Capítulo 2 - Amigos e inimigos

1122 Words
Os problemas da família Ferraz estavam apenas começando. Parece que a paz e a felicidade sem fim que experimentaram após o nascimento dos gêmeos, haviam dado lugar a muitos problemas. Lucian era um homem de grande confiança. Era estranho que ele os tivesse traído assim. Enquanto desciam até o local em que Lucian estaria preso, Antony mandou uma mensagem para seu pai. Era necessário que ele ficasse a par de tudo que acontecia ali. Como se não bastasse aquele outro homem que os traiu, agora Lucian. E Anne ainda aparece grudada com esse tal Alfonso. Parece que os problemas estão só começando. Tudo isso sem contar Agripa. Ele era um chefe violento. Diferente do comando da família Ferraz que usava da confiança dos membros do alto conselho e do tratamento de família, Agripa usava de violência, terror e morte para manter o seu poder. Ele nunca o compartilhava, como os Ferraz com o alto conselho. Em sua própria máfia, ele era o rei, o juiz, o executor, o contador e todos os altos cargos. Essa era a máfia Espanhola. Por tempos eles viveram em paz compartilhando a Europa. Mas parece que a trégua acabou. Antony teria muito trabalho por ali. Ele só não sabia o quanto ele poderia contar com esse homem de confiança da sua mulher. Chegaram no porão do prédio. Lucian estava na última cela, de onde ele não conseguiria fugir, nem mesmo com ajuda. Alfonso tinha a única chave que abria aquela cela. Ele girou na fechadura e a porta se abriu. Sentado na beira de uma cama velha, estava Lucian. Altivo e com o mesmo ar superior de sempre. _ Então quer dizer que estava nos traindo? Que traía covardemente a sua família? - Antony foi quem falou primeiro. Lucian apenas sorriu. Um sorriso meio soluçando, com uma boa pitada de deboche. Depois, ele resolveu falar. _ Adianta se eu disser que não traí ninguém! _ Está negando as provas? _ Que provas? Te mostraram algo? Ou apenas te disseram que eu tenho negócios com o seu rival? _ Sabe muito bem que temos provas do seus contatos e das muitas vezes em que fez negócios com Agripa! - Dessa vez foi Alfonso quem falou. _ Hum. - Lucian apenas murmurou. _ Não vai negar? - Antony ficou intrigado com a reação de Lucian. Ele conhecia esse homem muito bem. Por ter sido de confiança de seu pai, Antony cresceu aprendendo muito com Lucian. Saber dessa traição o deixou ainda mais infeliz por isso. Mas aquela reação fria, de quem não tem nada a temer ou de quem nada deve. Antony sabia muito bem, nos inúmeros interrogatórios que já comandou que, qualquer um que estivesse em sua presença, o temia apenas por ele ser quem é. Agora que o comando está em suas mãos, a maioria dos inimigos recuaram apenas por ser ele chefe. Lucian o olhou. Ele também conhecia o menino Antony. Ele sabia com quem estava lidando. Muitas coisas sobre diplomacia e sobre a frieza dos interrogatórios, foi ele próprio quem ensinou a Antony. _ Quer que eu diga algo, então está bem. Direi a você e apenas a você. _ Saíam todos desse quarto! - Antony ordenou. _ Mas senhor, pode ser perigoso! - Alfonso tentou protestar. _ Eu conheço Lucian a muito mais tempo que pensa. Se ele quisesse tentar algo contra mim, já teria feito. Agora saíam. Meio que a contragosto, Alfonso deixou o local e fechou a porta atrás de si. Os seguranças de Antony já aguardavam do lado de fora. Apesar da curiosidade para ouvir o que Lucian dizia, Alfonso precisou se conter. Os seguranças que Antony levava consigo eram seus melhores homens da sua época mais louca durante o comando do seu pai. Tentar algo seria somente se Alfonso quisesse morrer ali sem nem ao menos ver o que o atingiu. A conversa durou apenas alguns minutos. Antony bateu na porta que foi imediatamente aberta. Alfonso não lhe disse uma só palavra, apesar da curiosidade. Antony também não disse nada. Apenas saiu pelo corredor que o levou até lá. Alfonso não demorou a seguir seu chefe. Quando estavam perto do saguão da entrada, Antony resolveu dar suas ordens. _ Mantenha Lucian bem alimentado e hidratado. E deixe uma mesa reservada no restaurante para mim e minha família. Pretendo jantar com eles. _ Mas senhor, quanto a Lucian... Antony parou bruscamente de andar e olhou friamente para Alfonso. Aqueles olhos azuis ficaram tão escuros e frios que Alfonso não se atreveu a terminar sua frase. Apenas abaixou sua cabeça e seguiu rapidamente pelo caminho que precisava. Ele trabalhava a um bom tempo na rede para saber que as ordens do chefe jamais devem ser discutidas ou explicadas. Enquanto isso, Antony foi direto para o elevador principal. Subiu até a suíte principal, que era privativa para ele e sua família. Ele entrou de maneira abrupta e seca. m*l olhou para Anne que o estava aguardando sentada no sofá da sala principal. Seguiu para o quarto dos seus filhos para abraçar os dois. Anne não entendeu nada sobre a reação do marido, mas continuou ali esperando que ele voltasse. O que demorou apenas alguns instantes. _ Vá se arrumar. - Ele ordenou. - Vamos jantar juntos no restaurante daqui. _ Depois de tanto tempo, é assim que fala comigo? O que está acontecendo? _ Depois falamos. Agora não. As crianças estão aqui e não precisam ouvir nada. _ Quer dizer que elas não precisam ouvir a discussão! _ Anne por favor, pare! _ Fique tranquilo senhor Antony, irei me comportar diante de todos. Porém, quem não quer nenhuma discussão agora sou eu. Ela saiu e foi se arrumar. Desceram logo, pois as crianças estavam famintas. Anne ficou o tempo todo séria, porém sem demonstrar nada de errado. Ela interpretou tão bem seu papel de esposa do chefe da máfia que qualquer um do ramo de novelas a contrataria imediatamente. Ao voltarem, Antony levou os meninos aos seus quartos verdadeiros, ao lado da suíte principal, e os colocou para dormir. Quando entrou, foi direto ao seu quarto para falar com Anne, mas não a viu. Ele a chamou algumas vezes até que ouviu o barulho do chuveiro. Antony estava com muita saudade da mulher. Até pensou em entrar embaixo do chuveiro com ela, mas ele queria uma satisfação do porque ela não lhe contou nada a respeito de sua decisão de afastar Lucian e colocar Alfonso. Anne saiu do chuveiro e Antony estava sentado no banquinho do closet à sua espera. Ela passou por ele sem nem olhar. _ Anne, precisamos conversar agora! Ela não respondeu. Continuou a se vestir e, assim que terminou, foi se deitar. Não dirigiu uma única palavra ao marido.
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