(Esther)
Falar com meu avô sobre o casamento não era uma tarefa fácil. Sem contar o fato do seu noivo te largar com essa missão sozinha. Pither tinha saído bem cedo e eu nem se quer o vi. Miguel anda jururu com saudades do Sucrilhos... E eu entendo perfeitamente.
Bati na porta com cautela e a abri devagar receosa.
- Posso entrar? Falei sorrindo de nervoso do lado de fora.
- Claro, entre! Vi seu rosto em meio ao vão.
Entrei e fechei a porta atrás de mim, me aproximando de sua mesa.
- Bom... Eu não quero atrapalhar o seu sossego... Comecei timidamente.
- Você não atrapalha Esther! Diga me do que precisas? Fiquei boquiaberta como ele sabia que eu precisava de alguma coisa?
- Vô! Eu preciso que... Preciso que o senhor me cedas a fazenda! Falei nervosa.
- Te ceder a fazenda? Ele perguntou impressionado.
- É só por um dia! Dei de ombros sem graça.
- Aah! Você quer que eu a empreste?! Ele sorriu começando a me entender, e eu sorri de alívio.
- Sim! Vou me casar! Falei mostrando o anel que havia no meu dedo. - E gostaria muito que minha cerimônia fosse aqui!
- Esther eu não sabia que você estava noiva! Ele disse surpreso e eu me senti culpada.- Me arrisco a dizer que o seu noivo é o Pither!
- Sim... Sorri enquanto ele pedia para que eu me sentasse ao seu lado.
- Pither e eu não conversamos muito... Ele começou.- Mas pelo pouco que nos falamos, ele deixou bem claro que derrubaria qualquer um que afligisse você!
- Meu Deus! Falei envergonhada.- Me desculpe pela reação exagerada dele!
- Não se preocupe Esther! Ele sorriu gentilmente.- Graças a isso eu percebi que Pither é o homem certo pra você...
Franzi o cenho confusa com sua confissão sobre as manias de Pither, de me proteger excessivamente.
- Esther eu já estou muito velho mas sei que qualquer homem que defenda a sua mulher independente se precise voltar-se contra a própria família acima de tudo merece o meu respeito!
Abri um sorriso tímido, pois sabia que Pither era louco o suficiente para se voltar contra o mundo se fosse preciso.
- Ele me ama sim! E vamos ter dois bebês o ano que vem! Respondi feliz.
- Parabéns minha filha! Se é dois podemos dizer que são gêmeos?!
- São sim! Sorri olhando pra ele.
- Esther não se preocupe! Sinta se na sua casa... Faça a festa que quiser aqui! Ele me falou animado.
- Será só uma cerimônia simples e pequena! Apenas para a família... Respondi me explicando.
- Esther você vai se casar, e está apaixonada! Porquê insiste em querer tão pouco? Ele perguntou abismado.
- Eu vou me casar com o homem que eu amo e vou ser mãe... Já tenho tudo que sempre sonhei! Ele assentiu compreendendo. - O Senhor vai entrar comigo né? Perguntei.
- Desculpe Esther, mas deixo essa missão para um de seus irmãos! Eu não vou entrar com a minha Neta com uma bengala na mão!
- Eu gostaria muito que viesse comigo! Respondi tentando convence-lo.
- Não se preocupe! Eu estarei sentado na primeira fila, para te prestigiar... É como se eu tivesse uma nova chance sabe? De me redimir com vocês! Vi dor em seus olhos.- Eu odiei seu pai por anos, por ter levado a minha pequena Rebecca embora! E isso não me trouxe nada! Ele deu de ombros. - Quando ela se foi eu nem estava lá! Nem sabia que havia netos... Eu não mereço que você esteja olhando para a mim desse jeito Esther... Não mereço sua compaixão!
- Quem vai te julgar é Deus vovô! Cada um pensa, age e senti de formas diferentes!
- Você é muito boa Esther! Ele sorriu com o canto da boca. - Se parece tanto com a sua mãe! Seu olhar ganhou vida.
