ANGELO
Ouvir o coração do meu filho batendo, foi emocionante. Eu diria que a melhor sensação da vida.
— Esse bebezinho está crescendo forte e saudável — a médica falou, enquanto deslizava um aparelho na barriga da Aurora.
— Gaia, quando poderemos saber o sexo? — a Aurora perguntou.
— Você está entrando na oitava semana. A partir da décima terceira semana podemos tentar, mas disso dependerá a posição do bebê. Vocês têm preferência? — a médica perguntou.
— Que venha com saúde — respondi.
A Aurora me olhou com um leve sorriso.
— Eu tinha preferência antes? — perguntei.
— Você falava exatamente isso: que venha com saúde.
[...]
Ao sairmos da sala da médica, eu deixei a Aurora no trabalho e fiquei de buscá-la em algumas horas.
Fui para a casa do meu irmão, iniciei naquele dia os treinamentos da máfia.
Eu e o Enrico entramos no ringue, iríamos treinar juntos.
— Soube que você e a Aurora estão se entendendo — o Enrico comentou.
— Eu rasguei os papéis do divórcio — falei, e começamos a trocar golpes. — Para minha surpresa, ela nem reclamou.
— Não sei porque ficou surpreso.
— Quem deu entrada nos papéis do divórcio foi ela.
— Apenas porque você foi burro o suficiente para dizer que queria se divorciar.
Nós terminamos de treinar alguns golpes, tomamos banho e seguimos para o estande de tiro.
— Eu escutei o coração do meu filho — falei, ainda sentindo aquela sensação de paz.
— Ainda lembro da emoção quando escutei os coraçãozinhos dos gêmeos.
Enquanto falávamos sobre os nossos filhos, a Serena chegou.
— Eu soube que a Aurora voltou para casa — ela falou me abraçando com um sorriso largo, em seguida abraçou o Enrico.
— Ele está criando juízo — o Enrico falou.
— Até que enfim, eu achei que teria que bater a cabeça dele em algum lugar novamente — a Serena falou, dando um tapa na minha cabeça.
Eu não pude evitar o pensamento de que seria perfeito ter a Alice conosco, agora que eu tenho o Enrico e a Serena.
Ficamos os três treinando juntos por mais algum tempo.
Fiquei impressionado com o quanto a Serena é habilidosa com armas.
— Eu preciso ir — falei, tirando os protetores auriculares. — Vou levar a Aurora para almoçar. A médica falou que ela tem que diminuir os intervalos entre as refeições.
A Serena e o Enrico ficaram sorrindo, propositalmente, para me irritar.
— Vão a merd@, vocês dois — falei, saindo do estande.
[...]
Ao estacionar em frente à catedral, vi aquele patif£ do engenheiro ao lado da Aurora.
"Esse filho da put@ não desgruda da minha mulher."
— Oi — falei, a Autora ficou surpresa ao olhar para trás.
— Angelo — ela olhou o relógio de pulso. — A hora passou voando. Só vou pegar a minha bolsa e nós já vamos, tudo bem?
Eu assenti.
— Fiquei surpreso ao saber que a Aurora era casada — o idiot@ falou.
— Ela não era, ela é — respondi, ríspido. — Desculpa desapontá-lo.
— Não estou desapontado, apenas surpreso. Ela passou tantos dias indo e voltando sozinha, cabisbaixa pelos cantos... Fiquei mais surpreso ainda ao saber que a tontura de ontem foi por estar grávida.
— Onde quer chegar? — o encarei, fazendo um esforço enorme para não apertar o pescoço do desgraçado.
Antes que o filho da put@ pudesse responder, a Aurora se aproximou.
— Vamos? — ela falou.
— Vamos — respondi, mas os meus olhos fuzilaram o idiot@ ainda por alguns segundos.
Eu abri a porta do carro para a Aurora e dei a volta.
— O que estava rolando entre você e o Mattia? — ela perguntou.
— Contou para ele que está grávida?
— Sim. Ele perguntou se eu estava bem, disse que tinha ficado preocupado, que eu precisava ir ao médico saber o motivo da tontura. Eu disse que já sabia o motivo e contei para ele. Por quê? — ela não respondeu com rispidez, sua voz era doce.
— Nada. Só acho que ele está interessado demais na nossa vida. E, sinceramente, não acredito que seja apenas por preocupação com seu bem-estar.
A Aurora não respondeu nada. Na verdade, ficamos em silêncio por alguns minutos, silêncio esse, que eu decidi quebrar.
— Pensei em comprar algumas coisas para o enxoval do bebê, o que acha?
— Ótima ideia — ela respondeu, animada.
Deixei o assunto do tal engenheiro de lado. Não iria deixar aquele idiot@ estragar o dia que escutei os batimentos do coração do meu filho, um dia tão especial para mim. Sem falar que eu não queria que o clima ficasse tenso entre mim e a Aurora.
— Vamos almoçar antes de ir? — sugeri. — Comeu a fruta?
Eu tinha separado alguns morangos para ela levar para o trabalho quando saímos de casa.
— Sim. Comi tudo — ela respondeu, tinha um discreto sorriso em seu rosto.
Capítulo 3/4