Um mês depois...
Gabi?
Já tá na hora de
você vir aqui em casa.
Já?
Já sim.
Quero ter um tempo
só com nós dois.
A gente sempre fica a sós.
No meu carro ou numa praça?
Pelo amor. Quero você dentro da minha casa, já que na sua tem sua mãe e seu pai...
Acho que isso
é apressar as coisas.
Que nada.
Vou te ligar agora.
Ele ligou pra mim no mesmo instante.
— Oi meu bem. — ele falou com sua voz de gente sem vergonha.
— Oi. — abri um grande sorriso.
— Então, vem cá no fim de semana. Pra gente ficar junto por um tempo...
— Só tem um mês Felipe.
— Pois é. Muito tempo. Não acha?
— Não. Não acho. — ri. — Comigo as coisas não são tão rápidas assim.
— Eu não tô apressando nada. Nem vai acontecer nada. Só vamos ficar juntos aqui.
Fechei meus olhos tentando me decidir.
— Não sei não viu. Mas oha, meus pais vão sair essa sexta. Você pode ficar um tempo comigo aqui. — sugeri. Eu não quero que ele pense que estou fugindo dele.
— Humm... Pode ser. Mas depois você tem que vir mesmo pra cá. Ouviu?
— Ouvi. — sorri.
— O que tá fazendo?
— Tava lendo umas coisas. É meu dia de folga.
— Aé? Nem me falou que era teu dia de folga...
— Acabei esquecendo. Se bem que não foi tão folgado. Eu tava analisando alguns casos do hospital. Preciso fazer uns relatórios pra conseguir ser contratada.
— Esses caras tão demorando pra assinar sua carteira né?..
— Tô no período de experiência. É normal.
Ficamos conversando por mais um tempo até que nos despedimos e eu desliguei.
Entrei nas mensagens de novo e tinha algumas mensagens do Dr. Ricardo. Ele é chefe de urgência no hospital onde trabalho.
Oi Dra. Gabriela!
Boa noite.
Não te vi hoje pelo hospital. Imagino que esteja de folga.
Sei que está em fase de experiência pra ser contratada.
Eu posso te ajudar com o que precisar.
Você sabe que tenho muita influência aqui e eu acredito que você é uma excelente profissional, merece trabalhar aqui.
Qualquer coisa é só meu procurar.
Caramba, posso chamar isso de sorte? Estou precisando e aceitando todo apoio possível.
***
No outro dia estava no hospital trabalhando. Cuidei de vários pacientes e alguns deles tiveram alta, o que me deixou bem contente.
Uma nova técnica de enfermagem entrou na minha equipe. O nome dela era Karine. Ela era bem animada, falante e toda eficiente. A gente se deu muito bem. Ela fazia o trabalho dela bem feito e sempre que eu estava atendendo meus pacientes eles ficavam elogiando ela.
Num dos nossos tempos livre ela me disse que morava no morro. Na zona leste. Disse que cresceu numa família humilde mas sempre pensou que poderia melhorar de vida.
Ela merece sucesso.
Ela voltou do intervalo antes de mim e quando eu ía sair da sala de descanso, o Dr. Ricardo apareceu.
Ele é um pouco mais velho que eu. Deve ter também mais anos de experiência na profissão. Eu só vejo elogios dos outros médicos a ele.
— Olá. — ele sorriu e me deu um beijo no rosto.
— Oi.
— Recebeu minha mensagem? Não tive resposta então...
— Sim, sim. Recebi. É que eu acabei esquecendo que responder. Desculpa.
— Então, eu ajudei muitas meninas a entrar aqui. Você pode confiar em mim pra o que tiver precisando.
Eu fiquei muito contente em saber disso.
Comentei com ele que estava com problemas em entender algumas observações que ele tinha feito nos relatórios dos meus pacientes e ele disse que me ajudaria.
Depois disso fui pra casa, porque ela sexta e meus pais iriam sair. Felipe com certeza iria aparecer.