- Exceto o cabelo né?! Respondi em tom de brincadeira. - Minha mãe não era loura!
- Mas sua avó era! Um motivo a mais para ser tão bonita e encantadora!
Peguei sua mão e segurei firme, mostrei confiança. Eu gostaria muito que ele soubesse que podia contar comigo.
(...)
Na sala vi Miguel sentado mexendo no seu fiel companheiro... O celular!
- E aí conversou com o velho? Ele perguntou enquanto me aproximei.
- Ele se chama vovô, Miguel! Não seja tão grosso! Respondi me sentando ao seu lado.
- Tanto faz! Ele deu de ombros.- Você se casa no sábado mesmo?
- Sim! E você vai me levar até o juiz! Coloquei minhas mãos sobre o seu ombro.
- Por que eu? Ele franziu a testa. - Que eu saiba teria que ser o seu irmão mais velho! Que não sou eu!
- Mas eu quero que você me leve, Miguel! Não se faça de difícil... Pois nós dois sabemos, que você é o irmão que mais esteve comigo nessas últimas semanas...
- Eu não tenho um terno! Ele disse com desdém.
- Isso não é problema! Sorri triunfante. - Você terá o prazer de experimentar vários com o Pither amanhã! Ele revirou os olhos.
- Você vai casar... E eu vou sentir a sua falta! Miguel mordeu o lábio inferior.
- Mas vou sempre estar por perto! Falei colocando meu queixo sobre o seu ombro, e o olhando nos olhos.
- E eu também! Ele sorriu.
- Vou morar pertinho de ti E você será o padrinho dos bebês!
- Vou ser o padrinho de um deles! Assentiu orgulhoso.
- Eu te amo Miguel! Falei para o meu irmão.
- Eu também te amo maninha! E encostou sua cabeça sobre a minha.
(Pither)
Fui até a cidade e comprei a aliança mais bonita que achei na joalheria. Aproveitei e coloquei os convites pelo correio e pedi urgência para que chegassem logo. Sábado era o grande dia! Eu finalmente me casaria com Esther e ela seria minha pra sempre.
Eu nunca temi em perder uma mulher, sei que soa egoísta mas sempre tive tudo o que quis. A minha primeira perda foi a minha mãe, uma situação irreversível. Por isso não posso nem cogitar a possibilidade de perde-la! Ela vai se casar comigo e ponto.
Eu sou filho único... Não tenho sobrinhos, e também o único neto da família De Fragma. Por isso sinto falta de uma criança para levar as nossas alianças na cerimônia. Ainda bem que logo essa situação ia mudar, pois duas crianças travessas estavam à caminho, e com certeza iam fazer toda a diferença na minha vida. Me trazendo alegrias de uma família que eu precisava.
Tentei de todas as formas treinar o Bob com uma cestinha, para que talvez ele pudesse entrar pela passarela. Mas ele parecia não me entender muito bem... E estava difícil a comunicação entre a gente, eu infelizmente não falava o idioma "láteis".
Esther apareceu sorridente em meio ao jardim, e todo o meu mundo criou uma cor mais vibrante. Pareço meloso mas compreenda, sou um cara apaixonado.
- Oii! O que você está fazendo? Ela se aproximou de mim enquanto eu estava agachado com o Bob. Dei uma boa olhada em suas pernas, depois levantei o meu olhar inocente pra ela.
- Oi meu amor! Me levantei e beijei seus lábios. - Estou treinando o Bob!
- Aéh? E pra quê? Perguntou curiosa.
- Pra ele levar as nossas alianças pela passarela sábado! Substituindo uma daminha ou page... Tanto faz!
Ela gargalhou mediante a situação.
- Eu não acredito que você está fazendo isso! E começou a rir sem parar.- Neto você é maluco!
- Esse é o sintoma de estar perto de você! Você me deixa maluco! No bom sentido é claro... Sorri e ela me abraçou.
