Nitidamente incomodada, ela ficou séria
- É. Voltei. Justin, vamos?
O rapaz saiu rindo a encarando fixamente
- Olívia já faz muito tempo, mas você não mudou nada.
Ela ficou quieta sentida com os olhos marejados, não conseguiu falar nada, Chay se aproximou irritada
- Esse lugar nunca foi muito bem frequentado mesmo. Tudo bem prima? Ignora esse cara!
Olívia sorriu enxugando as lágrimas
- Tudo sim, é só como se eu tivesse voltado no passado, a ser a mesma boba.
- Me senti impotente... Deixa pra lá.
- Vou me despedir do pessoal.
Foi para o banheiro, Justin ficou sem entender
- Qual a desse cara Chay?
- Eles namoravam? Ela gosta dele?
Levou um cutucão
- Tá maluco? Ele é o Américo, sabe?
- É claro que não sabe, ela não contou.
- É coisa pessoal dela, mas saiba que a Olívia nunca teve namorado, ela não é do tipo que se aventura, espero que saiba do tamanho da sua responsabilidade, ficando com alguém como ela.
Olívia voltou encostou ao lado dele
- Nós já vamos tá. Só vou pagar a conta!
Ele foi pegando a carteira
- Deixa que eu pago. Presente de boas vindas!
- O que aconteceu, com aquele cara? O Américo!
Ela disse que nada, Chelly se aproximou conversando eufórica e bêbada, assim que Olívia se afastou, Justin aproveitou a oportunidade puxando a nova prima de canto
- Chelly qual a história daquele cara lá fora parecendo o rei do gado?
- O da caminhonete! Não gostei do jeito que ele falou com a Olívia, cobiçando.
- Sei que você é a pessoa que vai me contar isso direito!
Ela olhou para os lados apreensiva
- Não conte que fui eu. Na época da escola, ele era um daqueles caras populares, agroboy, dava as melhores festas, tipo toda menina iria querer e ela não foi muito diferente.
- Se aproximaram quando ela dava aulas de reforço. Tinha uma aposta i****a de moleques rolando, ele a deixou bêbada, tirou vantagem e o resto já pode imaginar.
Olívia estava voltando, os dois mudaram de assunto disfarçando, Justin foi convidado para o casamento de Chelly que seria na véspera de natal.
Foram saindo pra ir embora, ele ficou sério pensando no que soube, ao passarem pela calçada, Américo mexeu com ela
- Olívia foi bom te ver. Continua a mesma!
Ela só ignorou continuou andando, Justin voltou para trás rindo com ironia
- Ela não é a mesma, a cada ano que passa, só fica melhor.
Américo também deu risada com afronta
- Então vou ter que provar pra...
Nem pode terminar a frase, Justin partiu pra cima lhe dando vários socos, não levou nem um sequer, quando o tiraram de cima, ele saiu gritando com provocação
- Se quiser provar de novo, é só me procurar!
Ela ficou muito brava, começou brigar com ele alterada, dizendo que não devia ter feito nada, assim que entraram no carro, ela começou chorar preocupada
- Você não pode vir aqui e sair mexendo com as pessoas.
- Agora vai embora e largar o problema. Irresponsável.
Ele disse que só queria a defender, ela gritou
- Eu não te pedi isso, você não sabe de nada!
- Que droga. Acha que todo mundo vive igual a você?
- Ele não vai ficar de boa. Já pensou no que vai acontecer, quando não estiver aqui? i****a!
- Ele pode ficar atrás de mim, voltar a fazer ameaças e meus pais.
O noivo de Chelly disse que aquilo não ia dar em nada, pediu pra ela se acalmar, porque o Américo não era mais um adolescente, e tudo já tinha sido resolvido no passado.
Ela chorou o caminho todo, preocupada com os pais, em como iria explicar caso fossem falar algo, perguntou se eles conseguiam o contato dele, pra ela se desculpar.
Justin se alterou também
- Você não vai pedir desculpas de nada pra ninguém.
- E se ele vier falar alguma coisa, eu resolvo!
- Que tipo de ameaças ele fazia com você?
- Acho que vou...
Ela interrompeu
- Não vai fazer mais nada. Já não fez o suficiente?
Chegaram na casa dela, já era tarde, ao ficarem a sós na frente do portão, ele acariciou suas costas
- Por favor, se acalme, o cara é algum psicopata?
