acho que você merece coisa melhor.
"É sério isso?"
— E o que você sabe sobre o meu relacionamento com o Angelo para chegar a essa conclusão?
— O que eu sei é que você passou uma semana pelos cantos, cabisbaixa, de repente o seu marido chega aqui fazendo aquela cena de assinar os papéis do divórcio, e no dia seguinte eu descubro que você passou m*l porque está grávida.
— Você não faz ideia do que se passa conosco.
— O que eu sei, Aurora, é que se eu tivesse uma mulher como você, a trataria como uma princesa.
— O Angelo é o homem da minha vida, Mattia, o único.
De repente, eu comecei a sentir uma tontura. Imaginei que fosse mais uma daquelas quedas de pressão.
— Você não precisa se contentar...
— JÁ CHEGA — esbravejei. — Eu não vou permitir que você, nem ninguém interfira na minha vida com o meu marido.
A minha vista começou a escurecer, eu comecei a suar frio e a sentir as minhas pernas enfraquecendo. Ainda assim, achei que logo passaria.
Era visível que o Mattia não tinha gostado do que falei, mas, sinceramente, eu não estava nem aí.
— Tudo bem — ele respondeu, se afastando.
Todas aquelas sensações ficaram mais intensas, até que não vi mais nada.
Lembro de ter despertado por duas vezes no carro do Mattia, enquanto ele dirigia, mas acabava apagando novamente. Uma fraqueza incomum tomava conta do meu corpo.
[...]
Abri os meus olhos e vi um teto branco à minha frente. Olhei para o lado, o Mattia estava sentado na poltrona.
— Oi — ele falou se levantando da poltrona. — Como está se sentindo?
— Estou bem — me sentei na cama. — Cadê o meu marido?
— Aurora, eu não tenho o contato do seu marido.
— O Angelo não sabe que eu estou aqui?
Antes que ele pudesse responder, a porta foi aberta abruptamente.
O Angelo entrou no quarto, seu semblante era de quem estava apavorado.
— Aurora, como está se sentindo? — ele perguntou, se aproximando e segurando as minhas mãos.
— Estou bem — respondi. — Como soube que eu estava aqui?
— Eu comecei a te ligar, mas ninguém atendeu, eu fui até a catedral procurar por você, e me falaram que você tinha desmaiado — ele olhou de soslaio para o Mattia, depois voltou o olhar para mim, novamente.
— Desculpa ter te preocupado. Eu não sei o que aconteceu. Eu estava bem, de repente comecei a ver tudo escurecendo, depois disso, não lembro de mais nada, a não ser duas vezes em que despertei no carro do Mattia, mas acabei apagando novamente.
— Tudo bem, não se preocupe mais com isso. Eu estou aqui, vou cuidar de você.
— Aurora, já que não está mais só, eu vou indo — o Mattia falou, indo em direção à porta.
— Obrigada, Mattia! — falei, e ele acenou, saindo do quarto em seguida.
— Pode esperar um minuto? — o Angelo pediu. — Eu vou até o corredor e já volto.
— Angelo, por favor... — pedi, eu sabia que ele ia atrás do Mattia.
— É rápido, eu já volto, não se preocupe.
[...]
ANGELO
Antes que o filho da put@ fosse embora, eu o alcancei no estacionamento.
— Porque não me ligou para avisar que a minha esposa havia desmaiado? — perguntei, tentando usar o último resquício de paciência que me restava.
— Não tenho o seu contato — ele falou, era palpável o sarcasmo velado nas suas palavras.
— Olha aqui, patif£ — o joguei na parede e usei o meu braço para apertar o seu pescoço. — Eu já estou de saco cheio dos seus joguinhos.
Ele já estava ficando vermelho e tentava a todo custo diminuir o aperto do meu braço.
— Deveria agradecer — ele falava com dificuldade. — Pelo menos tinha alguém lá para cuidar da sua esposa.
— Vai se fud£r, desgraçado —xinguei.
Eu comecei a socá-lo. O desgraçado caiu no chão, e eu comecei a desferir um soco atrás do outro.