CAPÍTULO 28

1118 Words
Me espreguiço na cama curtindo seu conforto, a claridade do sol avisa que o novo dia começou, sinto-me maravilhosa, como se tivesse dormido sendo uma pessoa e acordado sendo outra, bem mais leve, maravilhada com o delicioso efeito do orgasmo, que acreditava ser momentâneo, mas fico impressionada por descobrir que se estende e faz bem, estou calma e relaxada, bem-humorada, acredito que o que vivi na data de ontem, me deixa segura, diferente como mulher, porque percebo que tenho uma autoestima. Olho para o lado, mas não vejo Talinara, não sei a que horas partiu, sigo até a janela e contemplo sol, observo que não deve ser cedo, e tento me lembrar qual a última vez que acordei tarde, acho que mamãe estava viva, confesso gostar da vida que estou tendo, mas não pretendo me acostumar. Levanto coberta com um lençol enrolado no corpo, procuro um vestido leve, que não prenda meu corpo, nem o mate sufocado de calor, mas que me deixe sexy, algo que atraia a atenção do lorde para mim, que deixe Aline constrangida, caso nos encontremos. Escolho um vestido de algodão branco, ele tem apenas uma saia e é larga, seu cumprimento é acima dos joelhos, a cintura fica desenhada, e o s***s também, mesmo que dessa vez estejam totalmente cobertos, acho que estou linda. Os cabelos amanheceram arrumados, graças a trança feita noite anterior, lavo o rosto, perfumo meu corpo com óleos corporais e sigo até a janela, a fim de olhar a paisagem, antes de sair do quarto em busca de Talinara e o café da manhã. A visão que tenho é horrenda, sinto raiva, ciúmes, desespero e até medo, olho para o jardim e dou de cara com o lorde, ele está em pé, de costas para a direção do meu quarto, Aline está com ele. Ela usa um vestido vinho, longo, que combina com os cabelos vermelhos, ela está elegante, impecável, esconde o pescoço com um lenço vermelho de seda. Deduzo que talvez tenha ficado marca de minhas mãos e deve estar as escondendo. Aline percebe minha presença a distância, desfere um olhar sarcástico, com uma risada maliciosa nos lábios, se aproxima dele, e o envolve com seus braços, seu olhar é fixo para mim, seus olhos verdes são firmes e intimidadores, tento não recuar, sou tão mulher quanto ela. Ela aproxima seu corpo do dele, meu coração abre uma f***a de desespero, as batidas são violentas, por dentro estou atônita, mas por fora, tento fingir indiferença, mesmo sentindo que meus imensos olhos, estão os engolindo. Ela fica na ponta dos pés, percebo que tentará um beijo, e quando penso em me virar, porque sinto dor, vejo o lorde tirar o braço envolto no pescoço, não apenas se afastando, mas se retirando, deixando-a sozinha. Trazendo a minha mente, uma alegria perturbadora. Sei que não é o momento, mas acabo sorrindo, encontro um olhar raivoso e um rosto vermelho, assim como o restante. Entro ciente de que Aline fará com que engula o sorriso na primeira oportunidade, mas não me importo, porque o gosto da satisfação que sinto, é maravilhoso. Sento na cama tentando entender o que motivou o misto de sentimentos ruins em ver Aline com o lorde, talvez seja apenas o pouco tempo que ele tocou meu corpo, e por isso um sentimento desconhecido. Tento tampar o sol com a peneira, criar hipóteses, mas sei que de fato senti ciúmes, não deveria me importar com ele e ela, mas de fato me importo, algo mudou em mim, e começo a descobrir que o prazer difere na realidade, sentido de uma forma intensa. Quando o lorde esteve comigo, vivi algo externo entre ele e meu corpo, mas agora é como se meu coração correspondesse a isso, como se não fosse individual, mas interligado. Isso me deixa confusa, atrapalha meu senso de racionalidade. Estou perdida em várias coisas quando Talinara entra no quarto, ela tem um semblante r**m, passos lentos, me abraça e fico sem entender o que está acontecendo, quando nos separamos está com os olhos cheios de lágrimas, passo a mão em seu rosto. “O que houve?” ela continua chorando, “Talinara o que está acontecendo?”. “Desculpe Ava, mas tenho apenas que seguir ordens”. “Do que está falando?” pergunto preocupada. “Aline aprontou de novo, ela está responsável por sua vida, ela convenceu o lorde”. A abraço novamente ainda sem entender, mas tento a tranquilizar, deixar mais calma, mas ela se solta e diz que estamos atrasadas, então seguimos para o andar de baixo, onde sento sozinha a mesa, acredito que por ser tarde. Talinara se retira, minutos depois atrás um prato de porcelana, nele um pedaço de pão seco, um copo com café, em seguida uma senhora, de semblante parecido, também sai da cozinha e fica observando ela me servir. Imagino que deva ser sua mãe e que alguém tenha descoberto do plano da noite anterior, percebo a apreensão de Talinara com a senhora nos observando e não comento nada. Apenas me pergunto o que aconteceu com a fartura do dia anterior, “talvez o lorde esteja falido” penso enquanto observo o restante do lugar e percebo que essa hipótese não pode ser, termino de comer e me dou por satisfeita, muitas vezes comi apenas os farelos que limpava da mesa, de Bia e suas filhas, um pedaço de pão é uma grande fartura. Levanto observando a tensão, assim que nos afastamos olho Talinara curiosa para saber o que deu de errado e até onde Aline está envolvida nisso. “Me leve a biblioteca” ordeno para que pensem que não somos amigas. “Não posso” ela responde com uma careta “Agora a senhorita deve tomar sol”. “Mas é tarde, esse sol não fará bem”. “É a vontade da senhorita Aline, ela criou um cronograma para seu dia, e foi assinado pelo lorde”. “Ela pode fazer isso?” pergunto a parando. “Sinto muito Ava”. “Sente o quê? Você não fez nada, aposto que foi ela que escolheu meu café da manhã". “E almoço e jantar também, supervisionado”. “Ela tentará me adoecer, mas não conseguirá, porque desconheço a fartura.” respondo pensando em fazer algo para revidar, enquanto sentamos no banco. “Sabe se o lorde soube do episódio no corredor?”. “Não do jeito que aconteceu” ela responde franzindo a testa, percebo estar em dúvida sobre contar “ela disse serem amigas e que pode te ensinar muitas coisas, sei apenas isso.” "Ela se fez de amiga, jogarei seu jogo" respondo enquanto penso.
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