O Reflexo De Um Anjo 3

O Ciúmes

(Esther)

Acordei cedo com Pither andando na ponta dos

pés para não me acordar. Passei as mãos sobre os olhos e pisquei algumas vezes. Ele estava arrumado... Esperai! Ele estava arrumado porquê?

- Onde você vai? E porque está saíndo de fininho? Falei me sentando na cama.

- Não estou saindo de fininho! Ele disse sorrindo e sentando-se na cama, me deu um beijinho.- Eu só não queria te acordar meu anjo!

- Vai sair e não vai me levar? Fiz biquinho para ele ficar com pena.

- O meu anjo não fica assim... O lugar que eu vou talvez você não queira ir! Ele disse meio desapontado.

- E onde é? Mordi o lábio curiosa.

- Eu vou no cemitério! Engoli em seco na mesma hora. - Eu vou ver a minha mãe! Levar flores pra ela... Faz tempo que eu não faço isso e estou devendo!

- Eu entendo... Falei tocando seu rosto com o meu polegar.- Esse momento é particular de vocês, eu vou respeitar!

- Se você quiser ir não tem problema... Só achei que talvez não quisesse me acompanhar! Ele deu de ombros.

- Eu quero! Quero muito ir com você! E ele ampliou seu sorriso estonteante.

- Vou preparar o seu café! Se arruma então querida! Disse beijando o topo da minha cabeça e eu fechei os olhos me sentindo amada.

(...)

Chegamos no cemitério por volta das onze, antes passamos na floricultura e compramos as rosas preferida dela. Eu sabia que alí não era um lugar que muita gente gostaria de estar. Mas eu prometi que acompanharia Pither em tudo.

De mãos dadas nos aproximamos da sepultura, na lápide "Mãe e esposa amada!" Isso reflete o carinho que ambos tinham por ela.

Pither se calou por alguns instantes, eu suponho que ele estivesse dizendo alguma coisa em pensamentos. Depois ele colocou as rosas no vaso, e se abaixou para tirar as folhas secas da lápide.

- Oi mãe! Ele disse e eu levei um susto enorme.

Não fazia ideia de que ele conversava com ela assim... Mas não o crítico! Se isso o conforta que faça! Só Deus sabe a dor de perder um ente querido.

- Há alguns meses atrás eu estava aqui te pedindo conselhos para ajudar a Esther... E olha ela aqui! Essa é a garota do porão que te falei! Mas claro que isso você já sabia! Se te conheço bem foi você que me colocou até ela!

Eu fiquei impressionada por ele falar de mim com a mãe. Parece estranho mas eu senti meu amor crescer mais um milhão por cento. E eu achando que ele não ia conseguir aumentar ainda mais.

Segurei forte no ombro dele e ele se voltou pra mim sorrindo. Seus olhos tinham um brilho intenso e isso mexeu muito comigo.

- Oi Dona Raquel! Eu sou a Esther... Falei me agachando ao lado dele.- Eu sou a sua sobrinha sabia? E sua nora também... Depois disso nós dois demos um sorriso curto, pela ironia que meu comentário soava.

- Eu queria muito que a senhora estivesse aqui para ver o quanto seu filho evoluiu... Pither virou seu rosto pra mim surpreso.

- Ele agora não bebe! É um homem responsável, e trabalha direitinho... E a gente se casou! E vamos ter duas bebês gêmeas como a senhora e a minha mãe!

A lágrima que estava presa no canto do olho dele escorreu. E eu segurei firme na sua mão e continuei.

- Nada na vida é perfeito! Temos que aprender a conviver com a saudade e a ausência de vocês duas... Mas eu quero muito te agradecer. A senhora gerou esse príncipe pra mim! E sei que se não fosse por você ele não teria os valores que tem! Obrigada mesmo pela forcinha que tem nos dado para ficarmos juntos! E por ter cuidado dele aí de cima! Sei que tem o amparado o tempo todo como um anjo da guarda!

