Narrado por Edson
Assim que a Leticia se distancia, eu solto aquilo que me incomodava. Não, não é um peido, são as minhas lágrimas.
Pedro: Filho, vai dá tudo certo. Ela está bem, isso é o que importa. Quando ela sair do hospital e for para o seu apartamento aos poucos as coisas vão se ajeitando.
Edson: Estou achando melhor ela ficar um tempo na casa do pai dela.
Pedro: Vai desistir dela?
Edson: Foi eu que causei tudo isso, nosso relacionamento foi rápido de mais, ela devia estar sob pressão.
Pedro: Isso foi a desculpa mais i****a que você já deu...
Edson: Mas, pai...
Pedro: Mas nada, no momento em que ela mais precisa de você, vai abandona-la?
Edson: Eu não estou a abandonando, só acho que ela precisa de um tempo para respirar.
Pedro: Agora que ela perdeu a memória? Se ela não se lembra de você, porque precisaria de tempo para respirar?
Está aí, uma lógica!
Pedro: Você já viu aquele filme: “Como se fosse a primeira vez”? Que o cara tem que conquistar a mulher que ama todos os dias, porque sua memória é apagada toda noite?
Edson: Você sabe que eu não gosto de filme de ficção, dificilmente se parece com a realidade.
Pedro: Não é para parecer com a realidade, é para passar uma mensagem, que para o amor durar, é preciso reconquistar a pessoa amada sempre e não deixar o relacionamento esfriar.
Edson: Não sei no que esse filme me ajudaria.
Pedro: Está bem, você quer realismo, tem um outro filme interessante.
Edson: Lá vem, em que esse filme seria mais interessante que o outro.
Pedro: Esse é baseado em fatos reais.
Isso despertou minha curiosidade.
Pedro: O nome do filme é: “Para sempre”. A jovem perde a memória dos últimos 18 meses – exatamente o período que ela conheceu e se apaixonou por Kim (que no filme se chama Leo). Durante o filme, Leo luta para que sua amada se apaixone por ele novamente.
Realmente é bastante interessante.
Edson: O senhor está me propondo que eu assista a esse filme para pode reconquista-la?
Pedro: Não! Eu estou te propondo que você deixa essa besteira, de querer dá um tempo para ela respirar e vá atrás de sua esposa...
Eu penso um pouco, ele tem razão, se ela não se lembra do que aconteceu, como ela precisa de um tempo para respirar?
Pedro: E depois, vocês já estão casados, não vai demorar muito para ela cair nos seus braços de novo.
Edson: O senhor tem razão, eu não posso desistir dela, ela precisa de mim.
Pedro: É assim que se fala, filho!!!
Eu sinto a esperança bater a minha porta e meu apetite voltar. Eu tomo uma golada do meu cappuccino, mas, antes eu pergunto para meu pai...
Edson: Como a mamãe está? O que ela teve?
Pedro: Ela está bem!
Agora sim, eu fico mais tranquilo e dou uma enorme golada no meu cappuccino...
Pedro: Ela só está gravida.
Merda! Acabei me engasgando com essa notícia.
Edson: Isso também foi um resultado de algum filme? 50 tons por acaso?
Meu pai dá um tapinha na minha cabeça.
Pedro: Olha como você fala, o bebê vai ser seu irmão ou irmã.
Edson: Desculpa! Eu ainda estou estressado com tudo o que aconteceu.
Pedro: Está bem! Vai lá ver sua esposa...
Eu me levanto e saio em direção ao quarto em que minha esposa está.
Narrado por Tati
Depois de ter visto e falado com o aeroporto de mosquito, (O coronelito) descobri que minha melhor veio parar no hospital, eu queria saber como está a mãe do Edson e acabei sabendo que a Andréia teve um susto psicótico. Se fosse comigo seria até normal, mas, se tratando dela... É impossível. Nunca vi uma garota tão ajuizada quanto ela. Eu me informo na recepção onde fica o quarto dela. Assim que abro a porta, sou barrada por alguém.
Enfermeira: A senhorita está precisando de alguma coisa?
Tati: Minha amiga está internada nesse quarto.
Enfermeira: Desculpa, você não pode entrar sem autorização de algum parente.
Quem ela pensa que é?
Tati: Você sabe com quem está falando? Eu sou o grande amor da vida dela.
Enfermeira: Achei que ela fosse casada...
Eu engulo seco...
Tati: Eu sou sua segunda opção...
Ela me olha confusa...
Enfermeira: Sinto muito, você não pode entrar sem autorização de algum parente.
