Oito

1283 Words
Eva Morar em uma cidade pequena é bom e r**m ao mesmo tempo. Às vezes temos a segurança que não encontramos na capital, todo mundo se conhece e dá uma sensação de sermos de uma grande família, mas, ao mesmo tempo, temos nossas vidas expostas para todos os moradores. Então quando acontece de você ir para uma festa em um clube com os amigos da escola e transa com um dos filhos do prefeito da cidade dentro da piscina e está tão bêbada a ponto de permitir que te gravem em um momento íntimo, você vira a notícia principal na cidade. Sei que a minha decisão foi impensada e que eu mesma me coloquei nessa situação quando optei por consumir álcool em meio a tanta gente estranha, mas a crueldade das pessoas comigo naquele lugar foi surreal. Tinha duas pessoas no vídeo que vazou nos grupos do w******p e só uma foi julgada, exposta e sofreu linchamento virtual. Eu, no caso. Nascer com uma v****a não é um privilégio como falam. Tentei ignorar o máximo que pude, porém chegou um dia que eu tentei me m***r no banheiro da minha casa de tanto que eu não suportava mais ser motivos de piadas infames e se não fosse pela minha mãe ter percebido o quanto eu estava demorando, provavelmente estaria morta. A solução dos meus pais para o problema foi me mandar estudar na capital e morar com a minha irmã mais velha, que me recebeu e me acolheu da melhor forma possível. E como eu retribui o carinho? Colocando fogo no apartamento dela. Não sobrou nada nosso. Tudo acabou em cinzas. Nesse exato momento o dono do prédio está gritando igual a um louco comigo e eu vejo sua boca se mexendo, mas não consigo entender nada, porque meu cérebro parou de funcionar. Acho que estou em estado de choque ou com bastante medo da reação da Pérola. Não acredito que fui tão i****a. Todos os moradores foram obrigados a sair dos seus apartamentos já que existia o risco do fogo ter afetado a estrutura da construção e poderia desabar a qualquer momento, segundo os bombeiros. Espraguejei mentalmente a Pérola por ter esquecido o celular e eu ser obrigada a ligar para o Tomás para pedir ajuda. Nada contra, só que eu m*l o conheço e me sinto constrangida de falar com um cara como ele. — Pérola? - sinto alguém tocando meu braço. Estava distraída demais e demorei alguns segundos para focar no homem que apareceu ao meu lado. Moreno, branco, tatuado, magro e carinha de riquinho... Minha irmã tem fetiche em milionário, eu acho. E quem pode culpá-la? — Não sou a Pérola, sou a irmã dela. — Ah desculpa, é que de longe você parece ela. — E você quem é? — Erick, seu ex cunhado. — E irmão do Tomás, né? — Isso. - ele desvia seu olhar do meu rosto e dando uma olhada rápida ao redor. — Que p***a que aconteceu aqui? — Essa menina colocou fogo no lugar! - o dono imóvel responde por mim e vira as costas para falar com os outros inquilinos. Acho que ele ficou exausto de me insultar e eu não reagir. — Chocado que você consegue fazer burradas tanto quanto eu. - sua risada invade meus ouvidos e automaticamente sorrio. — Minha irmã vai me m***r. - suspiro fundo, me sentindo m*l. — Calma, vai dar tudo certo. - sua mão toca meu ombro e dá uma apertada de leve. Vi um carro descer a rua e parar na frente da casa da vizinha, mas como não era o mesmo veículo que o Tomás foi me buscar naquele dia na rodoviária, ignorei. — Eu vou te meter a p*****a, Eva! - sem que eu esperasse, minha irmã sai do automóvel recém estacionado e vem na minha direção. — Ou talvez eu tenha um funeral para ir esse final de semana. - Erick implica. — Me desculpa, por favor. - começo a chorar e a Pérola me abraça apertado. — Pelo menos você