Pither limpou os olhos com a manga da blusa, literalmente emocionado. Além de mim e as bebês, lembrar da sua mãe era algo que mexia com o todo o seu emocional.

- Eu te amo! Ele disse pra mim espontaneamente.

- Eu te amo mais! Respondi e a gente se levantou ainda de mãos dadas.

- Então a gente vai indo mãe... Ele falou se despedindo.- Eu prometo que não vou demorar muito pra voltar. Logo as suas netas vão chegar, e o nosso tempo vai ser mais curto! Que Deus me ajude ter a sabedoria que você teve para educar um filho...

- Você será um pai maravilhoso! Falei o abraçando em seguida. E dalí depois demos o nosso ''Adeus'' pra ela.

(...)

Além de eu ser uma grávida nada diferente das outras, que precisa fazer xixi a todo momento. Pither também quis parar no supermercado para comprar algumas frutas.

Depois que voltei do banheiro, vi ele no corredor dos Hortifruti com seu jeito sério avaliando as frutas. Eu abri um sorriso ao vê-lo de longe tão lindo... Mas meu sorriso foi desaparecendo quando notei a presença de uma mulherzinha, que olhava pra ele sem parar.

Ela tinha cabelos negros escorridos e pra mim não me era estranha. Fui me aproximando e vi quando a tal mulher estreitou os olhos tentando conhece-lo. Depois disso ela o chamou pelo nome, com a voz mais nojenta que eu já ouvi na vida!

Fiquei boquiaberta quando ela praticamente se jogou em cima dele, num abraço caloroso. Pither franziu o cenho, acho que tão surpreso como eu.

Andei mais depressa e me pus ao lado dele, a encarando sem parar. Pither deu um jeito de se libertar da grudenta e se posicionou ao meu lado.

- Nossa eu queria muito te ver de novo... Ela disse fazendo me doer as entranhas.

- Gabriela essa é a Esther, a minha esposa! Ele me apresentou cordialmente e eu sorri triunfante. Mas ela nem sequer me olhou! Simulou uma surpresa colocando uma de suas mãos sobre a boca.

- Você se casou? Que desperdício!

O que? Meu maxilar voltou a cair. Será que ela não está me vendo? Como pode ser tão descarada a ponto de xaveca-lo na minha frente?

- Sim ela é a moça por qual eu falei que estava apaixonado! Pither disse me enchendo de orgulho.

- Ah sim aquele dia no bar a gente se divertiu tanto! Ela gargalhou como se isso fosse realmente engraçado.

Quase enfartei quando vi suas garras afiadas sobre o braço dele. Pither estava tão desconfortável que deixou transparecer na sua face.

- Gabriela se não se importa precisamos ir...

- Aaah Pither Parker vamos conversar mais... Ela disse se jogando pra cima dele.

- Não! Ele insistiu tentando se esquivar dela.

- Então me passa o seu número? Aquele dia nem consegui pegar! Ela falou se lamentando.

Não! Isso já é demais pra mim! Ela não pode chegar abordando assim um homem casado!

- Ele não vai passar número nenhum pra você sua abusada! Caso não percebeu ele está casado comigo! Falei entre os dentes já dando meio passo pra frente.

Parece que enfim ela conseguiu me enxergar. A tal v***a me olhou de cima a baixo, como se me avaliasse... Então quando abriu sua boca para desferir alguma ofensa, Pither me tirou dali me puxando pela cintura. E eu apertei meus olhos furiosa, com a extrema vontade de estrangula-la.

(Pither)

A Naná tem um dizer que... Quanto mais se reza, mais assombração aparece! Perfeito para um momento como esses. Meu Deus! Por que aquela mulher tinha que me encontrar?

Gabriela é a garota oferecida do barzinho! Agradeço todos os dias por Pâmela ter me tirado de lá a tempo!

Essa mulher só pode ser louca! Como pôde flertar comigo mesmo eu apresentando a minha mulher?!

