Capítulo 35

3124 Words
Ele chegou mais perto a encarando fixamente nos olhos - Como eu faço você se sentir? Seja sincera! Ela desviou o olhar - Sempre sou sincera com todos! Ele sorriu acariciando seu rosto - E consigo mesma? Tem sido sincera? - Precisa parar de se cobrar tanto, você não é uma máquina meu bem. Ela apenas o olhou séria, se esquivou sutilmente, foi arrumar o colchão na sala, logo ele deitou também pensativo, ela deu boa noite friamente e foi para seu quarto. Com um turbilhão de pensamentos e cada vez mais mexida com ele, pois bem lá no fundo, sentiu prazer em ser defendida. Já havia se passado mais de uma hora e o sono não tinha chego para ambos, exausta de rolar na cama, Olívia se levantou na ponta dos pés, foi indo para a sala espiar, o encontrou sentado mexendo no celular, perguntou cochichando - Aconteceu alguma coisa? Porque não está dormindo? Ele esticou a mão, chamando - Não consigo, lugar diferente, com dor. Ela se abaixou de joelhos no tapete ao lado dele - Sinto muito por isso, aí não é nada confortável. Ele interrompeu acariciando seu cabelo - Não é esse o problema, ficar sem você que é, já me acostumei dividir a cama. E você, porque está acordada? Ela estava chateada, se sentou na beirada do colchão - Eu não sei, acho que não me sinto em casa, o dia foi bem cheio. Quer que eu faça um chá? Leite? Ele sorriu enfiando a mão no meio do cabelo dela - Não, quero outra coisa! Se aproximou lentamente - Um beijo, de verdade! Sem se afastar ela balançou a cabeça que não, ele encostou seus lábios sutilmente, sentiu sua respiração ofegante nervosa, a olhou nos olhos - Deixe me dormir com seu gosto e cheiro em mim. Chupou seu lábio inferior - Essa sua boca. Ela sorriu sutilmente, teve a boca tomada por beijos ardentes que lhe fizeram perder a noção de tempo e do perigo de serem flagrados. Lhe distribuindo vários beijinhos ele começou rir satisfeito - Está vendo? Nem doeu! Ahhhh como eu queria mais de você. Ela se levantou apreensiva rindo - Vai dormir Justiniano! Ele beijou sua mão afetuoso - Vou sonhar com você. Se deitou rindo sozinho, ela entrou no quarto acariciando seus lábios com a sensação do gostinho de " quero mais ", se deitou lembrando das poucas vezes que se beijaram tão naturalmente, primeiro no jantar romântico, onde ela alegou ter esquecido por causa da bebedeira, depois no show e por último lá. Por sorte seus pais não viram nada, antes das sete horas, Justin levantou impaciente, revirou a cozinha até encontrar tudo, fez café e foi para o quintal brigar com a decoração, quando Valter levantou muito bravo imaginando que o visitante deveria estar no quarto de Olívia, o encontrou na verdade em cima da escada no quintal, sorridente - Bom dia doutor Valter! - Eu terminei, só preciso achar onde liga isso tudo. - Fiz café espero que goste bem forte. Valter torceu o bico contrariado - Que doutor o que, eu não sou isso. Foi pegar o café voltou reclamando que estava sem adoçar, começou andar acompanhando a decoração, Justin desceu animado esperando elogio - E aí? Ficou bom né? Quero ver a noite! Valter não deu o braço a torcer, sentou na varanda com deboche - Tá bom até já que num foi eu. - Vou capinar esse quintal tudo hoje. - Olívia vai gostar da casa do jeito que ela deixou. Todo prestativo Justin disse que ajudaria, porque o seguro ia demorar dias pra dar assistência, Valter deu uma indireta dizendo que nem era difícil arrumar sua caminhonete velha, foi coagindo Justin a se oferecer pra ajudar, eram mais parecidos do que imaginavam. Olívia foi a última a levantar, quase dez horas da manhã, pulou da cama no susto, pois não queria deixar Justin sozinho com seus pais. Ao chegar na sala, não o encontrou, o colchão nem estava mais lá, foi para a cozinha, encontrou Joelma confeitando bolos - Bom dia mãe. Tudo bem? Cadê o Justin? Valter passou pela janela gritando - Eu num sei onde que tá, dá pra ser outro não? - Você vai terminar de estragar essa velharia aí. Olívia saiu para o quintal curiosa - Oi pai bom dia. O que o senhor tá fazendo? Ele a beijou abraçou - Bom dia filha, o amostrado ali disse que vai arrumar o meu carro, quero de ver. Olha a decoração de natal, ele fez tudo bem cedinho, levanto com as galinhas. Saiu rindo debochando de Justin que estava todo perdido entre as ferramentas, ela foi até ele muito surpresa - Oi bom dia, dormiu