AURORA
— Tem pulsação — o Maxim falou, e só então eu voltei a respirar. — Está fraca, mas tem.
A equipe de resgate se aproximou, e enquanto um colocava o colar cervical no meu amor, outros colocavam aquela manta de alumínio para manter o corpo dele aquecido.
"Ele estava todas essas horas no frio." Pensei me sentindo desolada.
O Angelo foi levado na maca até o helicóptero, e eles permitiram que eu fosse junto a ele.
Eles foram fazendo os primeiros procedimentos ainda no helicóptero.
"Deus, salva o meu marido." Iniciei uma oração silenciosa.
"Eu imploro, não o tire de mim. O Angelo é o meu amor, a minha vida. Salva a vida dele. Eu não vou suportar viver sem ele."
Nós chegamos na clínica. Já tinha uma equipe medica apostos nos aguardando.
A senhora precisa esperar aqui — um dos médicos falou me fazendo parar no meio do corredor.
O Enrico, o meu sogro e o Maxim chegaram logo depois.
Estávamos todos desolados e apreensivos demais para consolarmos uns aos outros, então um silêncio se instaurou naquele corredor.
A Fiorella e a Nikoleta chegaram, e se revezavam em nos consolar.
— Como você está? — a minha irmã me perguntou.
— Sem chão — falei em lágrimas. — Eu não posso perdê-lo, Fiorella, eu não posso.
— Ei, você não vai perdê-lo — ela me abraçou. — Nós estamos falando do Angelo, o temido Guepardo. Ele vai sair dessa.
As horas iam passando, e nada de notícia, até que o Enrico se descontrolou.
— EU QUERO NOTÍCIAS DO MEU IRMÃO. NÓS ESTAMOS AQUI HÁ HORAS E NINGUÉM VEM NOS FALAR NADA. CHAMEM UM MÉDICO AGORA.
— Sim senhor, Don — um enfermeiro falou indo fazer o que o Enrico ordenou.
Cerca de cinco minutos depois, um dos médicos se aproxima.
— Don, o seu irmão sofreu um grave traumatismo cranioencefálico. Além disso, ele teve uma parada cardiorrespiratória causada por um quadro de hipotermia que estamos tentando controlar. Nós o ressuscitamos, mas o quadro ainda é bem delicado.
— O que acontece agora? — o Sr. Federico perguntou.
— Ele está em coma. Teremos que esperar as próximas horas para ver a sua evolução. Mas, gostaria de pedir que se preparassem para o pior.
— O que disse? — o Sr. Federico indagou o pegando pela camisa do uniforme cirúrgico que ele estava usando.
— Sr. Federico, é a minha função prepará-los para tudo, mas estamos fazendo o possível para salvar a vida do seu filho. Eu só quis deixar claro que o caso dele é considerado gravíssimo, e é um milagre que ele tenha sobrevivendo a queda e as baixas temperaturas ao qual ficou exposto até que o socorro chegasse.
— Querido, fique calmo — a Nikoleta puxou o meu sogro, que soltou o homem a sua frente.
— Quantos podem ficar lá com ele? — o Enrico perguntou.
— No quarto de UTI, apenas um por vez, e a pessoa tem que estar com as roupas apropriadas e as mãos devidamente higienizadas. Mas, ele continua passando por exames, então só depois dos procedimentos é que poderão entrar.
A Serena e o Marco chegaram, e também estavam visivelmente abalados.
— Por enquanto, nós não poderemos ver o meu irmão nem por algum vidro? — a Serena perguntou depois que se inteirou do estado do Angelo.
O médico pareceu ponderar por um tempo.
— Sim, venham comigo.
Ele nos levou até uma vidraça de onde pudemos ver o meu amor todo entubado, com vários fios em volta do seu corpo e lutando pela vida.
[...]
Já era noite quando ficou decidido que eu ficaria com o Angelo na UTI. Na verdade, eu não dei muita alternativa para os outros, visto que, deixei claro que eu não deixaria aquele hospital.
Passou-se a madrugada inteira, e, infelizmente, nenhuma evolução no quadro do Angelo.
Adormeci algumas vezes na poltrona, mas os pesadelos com ele eram horríveis.
[...]
Na manhã seguinte, a Serena, a Isa, o Enrico e o Sr. Federico chegaram bem cedo.
Eu saí do quarto de UTI para falar com eles.
— Alguma evolução no quadro? — a Serena perguntou.
— Não, tudo na mesma — respondi.
A Isa me deu um abraço.
— Amiga, me desculpa por não vir ontem — ela explicou. — A Laurinha estava com bastante cólica.
— Nem precisa se explicar, Isa — falei. — Como ela está?
— A gente sabe que essa coisa de cólica é uma fase, mas corta o coração ver eles tão pequenininhos e indefesos, se espremendo de dor.
— Verdade! A propósito, Serena, onde estão as gêmeas? — perguntei.
— Na casa do Enrico — ela respondeu. — Ontem nós deixamos com as babás, mas hoje o Marco também ficou lá para dar uma força. Elas não param.
O Enrico e o Sr. Federico tinham indo atrás de um médico para buscar informações, e estavam voltando.
— O que ele falou? — perguntei.
— Falou que hoje o Angelo passará por novos exames e alguns testes — o Enrico respondeu.
— Ele também disse que o fato do Angelo não ter tido nenhuma piora, já é motivo para comemoração — o meu sogro completou.
Mini maratona capítuIo 2/3 ♡(ӦvӦ。)