Gabriela fez todas as provocações possíveis com gestos, olhares maliciosos e sorrisos presunçosos. Além de pedir atrevidamente meu número de telefone, isso foi o fim para Esther que se manteve calada até o presente momento.

A minha mulher ficou muito nervosa, e colocou aquela desequilibrada no lugar dela! Tive que tirar Esther voando do supermercado, temendo que ela jogasse um dos melões na cabeça dela!

O pior que depois de tudo ela ficou brava comigo.

- Esther essa mulher é... Tentei me explicar.

- Eu sei quem ela é! Ela disse pisando duro e indo até o carro. Nem deixou que eu abrisse a porta pra ela, e foi sem falar comigo o caminho todo.

Eu fiquei muito m*l por ela estar zangada comigo, eu juro que sou inocente!

Chegamos no prédio e ela subiu emburrada, sem nem olhar pra mim. Respirei fundo e deixei que ela subisse sozinha. Fui logo atrás com o meu coração apertado, temendo que ela brigasse comigo por causa daquela doída.

Quando entrei no apartamento ela estava no quarto trancada. Eu bati na porta mas ela se recusava a abrir.

- Esther meu amor abre a porta! Coloquei minha testa na porta e ouvi sussurros, ela estava chorando. Sei que minha atitude não foi lá às mais sensatas, mas eu precisava que ela me ouvisse.

- Se você não abrir pra mim eu vou quebrar a fechadura e vamos ter um quarto sem porta! Falei na maior calma possível. - É isso que você quer, que tenhamos um quarto com a porta quebrada?

Respirei fundo torcendo para que isso a convencesse. Então minutos depois ouvi o barulhinho da tranca destravando.

Isso!!! Comemorei impulsionando meu braço esquerdo pra baixo.

Abri a porta devagar e ela estava sentada na cama de costas, voltada para a varanda. Me aproximei da cama, e vi seus olhos vermelhos. Ela tentou esconder o choro mas seu rosto a entregou.

- Amor olha pra mim?! Pedi e ela continuou com o rosto virado para o outro lado.

Então toquei se queixo devagar a trazendo pra mim com delicadeza. Fazendo com que eu a olhasse nos seus olhos.

- Por que você está brava comigo? Ela não respondeu e eu continue falando.- Eu nunca tive nada com aquela mulher...

- Então porquê deixou que ela te abraçasse daquele jeito? Quando enfim ela falou foi com a voz embargada.

- Eu não deixei! Falei me explicando.- Ela me pegou desprevenido! Ela revirou os olhos indignada. - Esther para com isso! Falei me aproximando mais dela. - Por que essa insegurança? Não te provo o suficiente os meus sentimentos por você?

Ela levantou seu olhar pra mim.

- Sim! Esther respondeu assentindo.

- Então porquê dúvidas ainda de mim? Falei aflito.

- Ela... Ela é bonita! E parecia tão a vontade conversando com você! Suas palavras saíram atormentadas.

- Esther se ela é bonita, você é linda! Falei sendo sincero.- Eu só à vi uma vez, nem sei como ela ainda se lembra de mim! Eu te contei sobre isso!

- Eu sei! Ela respondeu um pouco mais tranquila.

- Então... Tire essa desconfiança do seu coração! Independente de quem apareça, isso nunca vai mudar o meu amor por você!

- E que ela... Esther começou.

- Meu anjo é você que eu amo!

- Mas Neto ela...

- Esther é você que eu amo! Insisti.

- Ta bom! Ela respondeu se convencendo e eu a puxei pra mim.

-Vem aqui minha ciumentinha linda! A envolvi nos meus braços e coloquei seu rosto sobre o meu peito secando seus olhos.- Nunca mais dúvida de mim, meu amor! Eu morreria se você me deixasse!

- Desculpa... Ela levantou seu olhar angelical. - Como posso me redimir com você? Sorriu maliciosa.

- Hum... Fingi pensar. - Você pode me recompensar... Que tal tirando essa blusinha aqui?!

- Safado! Gargalhou.