Narrado pela Tati
Vendo que a Andréia estava demorando, então, resolvi ir atrás dela. Quando estou perto da porta do quarto dela, a Andréia sai de lá um pouco abalada. Eu sei, ela não me engana, está acontecendo alguma coisa, eu preciso descobrir e ajudar minha amiga.
Tati: Pensei que tinha fugido de novo, o Edson está impaciente, você estava demorando. O que aconteceu?
Andréia: Eu... Tinha me esquecido onde coloquei o...
Ela olha para a porta um pouco ansiosa e me puxa pelo braço.
Tati: O que foi? Pelo menos, encontrou o que estava procurando?
Andréia: Sim... Sim! Vamos sai daqui logo.
Fomos para o portão de saída e encontramos o Edson encostado no seu carro. Eles se entreolham por um instante, como sempre fazem. É por isso que eu acho que ela não perdeu a memória, ela sempre olhou para ele desse jeito parece até novela, quando um casal apaixonado estão se paquerando. Aff! Que melação.
Tati: Vamos embora! Antes que eu vomite.
A Andréia me olha torto.
Tati: O que foi?
O Edson abre a porta do carro para que a Andréia entre. Que cavalheirismo! O paçoca nunca fez isso comigo. Depois destrava a porta detrás para que eu entre.
Tati: Não vai abrir a porta para mim também?
Edson: Você tem mãos.
Tati: Nossa! Que romantismo!
O Edson revira os olhos e abre a porta de trás para mim. Depois, ele dá a volta no carro e entra. A Andréia fica olhando para a porta do hospital pensativa. Eu queria saber o que ela está pensando. Estou começando a ficar preocupada com minha amiga...
Edson: Está tudo bem?
A Andréia o olha surpresa.
Andréia: Eu... Eu estou bem, sim.
Ela dá um sorriso tímido para ele. O Edson liga o carro e partirmos... O caminho inteiro foi em silêncio. Pelo menos, da parte deles, porque eu sempre tentava arrancar algo deles. Chegando no apartamento, que diga-se de passagem, é enorme e lindo, a Andréia parecia desconfortável. Tenho que admitir ela é uma boa atriz, mas, perto do Edson sua atuação cai por terra, mas, parece que o Edson não percebe. Ela entra na casa fingindo que não conhece nada e o Edson a observa.
Edson: Quer alguma coisa? Água, suco?
Tati: Eu quero água.
Eu sei que ele perguntou para ela, mas... Sabe como é.
Andréia: Água...
Enquanto ele sai para a cozinha, eu me jogo no sofá colocando meus pés na mesinha de centro. A Andréia bate nos meus pés, empurrando para tirar de cima da mesinha. Eu dou um sorriso sacana para ela. Acho que esse tempo que vou passar aqui, vai ser interessante.
Andréia: Tira os pés da minha... Da mesinha de centro.
Tati: Por quê? Você nunca se importou que eu colocasse meus pés aqui.
Andréia: Conhecendo-me bem, eu tenho certeza que eu era chata quanto a isso.
Uau! Ela se saiu bem, mas, vamos ver até quando... O Edson reaparece com três copos e uma jarra de água. Ele serve a Andréia, me serve e depois se serve. Enquanto a Andréia bebe a água, eu pergunto sobre a mãe dele.
Tati: E a sua mãe, como está? O que ela teve?
Edson: Ela está bem, o problema dela é gestacional.
Tati: ELA ESTÁ GRÁVIDA?
A Andréia se engasga com o copo de água. Hum! Mais uma prova!
Edson: O que foi? Você está bem?
Ele bate um pouco nas costas dela.
Andréia: Sim... Eu... Eu estou bem!
Tati: E a sua mãe? Ela vai ficar bem?
Edson: Sim, ela só não pode passar nervoso.
A Andréia passa a mão no rosto preocupada e também para secar a água que ela borrifou em si própria.
Andréia: Acho que vou tomar um banho, para tirar esse cheiro de hospital.
Tati: É a primeira vez, que vejo hospital cheirar a chulé.
A Andréia me olha com cara de brava.
Edson: Tati, acho que a Andréia precisa descansar, já está na hora de você ir.
O que?!
Tati: Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Su casa é mi casa.
Edson: Pelo menos, faz a janta.
Andréia: NÃO!
Hum! Interessante.
Tati: Eu cozinho bem, tá!
Ela me olha desconfiada.
Andréia: Você não sabia cozinhar, não acredito que aprendeu em um ano.
Tati: Estou trabalhando no restaurante do seu pai, como cozinheira.
A Andréia da gargalhada.
Andréia: Mentirosa!
Tati: Como você sabe?