Eu olho para ela com um pouco de malícia, sei como convencê-la...
Narrado por Andréia
Eu escuto a voz da Enfermeira do outro lado da porta, ela está falando com alguém... Ah, não! É a Tati! Droga! Quem a avisou? Ela vai encher minha paciência... Por outro lado, me deu tempo para voltar para cama e fingir que estava dormindo. Ouço a porta do quarto se abrir, ao mesmo tempo em que a porta do banheiro em que estava a Letícia.
Letícia: O que você está fazendo aqui?
Tati: Eu te pergunto a mesma coisa. Não basta ter quase ferrado com o namoro da minha amiga uma vez, agora vai ferrar com o estado de saúde dela também?
Droga, Tati!!! O pior, é que a Tati tem razão!
Tati: Eu não vou deixar que você atrapalhe o casamento deles, nem que eu fique aqui 24 horas por dia, até que ela saia do hospital.
Aff! Ninguém merece, preciso sair daqui logo. Eu abro um pouco o olho para ver o que está acontecendo. A Tati se joga no sofá e ainda pega uma refeição que foi preparada para mim. Aff! Até que não seria uma má ideia, eu me esquecer dela de verdade.
Leticia: Eu não vou precisar atrapalhar o casamento deles, ela teve um ataque psicótico e não se lembra de ter conhecido o Edson.
Tati: Eu não acredito em você, ela jamais se esqueceria do amor da vida dela.
Letícia: Então, espere ela acordar e veja por si própria.
Tati: Se acontecer alguma coisa com minha amiga, eu sei de quem foi a culpa.
Letícia: Se você se intrometer no meu caminho, você vai ser a próxima e ficar num leito de um hospital.
É impressão minha, ou ela acabou de ameaçar a Tati?
Tati: Está me ameaçando?
Letícia: Não, é apenas um aviso.
Não foi muito inteligente da parte da Letícia, ela não conhece a Tati.
Tati: Se eu for parar num hospital, você vai parar no cemitério.
Letícia: Está me ameaçando?
Tati: Nãoooo! É apenas um aviso...
Ouço a Tati falar isso com tom irônico. Acho que essa discussão está indo longe demais, é melhor acordar. Eu finjo uma tosse e abro os olhos.
Letícia: Já acordou? Ainda não passou o efeito do remédio...
Andréia: Com essa gritaria toda, até um paciente em coma acordaria. Do que vocês estavam falando?
Letícia/Tati: Nada!
Tati: Que bom que você está bem, achei que não suportaria a uma picada de cobra.
A Tati fala apontando com a cabeça para a Letícia.
Letícia: Bom, já que acordou vou chamar o médico para te examinar.
A Letícia sai do quarto e eu me sento na cama, estou cansada de fingir que não estou bem e se a Tati ficar aqui até a hora de ir embora, eu tenho que fingir que estou melhorando.
Tati: O que aconteceu com você?
Eu detalho o acidente da minha mãe, para não levantar suspeitas.
Tati: Mas, sua mãe morreu há um ano...
Andréia: Agora, eu sei disso. Parece que de repente, eu tive um ataque, perdi a memória de 1 ano.
A Tati me olha de um jeito estranho, como se tivesse me analisando.
Tati: Sei! Está bem! Como você pode deixar que a Letícia cuide de você?
Ela está jogando verde, para ver se eu mordo a isca.
Andréia: Porque não deixaria? Ela é uma médica atenciosa.
Tati: Ela já atrapalhou seu namoro com o Edson, ela não deveria chegar perto de você.
Eu não respondo nada, na verdade, eu nem tenho o que falar. Essa situação me deixa preocupada.
Tati: Não vai perguntar quem é Edson.
Andréia: Já me disseram que estou casada com ele.
Tati: Só isso? Não tem mais nada a dizer?
Andréia: Ele até que é bonitinho...
Tati: Bonitinho? O Edson é o cara mais gostoso que você já ficou?
Isso, eu tenho que concordar...
Tati: Acho que ela vai aprontar com você. Não tenho dúvida que a Daniela está por trás disso.
Tenho que admitir que a Tati é muito perspicaz.
Tati: Essa mulher é perigosa, ela já ferrou com você uma vez e vai ferrar de novo.
Andréia: Eu sei, mas...
Droga! Eu já estou falando demais, ela vai desconfiar. Eu finjo uma tosse. Eu olho para ela e ela levanta uma sobrancelha.
Tati: Sabe é?
Merda! Tarde de mais. Para minha sorte, a porta do quarto se abre...