está bem. - ela sussurra no meu ouvido. Ficamos abraçadas durante alguns minutos, eu com o queixo no seu ombro e ela com o seu rosto na curvatura do meu pescoço. Apesar do susto e da raiva, tínhamos noção que o mais importante eram nossas vidas. — Vamos ali. - Erick chama o irmão e os dois se afastam da gente para falar com o locatário e os bombeiros. [...] — Só após o final de semana vão poder verificar se os moradores podem ou não voltar a morarem aí. - Tomás explica depois de conversar com os bombeiros. — Eu ofereci quartos de hotéis e alimentação gratuitos para os moradores até tudo ser resolvido. — Isso vai sair muito caro. - comento. — Nossa família é dona de uma cadeia de hotéis. - Erick explica como se não fosse nada demais. — A nossa família só coleciona barracos aos domingos. - brinco e eles gargalham. — Vocês vão preferir ficar na minha casa ou ir para o hotel? - o amigo da minha irmã pergunta olhando para ela. — O que você achar melhor. - a i****a se faz de difícil. — Todo mundo sabe que vocês querem t*****r, tá tudo bem ser embaixo do mesmo teto que o seu ex namorado dorme. - Erick zomba. — Você é tão engraçado. - Pérola força uma risada. — E gostoso. - ele completa. É verdade, penso. [...] Ao entrar na mansão da família Medeiros, eu fiquei encantada com o tamanho, luxo e detalhes daquele lugar. Tenho que trabalhar muito para chegar nesse nível ou conseguir um velho milionário prestes a morrer. A segunda opção parece mais atrativa. — Vem comigo, Eva. - Erick pede. — Vou te mostrar o quarto que você vai ficar enquanto meu irmão mostra o p*u minúsculo dele para a sua irmã. - sua voz soa sarcástica, me fazendo sorrir. Subi as escadas para deixar o casal sozinho e eu estava cada vez mais deslumbrada com cada cantinho dessa casa. — Deve ser legal crescer em uma mansão. - puxo assunto com o Erick no corredor. — Não tinha tudo isso quando meu pai era vivo, porém sempre foi bacana ter tudo que queríamos e ainda assim não faltar carinho, amor... Éramos muito felizes. - ele abre a porta do quarto e faz um gesto para eu entrar. — Não sei o que é perder um pai, mas tenho certeza que ele ia querer ver toda família alegre. - dou um sorriso largo e entro no cômodo. Franzo a testa ao notar que não era um quarto de hóspedes. — Esse é o meu quarto. - suas mãos tocam na minha cintura atrás de mim e eu arregalo os olhos. — Notei o teu interesse em mim e quero deixar bem claro que também tenho. Me afasto subitamente e giro meu corpo, o olhando indignada. — Você não vale nada! — Não é nenhuma novidade. - Erick diz simples. Eu ia mandar ele tomar no cu, mas comecei a ouvir miados e ao olhar para o pequeno terraço do lado de fora do cômodo, vi uma gata preta com quatro filhotes da mesma cor e quase morri de amores. — Ai meu Deus! É sua? - caminho na direção dos felinos. — Na verdade, é da rua. Trouxe quando tava bêbado e não tive coragem de devolver. Acho que a dona Stella ainda nem viu. — Você parece uma pessoa mais legal bêbada do que sóbria, meu querido. - me ajoelho na frente dos bebês e acaricio a mãe. — Talvez alguém queira adotá-los. — Quando eles estiverem maiores, eu resolvo isso. - o garoto se aproxima de mim, ficando na mesma posição que eu e me olha sério. — Não quis forçar a barra com você, Eva. Só tenho dificuldades de me relacionar, me comunicar, essas coisas, sabe? Mas tô trabalhando nisso. — Uma dica: não leve uma menina de dezesseis anos para o seu quarto e dê em cima dela, porque existe uma grande probabilidade dela se sentir assediada. - esclareço de maneira ríspida. — Anotado, baby.
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