5 - Fuga nos canas

897 Words
Russo Fiquei todo feliz quando vi o mano lá no hospital. Fiquei mais feliz ainda quando ele disse que iria me resgatar. Quando a gente saiu do hospital, eu respirei aliviado, tá ligado? Finalmente ia ver a minha família, finalmente ia conseguir voltar para minha casa e para minha favela. Mas toda essa felicidade caiu por terra quando chegamos na Avenida Brasil. Parece até que esse lugar tá amarrado, maluco. Tinha uma blitz parando muitos carros e motos. Comecei a me lamentar com os caras, mas o Barata já me passou a visão que ou nós saíamos daqui tudo junto ou nós íamos tudo preso. Conforme nós íamos chegando mais perto, mais frio na barriga me dava, porque eu já ia pensando na minha celinha lá no presídio federal, tá ligado? Quando tinha só três carros na nossa frente, o Veigh falou: - Mano, quer saber de um bagulho? Quando os carros passarem, tu acelera - ele disse para o piloto, que olhou pra ele assustado. - Pô, patrão, com todo respeito, a chance de eles pegarem a gente é muito grande, tu tá ligado que até nós chegarmos no pé da nossa favela, eles já vão ter metido bala firmemente em cima do carro? - Eu tô ligado, pô, e é por isso que vamos entrar na Maré, passar por cima da mureta com tudo, a gente vai cair lá dentro e eu duvido que eles vão querer arrumar confusão com os caras de lá. - Tá maluco, porr@, eles são alemães, se eles vão meter bala em nós, vai ser sem massagem - o barata falou desesperado. - Mano, já pede reforços no rádio, tamo pertinho da tua favela, os caras vão chegar aqui em 5 minutos, o carro é blindado, nós só precisamos aguentar a pressão lá dentro da Maré. - Porr@, eu prefiro ir visitar Bangu. - Quero ver tu falar isso quando estiver lá dentro com a tua carne sendo amaciada todo dia e ainda passando fome. - Suave, Veigh, mas se essa porcaria der errado, tu que vai sustentar. - É nós, pô, se eu falei que ia tirar o amigo do hospital e que a liberdade dele ia cantar é porque vai, pô. O Barata pegou o rádio e já foi avisando aos amigos que a gente ia entrar na Maré e que íamos precisar de reforços para sair de lá. Os caras acharam a maior loucura do mundo, mas toparam na hora porque o Barata é o chefe. Ou melhor, não toparam, mas também não têm escolha. - Pô, mano, me deixa para trás. Eu assumo esse bagulho. O papo reto mesmo, sou grato para caramba por você ter vindo atrás de mim, mas eu não quero que você e o Barata se fodam por minha causa. - Mano, eu já sou um fodido mesmo, quem mais toma chifre da mulher com o melhor amigo. E pra piorar, situações dois ainda tiraram o meu morro. Que situação pior que essa, isso daqui é mole na frente do que eu vou ter que enfrentar daqui a algumas semanas. Confia em mim, eu vou tirar mais dessa, pô. Quando a gente chegou perto da blitz, o piloto acelerou. É claro que os canas entraram no carro deles e vieram atrás da gente atirando que nem uns malucos. E é claro, o piloto fez exatamente o que o Veigh mandou: ele virou e atravessou a mureta que dividia a Avenida Brasil do Complexo da Maré. Os canas recuaram na hora porque eles sabiam que o bagulho ia ficar doido para o nosso lado se nós não fôssemos da mesma facção. Deu nem tempo de se recuperar e já tinham mais de 10 armas apontadas para o nosso carro. O Barata olhou para a cara do Veigh como quem diz "eu vou te matar". - Cadê os nossos homens, porr@? - o Veigh gritou desesperado porque os caras começaram a dar tiros em cima do nosso carro. - Tão chegando, tá pensando que é aqui do lado, porr@? - o Barata respondeu se abaixando. - Não tem como tu puxar o carro para trás? - o Veigh perguntou para o piloto que estava assustado com a quantidade de tiros que estavam dando no carro. - Put@ que pariu! - o piloto gritou olhando para frente, o que fez a atenção de todo mundo e para o lado que ele estava olhando, os caras estavam vindo com uma ponto 50, com uma não, com várias. Isso quer dizer que o vidro do nosso carro iria quebrar. - Me lembra de te matar quando eu chegar no inferno - o Barata falou olhando para o Veigh. - Se preocupa com a por da arma, porque eles vão meter bala em nós. Bem que a minha mãe falou que eu ia acabar virando peneira, mas eu não tava botando fé na língua da dona Sandra - o Veigh falou desesperado. - Temos que sair do carro - o Piloto falou desesperado. O menor acabou abrindo a porta e, quando ele saiu, foi fuzilado. Veigh puxou a porta desesperado, fechando ela. - Por que caralh0 eu trouxe esse filho da put@ frouxo? - ele gritou, batendo no banco. Os caras se prepararam para atirar e eu já estava orando até para os santos que eu não conhecia, mas acho que não tem jeito, nós vamos morrer aqui.
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