Mary e seu namorado

2038 Words
Eu não liguei para o que Mary falou eu estava cansada demais pra dar atenção pra uma criança mimada e inconsequente. relaxei por uns ali encostada na porta, passando instantes observando a condição da minha sala a decoração era bem agradável mesmo que simples… mais ou menos, era de um tamanho considerável, o sofá é estofado com couro verde abacate em forma de L , mesa de apoio de vidro, estante grande com uma televisão que não ligava a muito tempo, livros também que se eu mexesse teria que descascar a poeira acumulada. Havia ainda mais três cômodos no andar de baixo a cozinha será depois do sofá do lado o salão de jantar que acomodaria quase 10 pessoas, mas não almoça lá nem uma pessoa, eu não ando pelos cômodos dessa casa a muito tempo, a não ser a cozinha que eu sempre visitava, depois do salão o corredor até a garagem, três carros? Não me recordo porque três, mas tenho as chaves dos três, talvez fosse um meu, um da minha mãe e o outro do meu pai. Há um cômodo embaixo da escada, a última vez que entrei ali foi pra colocar quadros da família, tirei todos, talvez as traças os tenham devorados já, com certeza não quero assistir essa cena, apesar de que o problema era o valor sentimental que tem, sentimentos que quero evitar. A casa está inteira e intacta, mas é como está abandonada, a anos eu não visito muitos cômodos, o quarto de meus pais continuar trancado desde que descobrir a morte deles, nunca mais fui lá, eu costumava dormir lá quando tinha saudades, — por isso que odeio ficar andando pela casa… as lembranças começam a vir e isso me faz chorar. Eu atravessei a grande sala rapidamente até a cozinha peguei uma jarra dentro do armário e enchi de água da pia, Impaciente observando a água cair enquanto a jarra enche, a cozinha também é grande um grande janelão que pega de ponta a ponta da parede da altura da minha cintura até o teto, uma visão panorâmica privilegiada, podia me sentar em uma cadeira em frente a ela e ficar admirando o bailar das árvores. Essa cozinha é minha parte de entretenimento na casa pois eu podia olhar tudo lá fora não se podia ver nada aqui dentro, além de que esse vidro não era fácil de se quebrar por ser bem reforçado, eu lembro que joguei um copo de vidro com muita força contra ela. — pensando bem… talvez eles pudessem me ver pelos grandes janelões daquela mansão no meio da reserva, ainda há uma suposta garota que não pude ver… a namorada de Auguste… porque pensar nisso me incomodou? Continuei a olhar as árvores após a jarra encher, até avistar Mary colada a Maison em um beijo melado e nojento. — argh… parecem tão desesperados… eu preciso colocar uma cortina aqui — pensei com repulsa deixando a cozinha voltando pra sala, nada era pior que ver aqueles amassos estranhos e corruptos, mas Mary… acho que ela sabe o que está fazendo, ainda quero contar a tia, mas o que isso tem haver comigo? Molhei as plantas antes que elas desse seu último suspiro, fui negligente com tudo nessa casa, preciso melhorar isso, superar essas memórias e seguir minha vida, mas por agora, posso ao menos salvar uma plantinha. Tudo isso me fez esquecer do sangue nos pés, mas não quer dizer que o cheiro não estava me incomodando, ao terminar Voltei para meu quarto o sangue já estava seco, então não sujava nada, só ficaria o m*l cheiro impregnado. O fedor insuportável me fez correr até o banheiro pra não ter chances de deixar meu quarto com m*l cheiro, em questão de segundos já estava debaixo do chuveiro mesmo com as roupas, e as deixei ali escorrendo sangue pro ralo, meus tênis, m*l pude reconhecê-lo estavam vermelhos de tão encharcados de sangue parecia não ter fim continuava a escorrer pelo ralo misturado com a água, eu devia ter percebido que aquela sensação estranha no pé, eu achando que era só lama. Me sentei no chão próxima do chuveiro tentando assimilar tudo que vi, mas é impossível acreditar, eu me recuso a pensar que… talvez… talvez… não, minha cabeça está se recusando a pensar nisso. Não posso pensar nisso, desde que eu moro nos limites da reserva. — Está tudo bem! — disse a mim mesma me levantando e deixando as roupas ali debaixo do chuveiro até todo sangue sumir, eu tinha que acreditar que estava tudo bem, afinal estou sozinha, pra quem eu poderia ligar e a noite? — Eu… ahhh estou com problemas aqui, por acaso? — Continuei pensando, peguei o roupão pendurado no suporte e saí do banheiro pronta pra me jogar na cama. Meus planos foram frustrados quando contemplei meu quarto e o desastre declarado. — Mas... como? — me perguntei perplexa, havia pequenos cacos de vidros espalhados por todos o chão e na minha cama, além de um grande pedregulho. — Qual foi a força que mary usou pra fazer esse estrago… ah que má sorte, logo aqui que o vidro não é reforçado. — MARY! — gritei furiosa interrompendo o beijo do casal e realmente eu não esperava que eles estariam se beijando. — O QUE ACONTECEU COM MINHA JANELA! — continuei a gritar furiosa. — Eu não sei! — Mentiu cinicamente fingindo não entender. . — Diga o que aconteceu? — continuei irritada. — Eu não sei... achei que você já havia visto isso. Até pensei que você tinha surtado e quebrado, mas não fui eu. — Tá me chamando de surtada? — sei lá né, hoje você tá meio possessa, nem parece