AURORA
Fazia quarenta e oito horas desde que o Angelo havia chegado naquele hospital, e eu não saia de perto dele.
As poucas refeições que fiz, visto que, não tinha nenhum apetite, além de banhos, tudo foi feito no hospital.
Os médicos conseguiram estabilizar a temperatura corporal do Angelo, o que era ótimo.
O quadro dele já não era mais considerado gravíssimo, apenas grave. E, caso ele permanecesse estável, logo seria desentubado.
Meus pais vieram para a Sicília, e passaram a tarde do dia anterior comigo.
Sempre tinha alguém da nossa família me fazendo companhia. E eu só ficava a sós com o Angelo, à noite.
[...]
Mais cinco dias depois...
O Angelo foi desentubado, estava respirando sozinho, os riscos das primeiras horas já haviam passado, e a única incerteza que nós tínhamos era: quando o Angelo iria acordar e se ficaria alguma sequela.
O Enrico, a Serena e o Sr. Federico todos os dias ficavam no quarto conversando sozinhos com ele, um de cada vez. Nós acreditamos que as nossas vozes podem fazê-lo reagir, mesmo que inconscientemente.
Era noite, eu e o Angelo estávamos a sós, eu já tinha lido algumas páginas de um livro para ele, quando senti uma forte tontura.
— Eu devo estar precisando me alimentar — falei olhando em volta.
Peguei na mesa uma maçã e comecei a comer. Ela não estava muito apetitosa, mas me forcei a comer assim mesmo.
[...]
Mais dez dias depois...
Já faziam dezessete dias que o Angelo estava naquele hospital.
Em todos esses dias, eu fui em casa apenas uma vez.
Aproveitei para tomar um banho, fiz uma mala com coisas que eu iria precisar e coloquei alguns itens pessoais para quando o Angelo acordasse. Eu estava otimista que logo ele iria acordar.
Na manhã seguinte, acordei com bastante fome. Aproveitando essa raridade, eu comi um fardo café da manhã, mas, dez minutos depois, o meu café estava todo dentro do vaso sanitário.
Eu passei aquele dia inteiro me sentindo enjoada. Sabia o que aquilo poderia significar, mas não queria criar expectativas falsas, visto que, já achei que estava grávida inúmeras vezes desde que comecei a tentar engravidar.
Decidi fazer as contas, e me dei conta de que estou doze dias atrasado.
"Como não me atentei a isso?"
A minha cabeça estava tão a mil por tudo que aconteceu com o Angelo, que eu nem notei que estava atrasada.
— Amor — peguei na mão do Angelo, — eu sei que pode ser mais um dos alarmes falsos, mas eu queria compartilhar a minha suspeita com você. Hoje, após o café da manhã, eu senti um enjoo e coloquei tudo que havia comido para fora. Agora estou aqui, com medo de fazer um teste e acabar descobrindo que a minha vontade de engravidar está me pregando uma peça mais uma vez. O que você acha? Será que agora é real? Será que vamos ter um bebê? Angelo, eu não sei se você consegue me ouvir, mas eu preciso de você, então acorda logo e volta para mim. Por favor, volta para mim, meu amor.
Naquele dia mesmo, aproveitei que o Enrico estava com o Angelo, e fui até uma farmácia. Comprei cinco marcas de testes diferentes, corri até a minha casa e fiz imediatamente os exames. Todos os cinco deram positivo.
— Meu Deus, será que é realmente verdade? — perguntei chorando de emoção.
Para quem passou cinco anos da sua vida tentando engravidar sem conseguir e que já achava que era estéril, confiar em exames de farmácia não é nada fácil, então marquei com a Dra. Gaia, a ginecologista e obstetra do centro de acolhimento e minha amiga, para o dia seguinte, só para ter a certeza.
Voltei para o hospital, o Enrico foi embora e eu fiquei sozinha com o Angelo.
— Amor, eu acho que agora é real, nós vamos ter um bebê — falei. — Cinco testes, amor, eu fiz cinco testes de farmácia e todos deram positivo. Será que o nosso sonho vai virar realidade? Que nós vamos realmente ter um bebê? Meu amor, agora mais do que nunca você precisa acordar.
Mini maratona capítuIo 3/3 concluída com sucesso (っ˘з(˘⌣˘ )