bem? - O que está fazendo? - Sabe mexer nisso? Ele mostrou uma ferramenta de longe para o Valter - Essa da!!! Se aproximou para beijar ela no rosto - Poderia ter dormido melhor, mas pelo menos sonhei com você, foi uma noite e tanto. Toda apreensiva ela deu um passo para trás, ele continuou falando - Acho bom isso funcionar. - Ahhh eu não sou seu secretário, as pessoas não param de me enviar mensagens, estão te caçando! - Seu celular está no carro, foi um presente que eu acho muito necessário. Aceite, é seu! Ela disse que não poderia e ressaltou, seu pai era muito preconceituoso com pessoas bem de vida. Valter voltou reclamando do mato no quintal, só pra Justin falar na frente dela, que iria capinar, ela mesma não achou boa idéia, disse que não precisavam se cansar com aquilo, Valter debochou batendo nas costas de Justin - Eeeee mais com esses braço forte aí, vai ser dois pulo filha. Deixa ele ajuda, já que não quer ir embora logo. Ela ficou apreensiva, foi ajudar a mãe com os bolos, usou o celular dela pra conversar com a enfermeira, soube que Lola foi ficar por horas no hospital fazendo companhia a Daisy. Já era quase hora do almoço, o carro não funcionou, faltava uma peça que Valter tinha quebrado, ele novamente deu indireta provocando, dizendo que precisava ir na cidade e caminhando, Justin se prontificou em ir junto. Estavam os dois no quintal conversando, Joelma pediu uma galinha a " Mirrada ", Valter apontou - É aquela ali, você sabe pegar uma galinha? Ele mesmo começou rir - Acho que não é difícil. Posso tentar! Ao se aproximar a galinha correu, ele foi atrás sem sucesso, Valter estava se acabando de rir sentado, pegou o celular tentando filmar - Olívia ajuda o pai aqui. Ela estava olhando pela janela só esperando Justin se irritar, saiu pra fora disse que a mãe ia fazer outra coisa, exausto Justin foi na janela da cozinha - Não vou desistir, é uma questão de honra né dona Jojo. Olívia mostrou ao pai como filmar, voltou para a cozinha rindo - Justin não precisa ficar bancando o amostrado. Ele estava tomando água - Se me notar, eu paro. Pegou um pão e foi atrás da galinha de novo, caiu na terra, rolou no chão, já estava só de shorts sem camiseta e imundo, todo queimado de sol, depois de estrelar em vários vídeos sem nem saber, conseguiu capturar a galinha. Todo orgulhoso começou gritar pela Joelma, ela logo saiu foi começar o preparo, o primeiro passo era destroncar e tirar a vida, ele estava muito perto, quando viu começou passar mau, a pressão caiu, sentiu muito nojo, dó e foi ficando pálido, sentou no chão, Valter começou rir - Vem acudir aqui Olívia ele tá desfalecido igual a galinha. Ela saiu correndo se abaixou preocupada, o ajudou levantar, deixou deitado na rede perto de Valter, deu um copo de suco e uma banana, ele estava sério com o mau estar grande, disse que já ia voltar a ativa. Joelma mandou os dois pararem até o almoço estar pronto, ela mesma estava com dó de Justin. Almoçaram frango frito, arroz, feijão e salada de alface, Chay chegou com seu namorado pra pegar uma encomenda de bolo, se acabou de rir dos vídeos, Justin tinha ido tomar banho e não viu, ganharam carona pra irem na cidade. Foram Valter e Justin na carroceria da Saveiro, quase brigaram na cidade porque Justin queria ir no mercado e Valter não queria. Justin foi comprar remédio, se irritou por Valter não aceitar nada, insistiu tentando comprar as peças para o carro. Voltaram duas horas depois, rindo muito de carona com um vizinho, estavam cansados de andar, carregando galão de combustível, sentaram em um ponto de ônibus, decidiram esconder isso delas duas, mantiveram a história de que andaram a pé a volta toda. Conseguiram arrumar a caminhonete, assim que ela ligou, Justin gritou eufórico esperando elogio - Olívia vem fazer um teste drive. - Nem acredito que consegui. Valter questionou desde quando a filha sabia dirigir, ela respondeu apreensiva - Não sei. - É que as babás, a maioria dirigem. - Eu ia aprender, no trabalho. Justin sorriu - Eu posso te ensinar. Se seu pai deixar, é claro! - Imagina você e sua mãe andando por aí, ou em uma emergência. Valter ficou pensativo - É bom mesmo de saber filha. - O pai vai ensinar você! Ela disse que adoraria aprender, enquanto Justin foi carpir o quintal sozinho, com muita dificuldade por nunca ter feito aquilo antes, Valter