- Eu já perdi as contas de quantas vezes levei socos por aí.
Ela estava tentando se acalmar, antes de entrar
- Você não entende. Ele tem coisas pra me prejudicar.
- É vingativo e sabe que a gente, meus pais.
Ele não entendeu, perguntou o que ele tinha, ela continuou falando aos prantos
- Coisas que mostram. Com certeza alguém te falou algo e você quis se aparecer, bancar o herói.
- Quando eu estava no colegial, comecei dar aulas de reforço, para os meninos que iam repetir.
- O Américo era um deles, sempre teve tudo o que queria, ficar com as meninas mais bonitas era rotina.
- Então fizeram uma aposta entre eles, sobre conseguir ficar com outros tipos, alguém que realmente fosse um desafio.
- Eu m*l entendia o que era flertar e sabia me por, no meu lugar, não ficava fantasiando nada, fui um alvo fácil, com o tempo, fomos nos aproximando, a gente passava as tardes na biblioteca sozinhos, eu achava que éramos amigos e confiei nele.
- A aposta não era só sobre beijar, estávamos ficando escondidos, eu tinha medo do meu pai descobrir.
Teve uma festa, acabei bebendo pra ser como eles e as coisas saíram do controle.
- Eles tinham fotos e vídeos, de várias garotas, só que eu era diferente, todos devem ter visto, era um grupinho babaca que colecionava conquistas.
- Ele gravou a gente, se aproveitou do meu estado, depois quando acordei sabia uma parte do que tinha acontecido, não era tão boba, fiquei confusa com medo de engravidar, meus pais descobrirem.
- Quando eu fui questionar o que tinha acontecido, as ameaças começaram, porque ele tinha prova de que eu quis, virou outra pessoa.
- Falou que se eu denunciasse ou contasse para nossas famílias, ele iria mostrar tudo pra todo mundo.
- Então logo descobri com uma das meninas que nem tinha amizade, o esquema deles.
- Se meu pai ver uma coisa assim, vai morrer de desgosto. Eu mesma não tive coragem de ver!
Ele se aproximou a abraçou
- Isso é sério, eu vou dar um jeito de resolver.
Ela se afastou
- Não, você não vai fazer mais nada.
- Não se mete! O Américo gosta de medir forças, vai te ver como um adversário e me usar pra ganhar.
- Promete que vai deixar isso quieto?
Ele tentou se aproximar de novo
- Eu não gosto de prometer nada.
Ainda nervosa ela abriu o portão, foram entrando e já recebidos na varanda por seus pais, Joelma ficou confusa notando os olhos vermelhos de Olívia
- Filha, o que aconteceu?
- Vocês brigaram? Está tudo bem?
Justin mostrou rindo a mão toda machucada
- Ela não, só eu.
Valter perguntou o que tinha acontecido, ela respondeu rápido
- Nada demais, tinha um cara bêbado incomodando e o pavio curto aí foi arrumar encrenca.
- Vamos por gelo nessa mão Justiniano!
- Eu fiquei morta de vergonha, agora toda a cidade sabe que voltei.
Valter pediu pra ver a mão, resmungou com desdenha
- Amostrado que só.
Justin olhou na direção de Olívia
- Eu acho que estou encrencado.
Joelma ficou rindo disse que pelo menos ele cuidou da filha dela, mostrou o colchão que ele dormiria na sala, Olívia interrompeu
- Vem cuidar dessa mão ou vou deitar e te deixar com dor aí.
Ele estava rindo cheio de graça, dizendo que dor era o que mais tinha pelo corpo todo, os pais dela foram deitar.
Ela estava em pé na cozinha mexendo na caixa de remédios, Justin sentou a mesa
- Eu realmente estou com dor, a queda está refletindo mais agora.
- Imagina se eu morresse, aí você iria chorar por mim!
Ela lhe serviu dois comprimidos, foi colocando água pra ferver
- Pare de brincadeira, eu tô uma pilha de nervos, já chorei litros ao seu lado.
- Vou fazer macarrão pra você!
Ele se calou, ficou a observando toda séria, ela colocou gelo na mão dele, fez curativo, estava pensativa olhando para a janela, ele terminou de comer, foi colocar o prato na pia
- Posso te perguntar uma coisa?
Ela começou lavar a louça
- Acho que vai perguntar de qualquer forma afinal.