Capítulo 3 - Ciúmes

1028 Words
O dia amanheceu com Antony sentado em uma cadeira observando sua esposa dormir. Eles nunca passaram uma noite sequer assim, sem se falar. Anne foi super discreta e agiu bem durante todo o jantar. Mas também não lhe dirigiu uma única palavra sequer. Agora, na privacidade do quarto, Antony queria ter dito tudo que precisava. Porém, mais uma vez, Anne não disse nada. Isso era muito estranho. Na cabeça de Antony, mil ideias iam e vinham. Infelizmente, ideias que não deveriam estar ali e que só causariam sofrimento. Quando Anne acordou, ela levou um susto. Seu marido estava de roupão sentado à mesa do quarto. Uma garrafa de uísque ao seu lado, estava quase vazia. Antony nunca foi dado à bebedeira. Apenas quando estava nervoso e não conseguia exatamente o que queria. Mas os pensamentos que fizeram morada em sua cabeça essa noite, não eram bons. Cenas de Anne e Alfonso juntos. A paranóia de Antony piorou quando ele começou a beber o uísque. Na verdade, ele iria apenas esperar que Anne acordasse, porém, conforme ela demorava para acordar, ele passou a imaginar que ela e Alfonso tivessem um caso. Isso fez com que Antony fosse até o barzinho do quarto e servisse um copo de uísque. Mas a bebida é a pior das conselheiras, quando ele começou a beber, passou a ver cenas dos dois. Anne sem roupa, encostada na parede do quarto, enquanto Alfonso a pegava por trás. Os gemidos e o suor dos dois se misturando. Depois, ele a viu na cama que é dele e dela, ela gemia e gritava embaixo do lençol. Até que Alfonso saiu do meio de suas pernas e a penetrou devagar e fundo. Anne delirava cada vez que ele a penetrava assim. Na verdade, por onde Antony olhava naquele quarto, ele via cenas de Anne Livy com Alfonso. E, conforme o álcool fazia efeito em seu organismo, mais cenas como essas apareciam em sua mente. Olhar Anne enquanto ela dormia profundamente sem ao menos notar que ele ainda estava ali, soava como desprezo para Antony. Ao ver ela acordar, era como se cada um dos seus pesadelos estivesse se realizando. Cada fibra do corpo de Antony queria esganar Anne ainda na cama. Mas alguma coisa o impediu de fazer isso. Talvez os filhos que estavam ali, no quarto ao lado. Talvez o fato de ela ter lhe dado esses filhos. Talvez o olhar de preocupação de Anne ao ver ele naquele estado. Ele não entendia mais nada. Estava com raiva gritante daquela mulher. Mas já não queria machucar mais. Ele chegou a uma única conclusão. Apesar de suspeitar que Anne o traía, ele a amava o suficiente para esperar e descobrir a verdade. E, se ela foi uma única vez para a cama com Alfonso, ele a faria lembrar de como é ir para a cama com ele. Enquanto esses pensamentos ferviam na cabeça de Antony, Anne permaneceu imóvel na cama, olhando para ele. O que estava acontecendo com o seu marido. Ela tinha tantas saudades dele. Quando o viu chegando, imaginou que iria tomar um banho, enquanto ele colocaria as crianças para dormir. Depois, ela colocaria a lingerie preferida de Antony e o esperaria ali, no sofá. Eles começariam ali e depois viriam para a cama. Mas nada disso se realizou. Tudo ficou na fantasia e nas frustrações. Vendo que seu marido nada dizia, ela resolveu quebrar o silêncio. _ A quanto tempo está aí? _ Isso te importa? - Ele foi seco e ríspido. Anne percebeu que a bebida estava o afetando, então não quis responder. Se levantou e foi até o banheiro. Quando saiu, passou pelo closet e se vestiu. Depois, voltou para o quarto. Ela precisava saber se Antony falou com Lucian. _ Você viu o Lucian? _ Sim. _ Ele te disse algo? O porquê de ter feito o que fez, por exemplo? Antony apenas a olhou. _ Antony eu preciso saber o que realmente está acontecendo. Tentei falar com ele antes de o afastar, mas ele não quis me dizer nada. Nem tentou negar as acusações que pesavam sobre ele. Antony já sabia disso. Durante sua conversa com Lucian, ele revelou que não havia falado com ninguém e que diria tudo apenas ao chefe. Apesar de Anne estar tentando entrar nos negócios para quebrar o gelo, Antony ainda a olhava como se fosse voar no pescoço da mulher a qualquer momento. Quando se está nervoso, a bebida se torna a pior das conselheiras. Para não fazer isso, Antony se levantou e foi até o banheiro. Anne ficou falando sozinha no quarto. Na verdade, ele já nem estava ouvindo o que a sua esposa dizia mais. Apenas ouvia o som dos gemidos de Anne e de Alfonso. Antony ligou o chuveiro e tirou seu roupão. Entrou embaixo da água e deixou que ela lavasse o cheiro de álcool do seu corpo. Ele não sabe ao certo quanto tempo ficou embaixo do chuveiro. Mas foi o suficiente para os efeitos do álcool diminuírem bastante. Agora, lhe restava uma boa dor de cabeça e uma ressaca daquelas. Pelo menos isso o distraiu dos pensamentos de mais cedo. Ele já não ouvia mais os gemidos e gritos de prazer de sua mulher nos braços de outro homem. Ele já não os via juntos mais. Antony só sentia sua cabeça estralar de dor. E a boca amarga. Ao sair, uma bandeja com café forte, um copo de água e um comprimido estavam em cima da mesinha onde Antony havia se sentado durante toda a noite. Um bilhete estava embaixo da xícara. "Fui tomar café com as crianças. Não quero discutir com você. Se não quer falar comigo, tudo bem. Resolva seus negócios sozinho, voltarei para casa com os nossos filhos". Era melhor mesmo que ela fosse embora. Assim ele poderia resolver com tranquilidade, tudo o que precisa. Além do fato de que Anne ficaria bem longe de Alfonso. Antony tomou o remédio e bebeu o café. Estava bem forte e sem açúcar. Mas ele não se importou com o gosto amargo da bebida. Depois de tudo que ele havia imaginado, o café nem lhe amargou tanto a boca.
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