Capitulo VI

1508 Words
Fico ao lado de Fernando ou resto da noite. Ele não solta minha mão em nenhum momento, e quando preciso ir ao banheiro, tenho que falar com ele discretamente. - Senhor Levinsk, preciso ir ao banheiro - digo no ouvido dele. - Eu vou com você - ele diz, esboçando um sorriso. - Não precisa ir comigo, senhor, fique aqui. Eu vou e volto rapidamente. - Tento persuadi-lo a tirar meu braço do meio do braço dele. - Está bem! Vá rápido então - falal, soltando meu braço. Saio rumo ao banheiro confusa, porque Fernando não está me deixando respirar. Mas, antes que entre, sou abordada por Vagner. - Até que enfim você conseguiu se distanciar de meu irmão obsessivo. O que está acontecendo entre vocês dois? Você está tendo um caso ou algo parecido, Melissa? - ele pergunta, pegando em meu braço. - Imagina Vagner! Sou apenas uma funcionária dele e o estou acompanhando no intuito de conhecer melhor os fornecedores da empresa e me inteirar dos assuntos que mantém com os outros empresários. Ele te vê como distração para meu trabalho, só isso - digo, tentando sair de perto dele. Não posso ficar tão próxima desse homem que me devora com o olhar, fazendo com que me sinta nua ao seu lado. Ele é sexy demais, mas cheira a s**o e demissão. - Se prefere ver assim, Melissa, tudo bem, mas me dê seu número, assim poderemos jantar num dia que não está trabalhando - fala, me puxando. Pego um cartão, entrego a ele e sigo, entrando no banheiro. Estou sem fôlego. De um lado, Fernando me sufoca, faça outro Vagner me pressiona. Sinto-me um joguete no meio dos dois, sem ao menos entendre o porquê disso. Retoco a maquiagem, recupero o fôlego e saio pela porta do banheiro, sendo surpreendida por Fernando. - Que demora Melissa! Que tanto conversava com meu irmão? - pergunta com a cara fechada. - Nada de importante - respondo, tentando não continuar a conversa. - Acho melhor irmos embora, isso já deu o que tinha que dar - diz, me pegando pela mão, parecendo muito irritado. Ele não se despede de ninguém, praticamente me arrasta pra fora, abre uma porta do carro e me faz entrar. O desespero dele termina assim que o motorista sai do estacionamento, mas não fala nada durante todo o caminho e fico sem saber o que fazer. Quando chegamos diante do prédio, ele sai do carro e me acompanha até meu apartamento. - Quer entrar, senhor? - Pergunto depois de abrir uma porta. - Vou servir uma bebida? - fala, entrando. Ele se senta no sofá, enquanto vou pegar as taças. Desta vez não vou pagar mico, pois já sei que ele não quer nada comigo. - Aqui está - digo, entregando-lhe a taça com vinho. - Obrigado, Mel - responde, tirando a gravata como se estivesse sufocando. - Está tudo bem, senhor Levinsk? - pergunto, me sentando ao seu lado e colocando minha mão na dele. - Sim - fala, virando-se em minha direção. - Você me confunde, Melissa. - Eu te confundo, senhor? Como assim? - pergunto sem entendre, levantando a sobrancelha. - Deixa pra lá - diz, levantando-se. - Desculpepa, Melissa, preciso ir. Até amanhã. - Entrega-me uma taça intacta e sai, fechando a porta atrás de si. Sou eu quem o confundo? Quem está confusa agora sou eu, sem sentido nada. O que será que quis dizer? Ele está me deixando louca! Por que não enfiou aquela língua na minha boca? Aff! No outro dia acordo atrasada, e de praxe bato o braço no box do banheiro enquanto tomo o famoso banho de gato; não dá tempo de lavar nada demais. Entro e saio do chuveiro em menos de cinco minutos. Visto-me e saio calçando os sapatos. Minha sorte é que tenho espelho de maquiagem no carro, pelo menos dá para passar o rímel e o batom. Ao menos agora moro perto do escritório. Já na empresa, ao sair do procuro com os olhos por todo o elevador, rezando para que ele não veja que estou atrasada. Entro na minha sala ofegante, trabalho sem parar e nem vejo o tempo passar. O horário de almoço passa batido, a fome não me interrompe. Aliás, nem a sinto. Quando olho no relógio, são cinco e quarenta da tarde. Meu Deus, como o dia voou! Ainda bem que Fernando não veio aqui. Faço um último telefonema e saio do prédio, entro no meu carro e vou para casa. Preciso de um banho longo