- Deixa o Bob descansar querido! Vem comigo eu preciso falar com você!
Ela pegou na minha mão e fomos em direção a um balanço onde cabemos nós dois sentados.
- Eu falei com o Vovô... Ela começou. - Ele concordou com a festa na fazenda! Assenti sorrindo com a aprovação que tanto eu esperava. - Mas ele quer falar com você!
- Comigo? Perguntei assustado. - Sobre o que?
- Eu não sei! Ele não me disse sobre o que era! Ela deu de ombros.
- Talvez queira me rezar os mandamentos... Caso eu não seja um bom marido! Falei em tom de brincadeira.
- Não seja bobo! Ela sorriu me dando um tapinha. - Você sabe que vai ser um ótimo marido! E acredito que não seja nada de r**m, ele parecia bem animado!
- Hummm... Fiz um biquinho provocativo. - Me chamou de ótimo marido!
- Eu confio em você! Ela me olhou nos olhos. - Sei que estou fazendo a escolha certa!
- Obrigado! Toquei no contorno do seu maxilar. - Por me amar independente dos meus defeitos! Eu sei que preciso mudar muita coisa em mim. Primeiramente acho que devo maneirar nas ironias e brincadeiras sarcásticas...
- Nãoo! Ela interrompeu. - Não diz isso!
- Esther você está grávida e talvez se aborreça com as minhas piadas inconvenientes!
- Neto!! Eu amo você desse jeito! Aliás foi dessa forma que me fez se apaixonar por você! Ela assentiu ansiosa. - Eu morreria se você mudasse, e se tornasse um homem sério e fechado!
- Como o meu pai? Perguntei já sorrindo.
- Eu não quis dizer isso! Ela disse também gargalhando. - Você sabe que o bom humor é o alimento perfeito da nossa relação!
- Sei sim gata! Respondi assentindo e agitando o balanço, Esther estava de saia e eu sorri com o seu desconforto.- Falando sobre a nossa relação, eu consegui com o jardineiro da fazenda uma barraca para a gente acampar essa noite.
- Neto! Ela me olhou sarcástica. - Seu safado! Esta querendo me arrastar para uma barraca sozinha com você essa noite! E simulou uma surpresa.
- Eu nem sequer pensei nisso! Falei me fazendo de ofendido. - Você que está maliciosa demais! Apertei meus olhos balançando minha cabeça como se analisasse ela.
- Para de me olhar assim! Ela me empurrou, e eu gargalhei.
- Amor! Eu quero que a gente fique juntinhos olhando as estrelas! Que possamos admirar o céu e a lua. Conversando sobre coisas só nossa! Falei me virando para ela.
- Sem segundas intenções! Ela levantou seu dedo pra mim.
- Sem... Comecei e passei minha mão sobre o rosto. - Por que você está falando isso?
- Pelo que aconteceu ontem! Ela disse corada.
- Acha que nos ouviram? Perguntei em tom de sarcasmo me divertindo com a coragem dela, em entrar no assunto em que eu estava doido pra falar.
- Não sei, quando subi estava tudo quieto! Ela disse com firmeza.
- Perfeito! O que vovô não vê, vovô não sente! E nós dois rimos juntos.
- Sabe... Por um momento achei que você não sentisse mais excitação por mim! Ela disse com sua ingenuidade.
- Só se eu estivesse morto! Respondi colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. - Acredite se quiser mas o mesmo nervosismo que eu sentia nas nossas primeiras conversas, eu sinto até hoje... É como se uma agitação irradiasse o meu ser!
- Como se sentisse borboletas no estômago! Ela complementou.
- Isso! Respondi. - A sensação é a mesma! Como se houvesse borboletas no estômago! Você trás o que tem de melhor em mim!
Ela sorriu descendo sua cabeça deixando cair sua franja sobre os olhos. Eu eu a amei infinitamente mais...
(...)
