Tenho plena consciência de que ficarei com marcas no corpo pelo modo em que me encontro deitada sobre o colchão fino. As molas que rangem ao me mover perfuram a camada de algodão, cutucando as minhas costelas de forma dolorosa. A dor que sinto por fora não é nada comparada à dor que sinto por dentro. As lembranças ainda estão se unindo, colando cada uma das ranhuras no espelho da minha mente, causando uma agonia maior do que a de saber que terei uma tatuagem de hematomas quando sair daqui. O meu senso escorrega cada vez mais fundo no abismo das minhas memórias. Apesar de que dessa vez, eu não resisto. Minha mente corre livremente, projetando através de meus olhos fechados imagens de um passado que, por culpa da minha própria fantasia, fui persuadida a esquecer. As vozes surgem como poeir