para compensar o dia louco que tivo. Entro em meu apartamento com os sapatos na mão, tiro a roupa e largo tudo espalhado pelo quarto. Depois arrumo! Ponho a banheira para encher, pego uma taça cheia de vinho e vou tomar meu banho. Preciso relaxar. Fico ali por bastante tempo, o banheiro está calmo e o sono me vence, então acabo cochilando. Escorrego na banheira e acordo no susto, quase me afogando. É para acabar, hoje não falta acontecer mais nada! Saio da banheira, me enxugo, coloco o roupão e vou para sala assistir a um filme. Hoje posso dormir bem, já que amanhã não trabalho. De repente alguém toca a campainha e já imagino quem pode ser: Fernando! Mas o que ele quer? - Boa noite senhor - digo, abrindo a porta para que entre. - Já jantou? - pergunta, parado na porta. - Ainda não. Na verdade, nem almocei - respondo naturalmente, tentando não parecer sarcástica. - Como assim, não almoçou? Você está sem comer o dia inteiro? - ele diz, entrando e fechando a porta. - Vai se arrumar, que aguardo aqui - fala todo autoritário. Nem em minha própria casa eu tenho o direito de tomar minhas decisões próprias sem que o mandão as tome por mim. Eu mereço! Oh, dia! - Está bem, já volto, sente-se - digo bufando, e já saindo da sala. Vou para o quarto correndo, sem saber ao certo o que vestir. Abro o closet e opto por uma calça jeans, uma blusinha rosa e um scarpin preto. E antes que ele coma a espumar, me visto o mais rápido que posso e logo saímos. No restaurante ele faz questão de pedir o que vamos comer, sem ao menos me deixar olhar o cardápio. O garçom traz o vinho, e após o primeiro gole, Fernando começa o interrogatório sobre minha vida particular. - Melissa, você não tem namorado? - pergunta seriamente, enquanto leva a taça de vinho até a boca. - Não! E, na verdade, nem me lembro mais como é namorar alguém. Faz muito tempo - respondo, sorrindo naturalmente. - E o senhor, por que não tem ninguém? Não o vejo falar de compromissos. - Eu namorei uma pessoa por anos, mas não deu certo - fala secamente. - Faz tempo que terminaram? - pergunto, passando o dedo na taça, tentando construir a a******a que está me dando. - Ah, faz! Se não me engano, há mais de três anos que não tenho algo sério com alguém. - Para e respira, e eu, que penso que ele vai parar aí, quase caio da cadeira com tamanha revelação. - O amor machuca e o meu sufoca. Sou muito possessivo, o que é meu não pode ser de mais ninguém. Ela queria uma vida paralela, com amigos, mas não deixou que isso acontecesse. Sem esquecer que me traiu. - Ele diz isso como uma confissão. Quase deixo meu queixo cair, mas seguro a tempo, sem que perceba a minha surpresa. Eu sei que ele é possessivo e mandão, mas nunca esperei ouvir uma confissão dessas. Não é sempre que ouvimos um homem dizer que foi traído. - Entendo - digo, tentando ser solidária. - Sei bem o que é isso, meu ex-namorado também era assim. Não aguentei e o larguei - respondo, tentando não olhar em seus olhos, deixando-o entender que também já fui traída. - Vamos comer, preciso voltar logo pra casa - fala, fechando a cara. Droga! O que falei pra deixar-lo irritado? Daí em diante nada mais foi dito. Acabamos de comer, ele paga a conta e vamos embora. Quando chegamos em frente ao prédio, ele sai do carro, dá a volta, abre uma porta do meu lado e me puxa, fazendo com que eu fique em pé de frente a ele. Fernando olha-me nos olhos com tanta intensidade que chego a vacilar com os pés, pega em meu queixo com o semblante muito sério e um algo mais que não consigo identificar brilhando em seus olhos, e diz: - Não sou pra você! Não me aguentaria em sua vida, sou doente de ciúmes. - E me beija suavemente, me fazendo sair do chão. Nunca recebi um beijo tão apaixonado e intenso, mas, antes que as borboletas enlouqueçam em minha barriga, ele se distancia e continua: - Desculpe! Isso não voltará a acontecer. Fernando vira-se, entra no carro e vai embora, novamente me deixando com cara de i****a! Entro no elevador sonhando acordada e confusa com o que disse e fez. Esse homem me faz repensar o verdadeiro sentido da palavra complicado.
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