08. Leticia

1122 Words
Leticia Narrando Saímos do pagode ainda com o som do pandeiro ecoando na cabeça e o cheiro de cerveja misturado com perfume barato grudado na pele. Eu tava no ritmo, mas Guga insistiu: — Bora comer, Letícia. Tô com fome de pedreiro, p***a! Não precisei de muito pra topar. A fome já tava batendo mesmo, e a ideia de sentar num trailer e mandar ver num hambúrguer gigante era perfeita. Ele subiu na moto, bateu com a mão no banco de trás, e eu subi sem pensar duas vezes. — Segura firme, hein? — avisou com aquele sorriso que só ele tem, metade sacana, metade moleque. O vento da ladeira batia no rosto enquanto a gente descia em direção ao trailer do Morcego, famoso por servir o melhor hambúrguer do Vidigal. Quando chegamos, o lugar tava daquele jeito: cheio, com funk tocando alto e o cheiro de carne grelhando invadindo o ar. — Dois X-Tudo com batata turbinada e aquela maionese temperada, chefia! — Guga pediu enquanto puxava a carteira do bolso. — Tá se achando, hein? Tá pagando hoje? — brinquei, encostando no balcão. — Hoje é dia de patrão. Amanhã, quem sabe, você paga, né? Sentei na mesa improvisada com ele, os dois famintos e rindo à toa. Quando os hambúrgueres chegaram, eram tão grandes que m*l cabiam na mão. Dei a primeira mordida e logo senti a maionese escorrer pelo canto da boca. — Tá bonita, hein, Letícia? — Guga zombou, apontando pra minha cara. — Cala a boca, ô palhaço! Come aí antes que eu pegue o teu também! Ele gargalhou alto, com aquele jeito despreocupado que me deixava confusa às vezes. A gente comia como se não houvesse amanhã, a batata cheia de cheddar e bacon somando na bagunça. — p***a, essa maionese aqui é pecado, hein! — comentei, lambendo o dedo pra não desperdiçar. — Pecado é tu me deixar falando sozinho no pagode. Tu só quer saber de zoar com os outros. — E tu quer o quê? Que eu fique parada do teu lado, tipo estátua? Vai sonhando, Guga. Ele riu, mas eu sabia que tinha uma pontinha de verdade no que ele dizia. Guga nunca foi de cobrar nada, mas às vezes eu sentia um peso nas palavras dele. Como se quisesse mais e, ao mesmo tempo, tivesse medo de pedir. Quando acabamos, ele empurrou o prato vazio pra frente, e virou a coca cola inteira, bem satisfeito. — Bora meu amor? — Vamos sim. Tu vai me deixar em casa? — Não. Hoje tu dorme lá em casa. Pode dormir comigo? Revirei os olhos, fingindo que não tava interessada, mas no fundo sabia que ia acabar indo. Sempre ia. A casa do Guga era uma daquelas de laje no alto do morro, com vista pras luzes da cidade. Entramos, e ele jogou a chave da moto no sofá, e colocou a arma na mesa, chutando os tênis pra um canto qualquer. — Fica à vontade, gata. Quer uma cerveja? — Quero, mas só se tiver gelada. — Gelada igual a você? — ele perguntou rindo — Ah, vai se f***r Gustavo — eu falei rindo junto Ele abriu a geladeira, pegou duas latas e me jogou uma. Sentei no sofá e liguei a TV no automático, mais pra fazer barulho do que pra assistir. Guga sentou do meu lado, esticando as pernas e me puxando pra perto. — E aí, vai rolar aquele filme ou tu já quer pular pra parte boa? — perguntou com um sorriso safado. — Depende. Tu vai roncar igual um trator hoje? — retruquei, provocando. — Só se tu não calar a boca. A gente se encarou por um segundo, e ele me puxou. O beijo veio com força, como se tivesse esperando o dia inteiro por aquilo. A cerveja ficou de lado, e o resto foi só calor e pele. Ele arrancou minha roupa rápido, em segundos ele ja tava entrando dentro de mim. A sensação que ele me dava era muito boa, t*****r com ele era muito gostoso. Era como se ele conhecesse cada parte do meu corpo, eu amava t*****r com ele. Ele me comia bem comido, e eu não sabia explicar. Depois que tudo acabou, eu tava largada no colchão, o cabelo bagunçado e o coração ainda acelerado. Ele acendeu um cigarro e ficou em silêncio, encarando o teto. Era sempre assim. A gente curtia o momento, mas nunca falava do que sentia de verdade. — Guga... — chamei, quebrando o silêncio. — hmmmm? — Ele alisou minha b***a com a outra mão — Por que tu nunca tenta algo sério com ninguém? Ele virou a cabeça pra me olhar, o cigarro entre os dedos. — E tu? Por que tá perguntando isso agora? — Sei lá. Curiosidade. Ele riu, soprando a fumaça pro lado. — Porque essa vida que eu vivo, eu nunca sei se amanhã vou estar vivo, então eu aproveito os meus dias como se fossem o ultimo dia.. — E se eu te dissesse que tu é um bundão? — provoquei, meio rindo. — Eu diria que tu tá certa. O silêncio voltou, mas dessa vez parecia mais pesado. Tinha coisa ali que nenhum dos dois queria dizer, como se o medo de falar fosse maior do que o sentimento em si. — Dorme, minha morena. Amanhã é outro dia Me virei de costas, fechando os olhos e tentando não pensar muito. Guga era assim: um cara que me fazia rir, que me fazia sentir viva, mas que eu sabia que nunca ia se abrir por completo. E talvez fosse melhor assim. Afinal, a gente se encontrava, curtia, e depois seguia cada um pro seu lado. Sem promessas, sem expectativas. Mas, no fundo, a dúvida ficava: até quando a gente ia conseguir segurar esse jogo sem quebrar as regras? Com o barulho da noite do Vidigal lá fora, eu me deixei levar pelo sono, tentando não pensar demais no que poderia ter sido. Eu senti ele me puxar pro peitoral dele. Eu deitei e ajeitei a coberta em cima da gente, abraçei ele e fiquei alisando a lateral do corpo dele. Eu olhei ele tirando foto nossa, e eu sorri — Ei, pra que isso? — Pra guardar de lembrança.. — Por que lembrança? — eu perguntei curiosa — Por que estamos aqui hoje, mas depois tu passa quatro, cinco dias me ignorando.. — É por que eu te vejo pelos cantos com outras — Leticia, tu nunca me viu pegando outra mulher, para de k.ôzada po — ele alisou minhas costas apertando minha bunda — Pois é.. Eu respirei fundo, e alisei o peitoral dele. E ficamos ali, o resto da noite trocando carinhos ate pegar no sono..
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