Capítulo 12 — A outra

1347 Words
Ísis — Freya tá se metendo no que não deve, meu irmão não é nenhum cara bonzinho, Sete. — Não quero que ela se machuque, porque é isso que ele faz com quem se envolve com ele desde que a outra morreu. Estava observando o pessoal chegando, enquanto preparava os espetinhos com Will. — Ela é adulta e sabe onde tá se metendo, deixa o cara ser feliz. — Esse tipo de felicidade não é o que ela merece ou almeja um dia ter, já tem problemas o suficiente com a mãe dela. — Bofinho, o negócio é que a mina nem sabe do que ele é capaz, não sei se tu percebeu, mas ela é bem ingênua. — Will comentou, deixando a indignação estampada na cara de Sete. — Ou você vai mandar ele ficar longe dela ou eu mesma vou tomar minhas próprias decisões. — Coloquei um ponto final na conversa quando vi os dois entrando, ela entrando na frente e ele com cara de quem não quer nada logo atrás dela. O clima ficou pesado, Sete chamou Jamerson e os dois saíram, foram para a laje acender a churrasqueira. Minha mãe estava com as amigas preparando as tortas e outras coisas que vai ter, aproveite o momento a sós quando Will saiu e tomei a atenção dela. — Ele me disse que te viu hoje no trabalho, também fiquei sabendo do que ele disse lá… — E você levou isso a sério? Porque eu eu. — Seu tom de voz sério não me engana, ele demorou demais a voltar e isso tá me cheirando a mentira. — Não sou i****a a esse ponto, Ísis. Posso não conhecer seu irmão tão bem assim, mas conheço o suficiente para ficar bem longe dele. Fora isso, ainda tinha a Evelyn nesse meio e ela nem sabia disso e não sou eu quem vai dizer, a não ser que o boca não diga nada, aí eu vou ter que abrir minha boca. — Eu sei onde me meto, Ísis. A gente já conversou sobre o que ele disse hoje lá, não vai acontecer de novo e eu não vou cair na lábia dele, pode ficar tranquila. Ok? — Freya… você ainda vai… — Eu ainda vou ser feliz. Ainda vou conquistar minhas coisas e poder viver tranquila, sem me preocupar com tudo que hoje me incomoda ou me deixa infeliz. Eu tô lutando pra ter minhas coisas, seu irmão que grudou na minha cola e agora colou de vez, mas nada que uma boa mulher na vida dele não resolva. Ou seja, essa mulher não será eu. Freya Confesso que ele tem uma pegada forte e gostosa, capaz de enlouquecer e até mesmo me fazer ceder a certos toques, mas não sou nenhuma i****a de ir pra cama com o um cara que pra mim é um desconhecido. Ajudei Ísis com o restante das coisas que faltavam ser feitas, parabenizei sua mãe e por alguns minutos fiquei sozinha. Arrumei as mesas lá em cima, forrei todas elas e me surpreendi com a chegada de uma loira procurando por Boca, ou seja, não era eu a sua favorita. — Oi… você viu o Jamerson por aqui? — A mulher estava na casa da mãe do cara e não poderia procurar ele não? — Não, mas acho que ele deve tá lá dentro. — Will chegou bem na hora em que ela estava parecendo uma barata tonta depois de uma chinelada. — Evelyn… — Ao vê-la, Jamerson suspirou e a pegou pelo braço, a levando até o canto da laje. Então era isso… ainda bem que eu não cedi a ele no banheiro, ou agora seria uma mulher fodida e decepcionada. — Então, a gente acha que você deve vir morar aqui e deixar de pagar aluguel lá. Já combinamos tudo, eu tenho alguns móveis que não uso e podem ser seu, as amigas da Ana também vão te ajudar. — Não é possível! Ísis não consegue manter a boca fechada e eu não fazia ideia de que ela não iria mais voltar. — Como é? — Franzi a sobrancelha e o olhei séria, vendo seu sorriso se desfazer e ele perceber que eu não estava sabendo de nada disso. — Não sei o que Ísis te disse, mas eu não tenho pretensão de vir morar aqui. Fica longe do meu trabalho e perto do irmão dela, além disso, eu teria que seguir suas regras por certas partes e não é isso que eu quero. Valeu por tentar me ajudar, Will. Mas é como eu disse: eu tô procurando fugir do problema por enquanto, não procurar mais. Embora fosse me aliviar bastante, porque o dinheiro do aluguel já iria servir para outras coisas, não é o que eu quero fazer. Suspirei aliviada quando ele saiu de perto, voltei a atenção ao “casal” que mais parecia estar tendo uma DR ali mesmo, fazendo a maior cena, até que ela gritou: — Sabe o dia que eu vou te ajudar? Nunca mais. Vou fazer de tudo pra você ser preso, vou dizer ao meu pai onde você mora e vou mandar os cara dá um chá de sumiço na sua irmã. — A loira gritava com o dedo na cara dele, deixando estampado o ódio que estava sentindo. Sete se pôs ao meu lado e cruzou os braços, observando a cena comigo enquanto eu estava impactada com tal audácia, mas não me limitei a perguntar o que era aquilo. — Um rompante amoroso ao vivo? — Perguntei não cometendo o riso que saia da minha garganta com facilidade. — Pra você ver como são as coisas. — Nos olhamos e rimos daquela cena ridícula que a garota estava se submetendo. — Mas e aí, como foi seu primeiro dia lá? Ela deve tá aqui porque sua colega de trabalho é amiga dela, acho que precisa saber disso. — Foi bom, mas dessa eu não sabia. Mas me diz: é uma coisa que eu tenho que me preocupar? Pelo que entendi, o pai dela e policial, tô certa? — Ela não é doida de tocar um dedo em você, mas é bom ficar alerta. — Como se já não fosse o suficiente, agora eu tenho mais problemas no meu pé. Estava me saindo, mas fui pega de surpresa pela loira louca que estava vindo em minha direção, com fúria nos olhos e ódio em sua fala. Com a mão na cintura ela parou na minha frente e me encarou por alguns segundos que seus seus demônios. — Você deve ser a Freya! — É… sou eu… — Respondi ficando em sua frente, parada e esperando o que estava por vir. — Cuidado pra você não ser a próxima i****a a cair na conversa desse cara. Ele vai te comer e depois te jogar fora. — Então era isso, uma i****a que se deixou levar pelas conversas de um traficante? Chega a ser decadente esse tipo de coisa. — Fica tranquila, eu sei pra quem eu vou dar. Não sou de ficar com qualquer porcaria. — Me retirei e a deixei gritando sozinha, enquanto Sete a tirou dali arrastando ela pelo braço ladeira abaixo. Fui até o banheiro, era o lugar mais silencioso da casa e por sorte somente eu, Ísis e Sete estava lá em cima e presenciei essa palhaçada. Olhei para Jamerson que estava me esperando do lado de fora do banheiro e me mantive calada e impaciente, minha vontade era de ir embora e nunca mais voltar ali, mas não posso fazer desfeita a dona Ana. — A gente pode conversar? Não é o que você tá pensando, pô. — Olha só, você não me deve satisfação. Eu não quero saber da sua vida e não sou eu quem vai te fazer mudar de ideia. Será que você ainda não percebeu que eu não quero ficar com você? Não foi a fim de desgraçar minha vida saindo com um traficante, eu… — Fui surpreendida com seu beijo, que me fez calar e ceder ao desejo que estava me consumindo.
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