saiu andar na estrada de terra com Olívia a ensinando dirigir a velha caminhonete, deram muitas risadas, ele confessou que pedia a Deus todos os dias que ela voltasse logo pra alegrar a vida deles, se emocionou muito olhando que a filha estava diferente, adulta demais aos olhos dele. Quando voltaram Valter foi ajudar, em pouco tempo fez mais terreno que o ajudante, estavam acabando quando Justin se machucou pegando a inchada no pé, ficou com medo de tirar o tênis, sentou com muita dor. Olívia correu pra socorrer, chamou atenção do pai dizendo que não era pra ficar rindo. Quando tiraram o tênis puderam ver que realmente machucou, pegou a unha do dedão, Justin estava pálido, aceitou ir no hospital por insistência de Olívia. Foram os dois de caminhonete, ele mesmo foi dirigindo, já estava escurecendo, ela se desculpou pelo pai, disse que era pra ele ir embora no dia seguinte, ficar com a família. Ele disse rindo que não ia arregar igual a ela, que fugiu na primeira oportunidade, quase chorou no hospital, tomou injeções, fez curativo, falou muito m*l do SUS, o médico plantonista disse que era só esperar a unha cair, tomar os remédios por sete dias. Ele estava se ardendo muito por causa das queimaduras de sol, com dor nas costas, foi embora reclamando de tudo, novamente ela o alertou que lá a vida era simples e claramente não era lugar pra ele. Ele a fez voltar dirigindo pela estrada de terra, quando chegaram o jantar estava quase pronto, ele tomou banho e deitou na rede, estava muito cansado, acabou dormindo rapidamente. Olívia se arrumou pra sair, sua prima tinha lhe convidado pra irem assistir um filme que seria exibido em uma praça para a cidade toda de graça. Colocou uma calça mais folgada pantalona azul marinho, regata agarrada ao corpo preta e tênis, passou maquiagem, fez trança boxeadora no cabelo. Foi acordar ele pra jantar, o tocou sutilmente acariciando seu braço - Justin vamos comer. - Você tá roncando! Ele despertou sonolento - Eu não quero comer, tô um pouco cansado de ser um saco de pancadas do seu pai. Ela sorriu sem jeito - Eu sinto muito. Devíamos ter passado protetor solar em você. Quer comer aí? - Posso fazer seu prato. - Vou sair com a Chay e o pessoal, vai ter telão na praça, tipo cinema. Você pode ficar dormindo no meu quarto, é mais confortável. Ele foi sentando - Eu não vou ficar sem você. Porque não quer que eu vá junto? Ela começou rir - Eu não disse isso, só achei que você preferia ficar dormindo descansando. Gemendo de dor todo destruído, ele se levantou mancando - Não, quero ir junto. Vou me trocar! Ela foi fazer o prato dele, macarrão com salsicha ao molho, jantaram juntos rapidinho, estavam sozinhos na cozinha, ela perguntou se ele não iria embora logo, lhe tirou um sorriso - Porque tão já? - Eu quero ficar pro natal e fui convidado pro casamento. Não se esqueça disso! Ela estava séria - Justin, não tem que ficar fazendo as coisas porque meu pai pede. - Eu imagino o quanto está desesperado pra voltar a sua vidinha! - Me sinto m*l sabe, não é legal isso tudo. Ele segurou sua mão por cima da mesa - Você não imagina nada, é pouco criativa. Vou ficar! Joelma entrou na cozinha falando no celular, deu o recado da Chay, que já estava ansiosa para encontrar eles . Olívia foi perguntar ao pai se poderia ir com a caminhonete, ele brincou - Você quem vai guiando? Ela disse que era melhor não, toda animada sua mãe mostrou uma caixa organizadora em cima do sofá - Coloquei uma colcha pra vocês senta, pega almofada também, quer leva um lanchinho filha? Será que vende coisa de come lá? Ela disse que sim, foi escovar os dentes e pegar um casaco, Justin já estava trocado, conjunto de moleton, chinelo, entrou na sala acariciando a barriga - Ahhhh eu já estou cheio, sua comida é sempre espetacular dona Jojo. Valter jogou a chave do carro - Menos a língua né que você não comeu foi nada com frescagem. Vê se cuida da minha menina e num arruma briga de novo! Ele disse que não podia brigar mesmo, porque com certeza levaria a pior, Olívia voltou o apressando, já saíram as pressas pra não perderem o começo do filme. Durante o trajeto ele deu o celular pra ela ver as mensagens de vovó Katrina revoltada, Malia, Lola, até Alysther, todos queriam notícias de Olívia já que ela estava sem celular. Ela começou rir muito surpresa - Nossa eu achei que ninguém nem ia