Andréia: Porque se você fosse a cozinheira, o restaurante já tinha falido.
Poxa! Pegou pesado.
Narrado por Andréia
Essa Tati não tem jeito. Coitado do Edson, não merecia isso. Eu entro no quarto e pego minhas roupas.
Tati: Ahá! Como você sabia que suas roupas estavam aí?
Andréia: Porque é um guarda roupas, o que teria dentro? Ao contrario da sua cabeça, imaginei que não estaria vazio.
Eu me direciono pro banheiro e a Tati vem junto.
Andréia: Ah, Não! Dá um tempo. Será que posso usar o banheiro em paz? Vai lá na cozinha, comer alguma coisa que seu m*l é fome.
A Tati sai do banheiro e eu consigo tomar meu banho sossegado. Pelo menos, no banheiro sozinha, eu posso ser eu mesma. Quando termino meu banho, me arrumo e vou para a sala. Eu vejo o Edson impaciente, a Tati dominou a TV. Ela está assistindo crepúsculo, um filme que o Edson odeia. Pouco tempo depois, a campainha toca e eu atendo. Quando abro, vejo que é o entregador de pizza.
Andréia: Quem pediu pizza?
O Edson me olha surpreso.
Tati: Foi eu... Pode deixar comigo.
A Tati vai até a porta, pega a pizza da mão do entregador e vai para o sofá.
Andréia: Tati, falta pagar a pizza.
Tati: Quem já se viu, uma visita pagar a pizza.
Edson: Você não é visita...
A Tati olha para o Edson empolgada.
Edson: Você é uma intrusa.
A Tati joga uma azeitona, que acerta a cabeça do Edson. Ela tem uma boa pontaria.
Edson: Ai!
O Edson se aproxima da porta.
Edson: Quanto ficou as duas pizzas?
Entregador: 170,00 reais
Andréia: Essa pizza veio de onde? Dá Itália?
Edson: Ela comprou essa pizza, na Leonardo Da Vinci.
Essa é a pizzaria mais cara da cidade. Que folgada!
Andréia: Tati, sua abusada!
Tati: O que? Quando se tem a chance, tem que aproveita para comer bem.
Eu reviro os olhos. O Edson paga a pizza e se senta no sofá. Eu tento sentar do lado dele, mas, a Tati é mais rápida, fazendo que ela fique no meio de nós dois. Devo confessar, essa pizza é cara, mas, é uma delicia. De repente, me sinto cansada, meus olhos querem fechar.
Andréia: Eu estou com sono, acho que vou dormir.
Edson: Acho que está na hora de todos dormirem. O sofá cama é bem confortável.
Eu vou para o quarto, entro no banheiro e escovo os dentes. Quando saio do banheiro, me deparo com a Tati deitada na minha cama.
Andréia: O que você está fazendo aqui?
Tati: Me preparando para dormir.
Andréia: Acho que é a cama errada...
Tati: Você perdeu a memória, você não vai querer dormir com um estranho... Vai?
Droga! Ela é esperta! Tenho que dá um jeito na Tati.
Andréia: O que o Edson pensa sobre isso?
Ouço três batidas na porta, um tanto furiosas.
Edson: Tati, abre a porta! Sai do meu quarto.
Tati: A Andréia foi quem me chamou para dormir com ela.
Eu olho feio para Tati. E contraio a mandíbula. Eu ouço o Edson respirando fundo do outro lado da porta, depois ouço seus passos no corredor indo em direção a sala. Eu juro que ainda mato a Tati. Sinto que ela está fazendo isso de propósito. Mas, ainda não sei o que ela quer. Eu preciso melhorar minha atuação para convencer a Tati. Ela não pode saber o que está acontecendo, porque ela vai querer se intrometer e vai correr perigo.
Andréia: Como eu ainda sou tua amiga, heim?
Tati: Eu estou zelando pela sua virgindade.
Hã?
Andréia: Tati, eu estou casada com ele.
Tati: Mas, você disse que só se entregaria quando se casasse na igreja, e você só casou no cartório.
Agora, ela está inventando coisas.
Andréia: Se eu estava morando com ele, você acha que ainda não rolou nada?
Tati: Você sempre me dizia que não. Que ele respeitava a sua decisão. Como você acha que vocês casaram em menos de um ano? Ele estava louco para ser seu marido.
Andréia: Mas, agora, acho que essa história de virgindade, não tem mais nada a ver. Depois do que aconteceu comigo.
Tati: Não senhora! Eu estou aqui, para garantir a sua inocência.
Era só o que me faltava! Eu desisto dessa discussão de me deito para dormir. Amanhã, eu vejo como dá um jeito na Tati.