CAPÍTULO 13

1115 Words
Assim que termino a refeição, dispenso Talinara para que pudesse descansar, esperando a nova amiga sair do quarto, para mexer em minhas malas, de onde retiro um caderno, e um lápis preto. Sigo até a penteadeira e sento-me, desenhando os lugares por onde havia passado. Sempre tive um imenso talento para desenhar, criar mapas e expressar meus sentimentos, sendo essa uma forma de comunicação da minha alma, tomo cuidado com cada detalhe que havia percebido, criando os mapas, caminhos, mas sempre suspirando fundo enquanto sorria. Hoje era para ser o pior dia da minha vida, porque estou tão feliz?. Ao virar a página, decido desenhar as maravilhas que havia visto. Os tons suaves do sol sobre as pessoas da cidade, os detalhes intricados das flores silvestres que dançavam ao vento e os reflexos brilhantes das águas das fontes. Cada traço do lápis preto era cuidadosamente colocado, capturando a essência de cada lugar em meu caderno. Enquanto desenhava, também refletia sobre as experiências que havia vivido, sobre o lorde, sentindo o perfume do meu corpo, e me arrepio inteira, ele não é o que sonhei, mas o que gera em mim, é enlouquecedor e confuso. Me lembro das conversas que tive no ateliê, das histórias que ouvi e também das coisas que Talinara havia dito, querendo conhecer a outra concubina, unir forças para ter a liberdade de minha vida. O caderno era mais do que um simples registro visual; era um diário de suas aventuras e descobertas, meu refúgio. Levanto-me e carrego o caderno e o lápis comigo, deito-me na cama, e faço dali meu novo cenário de desenho. Lembro do Lorde, com cuidado penso nos traços marcantes dele, seu rosto quadrado, seus olhos profundos e escuros e começo a desenhar, aquele abismo envolvente. É tão prazeroso o sentimento que me inspira, os olhos são tão parecidos, os lábios, é como se fosse ele e desejo com o corpo o que a mente reprova. Me pego abraçando o caderno e logo me policio, só posso estar louca, viro de barriga para cima com o caderno em meus braços, e tento compreender tudo o que aconteceu ao longo deste dia perturbado, sinto quando os meus olhos começam a pesar, estou exausta e não percebo quando pego no sono. Uma luz invade o quarto insistindo em permanecer, mas não é isso que me acorda, o que faz me despertar é Talinara, entrando sorridente e dizendo: “Bom dia senhorita Ava, como foi a noite?”. “Tão boa que não acredito que acabou” respondo ainda querendo dormir, mas feliz por não ter que fazer o café de Bia e suas filhas, “e para você foi como?” pergunto percebendo que está animada. “m*l consegui dormir pensando que logo estarei escrevendo, o Lorde tem uma biblioteca imensa, depois te apresentarei o lugar, mas agora vim te arrumar para o café”. Dizia me ajudando a levantar, escolhendo um vestido leve, que mostrava que o dia estava quente, enquanto eu seguia para o banheiro e ela abria todo o quarto já o arrumando. Tomei um banho rápido, algo só para despertar, o fiz com a água gelada, pois estava acostumada, e passei rapidamente a colocar o vestido que ela havia separado. Estou ansiosa para tomar café da manhã, a mesa e conhecer o lugar, a cozinha, o lugar. Sento-me na penteadeira enquanto ela pega o caderno que deixei vacilando na cama, olha o desenho do lorde, sorri, mas não diz nada, apenas a olho por cima do braço, demonstrando que não me importo com o que pensa, ela segue em minha direção e torço para que não me provoque. Talinara pega a escova e começa a pentear os meus cabelos, no começo acho estranho, mas depois confesso gostar, ela faz um belo penteado, algo chique, que esconde meus cachos, não sei se gosto, mas agradeço. Enquanto olho a nova Ava que está nascendo, ouço uma agitação no corredor, olhando para ela que continua arrumando as coisas. Em seguida a porta se abre, é o lorde, “O que será que quer?” me pergunto observando entrar com outro homem, um senhor simpático, com uma um bigode engraçado, com as pontas viradas para cima, e um óculos redondo esquisito, ele tinha uma postura encurvada, era baixo e gordinho, trazia uma maleta na mão e usava um jaleco branco. “Senhorita Talinara” o lorde a chama, ignorando minha presença e ela rapidamente de prontifica, “pode se retirar, volte na hora do café por favor”. Talinara assente com a cabeça e se retira rapidamente nos deixando com o médico, estou insegura. “Essa é a paciente doutor” ele me apresenta, enquanto me pergunto se estou doente, “comprei-a ontem, não sei se está bem, a aparência diz que não”, ele sorri malicioso enquanto me provoca e decido ver até onde irá. Meu coração bate desesperado porque ele se aproxima do criado mudo ao lado da cama, o caderno está lá, aberto com o rosto dele estampando e não quero que veja. Não tem jeito, ele vê o caderno e passa o olho, depois me observa e sorri, deixando minhas bochechas vermelhas. “Sim”, o médico responde se aproximando e segurando em minha mão, a investigando, não gosto porque ele não me pediu licença, puxo a mão reprovando sua petulância, recebo um olhar desaprovador do Lorde, mas empino o nariz e viro o rosto para o lado. “Ela está desidratada” ele diz novamente se aproximando de mim, “Não tomava água querida?” me pergunta esperando uma resposta, mas observando minha pele e sentindo sua textura. “Às vezes” respondo me perguntando se realmente estou doente. “Também tem falta de vitaminas, nada que uma boa alimentação não resolva, ela precisará de muita água e sucos, mas não tem nenhuma doença grave, quer que eu veja mais alguma coisa?” o médico pergunta se referindo às minhas partes íntimas, o me afasto encaro Lorde, demonstrando que reagiria caso o médico tente levantar meu vestido. “Por enquanto não doutor, mas obrigada por sua visita, observei que ela não estava bem, mas é boa uma opinião profissional”. Ele diz dando uma ultima olhada no desenho. O médico se afasta, e o Lorde saiu com ele, não entendi qual foi o objetivo daquela visita, mas os acompanhei até a porta por educação, nenhum dos dois se despediu de mim, é como se eu fosse uma pessoa insignificante, olha para o lado e dou de cara com Aline, ela consegue estar mais assustadora do que o outro dia, volto rapidamente para o quarto, não quero confusão por enquanto.
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