lembrar de mim no dia seguinte que eu partisse. Posso responder a vó? Ele segurou sua mão afetuoso - Claro que pode, ela estava muito brava porque saiu sem se despedir. Ela foi gravando áudios, agradeceu muito a Lola por ter ido ver Daisy, conversaram por ligação, Lola estava curiosa pra saber o que estava acontecendo, Olívia foi contando tudo rindo muito de Justin. Quando chegaram na cidade, seu primo ajudou manobrar, tinham guardado uma vaga perto, o pessoal estava sentado no gramado com dois coolers cheios de bebidas, Olívia apresentou Justin como um amigo de São Paulo, só alguns amigos dela não o conheceram no restaurante na outra noite. Chelly começou rir - Um turista em busca de aprendizado. - Se você agarrar as oportunidades, igual pegou a galinha. Todos começaram rir tirando sarro, ela mostrou o vídeo que Valter mandou. Envergonhado Justin até fez piada de si, perguntou onde podia comprar água, foi sozinho do outro lado da praça. Olívia pediu pra serem legais, Chay disse que estavam sendo, com o novo primo, começaram questionar se estavam juntos, ela ficou toda sem jeito - Não - Somos só amigos - Acham que eu ia ficar com alguém como ele? - Tipo ele é muito legal, mas a gente não tem nada a ver. Chelly questionou - Mais uns pegas, você deu né? Tá arrependida? Chay falou séria - Olí sabe que a gente só quer seu bem, não precisa mentir pra gente, eu entendo se está com vergonha dele, eu também teria. Começaram rir fazendo piadas relacionadas ao jeito dele, as roupas, ao tratamento de Valter, ela apenas deu risada não disse nada que eram um casal. Quando ele voltou estava com mais bebidas, salgadinhos, foi sentando pertinho dela - Comprei vinho pra você. Novamente começaram fazer piadas sobre Olívia não beber, por insistência das primas ela acabou pegando um copo de vinho, o filme começou, em vinte minutos Justin pegou no sono deitado na colcha, com a cabeça no colo dela. Dormiu o primeiro filme todo, quando acordou ia começar outro, ela se levantou pra ir buscar o casaco no carro, foi sozinha. Viu o Américo e foi falar com ele, se aproximou tensa - Oi, posso falar com você? Ele se afastou dos amigos - Oi - Não vai chegar nenhum louco me batendo por me aproximar de você? - Seu namorado é bem ciumento né? Ela foi pro cantinho perto de um quiosque - Não é meu namorado, eu queria me desculpar pelo o que aconteceu. Meu amigo tinha bebido e achou que você estava me incomodando, o pessoal de fora, não entende como as coisas são aqui, as brincadeiras. Américo interrompeu com deboche - É, eles não entendem. Ela foi ficando nervosa - Américo eu... Olha, acabei de voltar e aqui é a minha casa, assim como é a sua, nossas famílias moram aqui. - Eu não quero problemas! Ele ficou sério - Eu vou relevar o que aconteceu, porque estava bêbado e nem lembro o que te falei pro seu amigo ficar daquele jeito. Você vai voltar de vez? Ela disse que sim, ele sorriu com maldade - Isso é bom! Toda desconcertada começou buscar palavras - Eu moro aqui, não sou mais jovem e boba, Américo eu tenho um futuro aqui, você entende isso? - Provavelmente vou dar aula para as crianças, não posso me meter em nenhum escândalo. - Você... - Eu vou trabalhar com crianças. Ele ficou confuso - Pode ficar de boa, já levei socos por muito menos. Seu amigo não precisa ficar em choque! Ela falou com a voz trêmula - O vídeo. Você ainda tem? - Poderia apagar? Ele ficou sério - Vídeo? Olívia... Ela se arrependeu - Deixa pra lá. Eu preciso ir ! Ele a segurou pelo braço - Olívia eu sei que ficamos na escola, acho que fui seu primeiro né, mas faz muito tempo. - Perdi aquele celular na piscina. - Veio falar comigo por causa de uma gravação boba de dez anos atrás? - Ou está inventando desculpas pra se aproximar de mim? Ela se soltou quase chorando - Gravação boba? Você me ameaçou! - Eu não gosto nem de lembrar, tudo o que você me fez. Eu não quero me aproximar! Ele entrou na frente a barrando de passar - É eu disse que não tinha te machucado de propósito, estava bêbado. Você também me ameaçou, eu só me defendi. - Também tenho uma vida aqui e não quero problemas, eu era um muleque doido. Isso é passado! - Tenho filhas. Vai ser a professora delas provavelmente. Ela estava engolindo o choro toda nervosa - Tá bom, então só esquece. E desculpa pelo meu amigo!
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