O almoço foi tranquilo, Esther e Naná saíram logo em seguida para uma degustação de bolos. E eu permaneci alí! Sabia que o "Mestre dos Magos" queria falar comigo.
- Pither! Ele se virou para mim passando seu guardanapo sobre a boca. - Quero falar com você!
Que novidade! Pensei.
- Pode falar! Levantei meu olhar pra ele.
- Esther me falou mais cedo sobre o casamento... Ele deu uma pausa e eu comecei a ficar nervoso.- Sabe! Eu sei que ela tem os irmãos... Você que também é parente dela! Mas eu sou a única figura paterna de Esther...
Ele é o único que restou né? Minha mente conversava com o meu ser, enquanto eu estava impaciente naquela mesa de frente pra ele.
- Então mediante a isso eu vou dar a festa de casamento para a Esther!
- O quê? Indaguei completamente discordando.
- Pither, é o pai da noiva que normalmente arca com os gastos da festa! Ele se explicou como se eu não soubesse.
- Vô! Esther e eu não estamos sendo muito tradicionais!
- Claro que não, ela está casando grávida! Apertei meus olhos já sentindo raiva daquela conversa. - Mas não é sobre isso que vim falar com você! Ela quer algo simples e pequeno. Acho que podemos deixar tudo impecável e bonito, sem exageros e extravagâncias....
Ele estava ostentando só porque era dono da p***a toda! Revirei meus olhos só de pensar em como Esther teve sorte de viver longe de sua prepotência.
- O que sugere? Respondi derrotado. Ele era mais teimoso que uma mula.
- Você conhece Esther melhor do que ninguém, então me diga o que ela gosta? Ele se voltou para a mim.
Humm' pensei. Assim é bem melhor... Nossa festa, nossas escolhas!
(Esther)
Há dias eu venho me sentindo m*l e hoje não foi diferente. Quando provei o bolo com recheio de doce de leite, senti tudo girar e embrulhar o meu estômago da forma mais horrível possível.
Fui até a janela e busquei ar puro, Naná não sabia que eu continuava com esses mau estar e se aproximou preocupada.
- Filha o que você tem? Ela perguntou colocando sua mão em meu ombro.
- Não sei Naná há dias eu venho passando mal... Primeiro foi o queijo mais cedo. Depois o Iogurte e até cortei o leite no café da manhã... E agora quando eu provei o doce de leite me senti muito enjoada!
- Fica calma querida! Ela me olhou com uma expressão de confusa, como se eu estivesse encrencada.
- Me diz Diana? Tem alguma coisa de errado comigo? Eu não era assim, nunca me senti m*l provando esses alimentos... Me diz?! Falei apavorada.
- Calma Esther! Respira.... Ela respirou junto comigo. - Talvez não seja você!
- Do que você tá falando? Perguntei sem entender.
- Creio que seus bebês ou um deles não reaja bem a lactose! Por isso você está tendo essa intolerância...
Franzi o cenho pensando na possibilidade de Diana estar certa, em relação a tudo isso.
- Eu estou com medo! Falei já sentindo meus olhos marejarem.
- Não chore Esther... Por que está com medo, filha? Naná me abraçou.
- De tudo! De não ser uma boa mãe! De não saber cuidar... São dois Naná! Por que eu?
- Você não está sozinha! Nunca esteve... Você tem o Pither que te ama tanto, que seria capaz de dar a vida dele por você! E tem a mim, filha... Ela massageava meu ombro enquanto falava. - Eu praticamente criei o Pither! Você acha que eu vou te abandonar assim? São os meus netos que você está carregando.
- Promete? Falei exasperada.
- Claro meu bem! Vou estar com você desde o seu parto até você conseguir casar os dois! Ou as duas! Ela sorriu. - Serei a Naná dos seus filhos! Não se preocupe, tudo dará certo!
Deitei minha cabeça no seu ombro. Eu tinha tanto medo de fraquejar por não ter uma mãe... Que esquecia que Naná era mais que uma mãe pra gente! Ela é perfeita!