Continuando...
— Com o rosto coberto por um véu, o príncipe Began não sabia o rosto da sua prometida. Igual a ela, ele também era obrigado a seguir as tradições. Se ergueu ficando frente a frente com o seu destino, ele retirou o véu, seu semblante contido, ficou severo.
Nos encaramos mutuamente sem saber o que se passava na mente um do outro. Éramos um enigma. Abaixei o olhar, completamente envergonhada.
Você com enorme ternura tocou no meu queixo fazendo-me olha-lo dentro dos seus olhos. Arrumou o véu na minha cabeça. Dizendo-me: "Eu estava aguardando-te, minha amada."
Não era nada de mais dizer isso, pois a tradição o obrigava a falar essa frase. Mostrava que ele aguardava ansioso pela minha chegada, não era as palavras do seu coração.
O casamento prosseguiu... não era permitido interação entre os noivos.
Mas sentia seu olhar sobre mim durante a cerimônia.
Ficamos de frente ao seu povo e eles dançavam e cantavam muito felizes...
Seus pais, o rei e a rainha, vieram nos abraçar. Dizendo que agora pertencia a família.
Depois do casamento fiquei aguardando nos meus aposentos ainda vestida com os meus trajes de noiva.
Teria que me comportar dessa vez, não poderia cometer outro erro.
Os homens eram muito severos nessa época com as mulheres que se comportavam m*l.
O meu esposo entrou no quarto, e continuei do mesmo jeito, sentada no meio da cama de cabeça baixa. Numa situação submissa.
Porém, ao contrário do que imaginei, você, o príncipe Began, fez algo naquela noite que marcou a minha vida.
Não me tomou, não me possuiu como deveria.
Ele ofereceu a mão, retirando-me da cama, aceitei e depois retirou do bolso uma pequena faca. Me assustei e me afastei o mais distante possível, achando que seria o meu fim.
Mas não foi o que aconteceu, você, ele... cortou a própria palma da mão e pingou no lençol branco.
Surpresa pela sua atitude o questionei:
"Porque faz tal coisa, senhor? Por que simplesmente não me tomas? Como todos do reino espera fazer."
Respondeu: "Não o farei até que me ames, princesa linda de olhos misteriosos. Se queria me matar então deve me odiar."
Enfaixou a ferida com um pano e saiu mostrando a mentira... A mancha do lençol, seu sangue.
Os dias foram passando e todas as noites eu esperava ser tomada, porém nunca mais o príncipe Began, você, meu esposo e senhor, entrou novamente no meu quarto.
Só nos encontravamos algumas vezes nos corredores do castelo ou nas refeições.
Embora não tivesse pertencendo de fato fisicamente ao meu príncipe, me sentia acolhida e amada na sua família, como jamais fui com o meu pai.
Todavia, restava a dúvida... Você me amava?
Dormia e acordava sozinha sem saber como era os seus beijos, abraços, o calor do seu corpo. E a medida que os meses se passaram ficava mais atraída pelo meu príncipe Began. A primeira vez que o vi me apaixonei, mas não o amei... Com o tempo descobrindo os seus gostos e ele os meus, seus sorrisos espontâneos... e quando pedia, ou seus pais pediam para que eu dançasse, via dentro dos seus olhos que me amava. Contudo... Por que nunca se declarava?
A vida em um reino prosseguia corriqueiramente...
Eu chorei perante aos céus, pois já havia sido castigada o suficiente pelo meu pecado. Só podia ser isso... não tinha outra explicação. O meu esposo, você, era um homem fiel, eu tinha averiguado isso. Não dormia com as servas ou tinha amantes. Então por que não me procurava para consumar o casamento?
Será que esperava eu tomar iniciativa?
Não teria coragem, o medo da rejeição era muito maior que o desejo que sentia de estar todas as noites na sua cama, no calor da sua pele.
O sofrimento que sentia ao saber do matrimônio, não se comparava a dor de ser rejeitada por ele.
Depois de tanto chorar o encontrei no salão do castelo.
Me apaixonei novamente... Vestido com uma túnica cravejada de diamantes, usava um belo turbante e cordões.
Seu olhar era penetrante e sensual.
A sua voz grossa reverberou no castelo: "Princesa amada minha, quero lhe sentir, não me priva mais de tê-la no calor dos meus braços, eu te amo, Kira. Sempre amei, desde o primeiro ataque... eu te amei e amo. Estou rendido desde a primeira visão da sua beleza, és a mais linda menina... A dona do meu coração."
Não podia me conter com a declaração de amor do meu amado, me derramei em lágrimas.
Disse-lhe: "Meu principe, eu achava que não me queria, e o senhor sofrendo o mesmo que eu. Duas almas separadas, afastadas e juntas ao mesmo tempo. Eu hoje posso lhe dizer em voz alta que te amo, te amo... amado meu."
Abri os braços e você correu para o meu calor, sentindo pela primeira a vez a sensação e o cheiro dos nossos corpos famintos.
Continua....