Tomás
Eu passei semanas tentando terminar com a Jade e ela não quis de jeito nenhum, começava a fingir crises de ansiedade e ameaçar que ia se m***r. Acreditei na atuação e fiquei com medo de pressionar para dar um fim no nosso relacionamento e a garota fazer m***a contra ela mesma, então deixei levar essa d***a mais algum tempo.
Para ser sincero, nem era a primeira vez que tentei acabar esse namoro fajuto e sempre era a mesma ladainha de tentar me manipular para ficar por perto. E o o****o aqui aceitava, porque gostava de ter alguém ali disponível para cuidar de mim.
Deveria ter terminado logo essa m***a e não caído no papinho daquela p*****a. Agora a Luma tá com um vídeo super comprometedor que pode manchar o nome da minha família e atrapalhar os nossos negócios.
A Pérola não poderia ter feito isso comigo. Nós somos amigos, temos uma parceria maneira e ela jogou tudo pelo ralo.
Estava dirigindo na força do ódio quando meu celular começou a tocar e ao olhar para a tela vi que era de um número desconhecido. Não atendi, porque tava sem paciência, mas logo em seguida uma mensagem chegou e eu peguei o aparelho para ler o que a pessoa queria.
Número desconhecido: Oi Tomás! É a Pérola. Você pode vir me buscar no motel? As garotas me deixaram sozinha aqui e não tenho como voltar para a casa.
Cara de p*u do c*****o!
Entrei na próxima rua pra fazer o retorno com a intenção de voltar pro motel e não demorou nem dez minutos para eu chegar no local e vi a Pérola chorando embaixo de uma árvore.
Parei o carro na frente da morena e a observei enxugar suas lágrimas antes de caminhar na minha direção.
— Obrigada por ter vindo. - ela agradece após abrir a porta e entra.
— Coloca o cinto de segurança. - peço quando a Pérola senta-se ao meu lado no banco do carona e ela obedece sem pestanejar.
— Me desculpa, Tomás. Eu fui muito burra.
— Sim, você foi. - falo simples e dou partida novamente no carro.
— Aquele vídeo pode prejudicar sua família. - sua constatação óbvia me faz revirar os olhos.
— Verdade. Como você se sente sendo responsável por essa desgraça? - pergunto com o tom de voz irônico.
— Não foi a minha intenção, eu juro! - suas mãos gesticulam desajeitadamente no ar.
— O que a Jade te falou para te convencer? - indago no momento que paro em um semáforo. — Foi dinheiro que ela te ofereceu?
— Não! - Pérola quase grita. — Ela me manipulou para eu acreditar que você estava sendo abusivo e não a deixava dar um fim no namoro dos dois.
— Quê? Eu tentei terminar com essa maluca várias vezes.
— Me perdoa por ter sido tão estúpida.
Respirei fundo tentando controlar a minha frustação.
— A raiva vai passar, mas eu nunca mais vou conseguir te ver como antes. - o sinal abre novamente e eu volto a dirigir. — Nossa amizade acabou, Pérola.
— Não fala isso, por favor.
— Como continuar uma amizade depois de ser traído dessa forma? - questiono retoricamente.
— Da mesma maneira que você continuou namorando uma mulher que não amava. - ela rebate.
Dou uma risada sem humor e resolvo ficar em silêncio.
[...]
Chegamos na faculdade e vi ao longe as três vadias comemorando o êxito do plano delas, mas ao sairmos do carro, Jade lançou um olhar incrédulo para a gente e eu coloquei meu braço ao redor dos ombros da Pérola de propósito.
Tava puto, mas não ia deixar essas surtadas ficarem tirando onda com ela.
— Obrigada. - a minha amiga sussurra e eu assinto.
— Ainda continuo chateado.
— E se eu te pagar um b*****e? - ela pergunta rindo, tentando quebrar o clima r**m.
— Sabe fazer garganta profunda? Se não souber, nem se ajoelha. - respondo em tom de brincadeira, a puxando para mais perto de mim.
Caminhamos na direção da lanchonete do nosso Campus e a garota parecia tensa demais.
— Acho que não te mereço. - Pérola fala com o ar de derrota e eu a solto.
— Vamos comer e depois conversamos. - dei um passo a caminho do caixa, mas fui impedido por um mão no peito.
Erick, o meu irmão, apareceu repentinamente na minha frente e pelo seu comportamento agitado ficou claro que estava sob efeito de drogas.
Um mês depois que o nosso pai morreu, começamos a nos drogar e era como um refúgio para esquecermos o nosso trauma. O problema mesmo começou quando o Erick foi mais longe do que só fumar maconha e passou a usar cocaína e agora está consumindo h*****a como eu consumo b****a. Já foi internado diversas vezes em clínicas de reabilitação, melhora alguns meses e volta novamente pro vício.
— O que aconteceu com você? - Pérola se aproxima dele e segura o seu rosto com as duas mãos. — p***a, a gente combinou que se eu não te denunciasse, você não iria mais usar essas coisas.
O gesto da minha melhor amiga me deixou enciumado e eu não pude falar nada, porque não somos namorados.
— Eu fiz m***a! m***a das grandes.
— O que você fez, Erick? - o puxo pelo antebraço, fazendo o mesmo me encarar. — Fala logo!
— Acho que matei a minha namorada. - uma expressão de culpa encheu o seu rosto e a sua ex namorada levou as duas mãos ao rosto em sinal de desespero.
Um ótimo dia para a família Medeiros. Um filho sendo flagrado traindo e outro sendo preso por assassinato. Se o meu pai estivesse vivo, estaria envergonhado dos homens que nos tornamos com toda certeza.
Fiquei em choque durante meio minuto e depois peguei meu celular para ligar para o advogado da família.
— Como foi isso? - Pérola pergunta com uma feição perplexa.
— Ela tava grávida e queria abortar, então comprei o remédio, agora ela apagou no banheiro. - ele explica e eu desligo a ligação antes do advogado atender, porque queria saber o que tinha acontecido antes de falar com alguém.
— Me leva para o lugar onde ela tá. - ordeno e meu irmão sai andando com pressa.
Fui atrás dele e quando chegamos no lugar, encontramos a mulher caída no chão sendo ajudada por uma das auxiliares de limpeza.