você. — Agora é que estou possessa de raiva, me diga a verdade — Está bem, é uma história... Longa! — Eu quero saber! Me diga! — Insistir trêmula de raiva, ahh…. Eu queria voar por essa janela em cima daquela louca. — ok... eu vou começar... — disse nervosa — Eu saí de casa às sete horas para chegar aqui então eu passei pela portaria do condomínio, saí e andei uns quarteirões até chegar ao… — me poupe dos detalhes, eu sei muito bem qual é seu caminho até aqui. — Mas você não quer saber a história? Então… posso ir? — Não quero saber da história, quero saber da verdade. — Disse com as duas mãos apoiadas na janela quebrada. — Era o que eu estava contando. — Me diga somente como você quebrou minha janela? Por quê? — Ah sim... isso!? — falou respirando fundo — eu quebrei sem querer quando acabei jogando uma pedra maior que o normal… mas… pensei que fosse reforçado, porque… a da cozinha é né? — Você diz que isso é maior que o normal? Você nem deveria ter jogado pedra na minha janela, e como você sabe do vidro da cozinha? — bom sinceramente eu pensei que você estava desmaiada ou coisa assim, afinal você mora sozinha então pode se esperar de tudo, e o barulho das pedras pequenas podia não ser o suficiente, mas ai atravessou. — Comentou tentando ser convincente. — eu… sobre a cozinha só dei um palpite. — Ah... sei eu achei uma pedra... e a minha janela tinha dois vidros e não tinha como os dois terem sido quebrados com uma pedra só... explica… como quebrou dos dois lados? — pois é ne...? — Disse suando frio enquanto Maison permanecia um passo atrás dela de costas tentando disfarçar. — também estranhei, E sério! Eu fiquei preocupada com você! Mas não tive nada haver com o outro vidro. — Disse erguendo as mãos como se estivesse se rendendo, olhando pra trás discretamente encarando Maison. — E você tentou chamar? - Perguntei de mau humor, estou prestes a infartar, não podia estar pior o meu dia. . — É... Sim, eu não deixaria de chamar primeiro. — Mentiu novamente, ela não chamava, há tempos ela vem na minha casa e nunca chamou sempre atacou meu vidro primeiro "essa Mulamba endemonia, ahhh ela vai me fazer infartar de raiva" — Me explica então como os dois quebraram com uma pedra só. — bom, eu creio que com uma explicação usando a ciência seja possível. — Então comece a explicar! — perguntei realmente curiosa, não tem lógica se minha janela estava fechada. — Pode ter sido possível que a pedra tenha batido na parede depois de ter atravessado o vidro e ricocheteado de volta na janela... Ele ricocheteou, sabe? — Sabe? Eu sei o quê é Ricochetear e por isso vou ser boazinha e também vou usar a lógica para criticar a sua teoria. — Disse enquanto ela perdia o sorriso de Vitória do rosto, enquanto Maison permanece ali estático uns centímetros atrás de Mary. — não, acho melhor não! — Disse, pois ela sabia que eu não era boba, mas ela vai ter que ser melhor que isso, afinal eu minto bem e tiro a verdade como ninguém. Eu ri mentalmente, eu me sinto tão m*l. — Supondo que primeiro tenho que olhar o primeiro fato. — disse me abaixando sobre a janela pra olhar o chão do lado de fora— bom, não há vidro no chão lá fora, porque se ela ricocheteou então… teria que ter entrado, e Entrou! Né? mas não saiu pela janela ou seja, entrou e caiu em cima da cama, já… que não saiu, teria que ter outra pedra e eu não estou vendo! — Se tivesse sido jogado de dentro? — Perguntou me testando. — Aí teria que ter vidro aí fora eu já disse, só tem aqui dentro, então é fato foram jogada duas pedras e eu só achei uma. — No mesmo instante que fazia minhas observação, Maison que estava dois passos atrás de Mary puxava uma linha discretamente com algo amarrado na ponta. — Você fez bem às observação, mas isso não fez com que você chegasse a uma resposta! — Disse com orgulho de si própria. — Ah eu sei que foi duas pedras mais que uma estranhamente não apareceu. — Viu que foi uma pedra só, eu disse! — Exclamou Mary. — outra observação! A porta estava aberta, você não viu? — É uma ótima observação! Eu vi mais não antes de quebrar o vidro. — Disse me encarando. — Pois devia ter se certificado, Que estava aberta, quem vai arcar com os custos? Afinal foi você e esse barbante na mão de Maison. — O que? — Instigou olhando para trás onde Maison ainda segurava a pedra amarrada — Maison! — exclamou. Indignada dando um t**a no seu braço. — Aí... — respondeu ao t**a, mas só de encenação já que quem sentiu dor com o t**a foi Mary que massageou a mão em seguida. — Agora eu quero saber. Quem vai arcar com o prejuízo? — Inquiri enquanto ela olhava para Maison indignada. — Bom... eu não posso. — Disse demonstrando timidez, talvez a presença de Maison. — Então vou ligar para a tia Magda! — NÃO SAM, por favor! — Implorou, mas não dei a mínima. — e agora é olho por olho e dente por dente. — falei e lhe dei as costa voltando minha atenção pros vidros espalhados, eu pelo menos poderia fazer-lá limpar, já que não vai pagar, quando me virei pra janela para a encarar, nem estava mais ali. já havia chegado na metade do caminho arrastando seu namorado delinquente e dedo-duro, foi bem melhor assim poderia limpar tudo aproveitando o sossego de uma tarde de folga, eu não estava me importando com a janela quebrada, portanto que já tivessem ido embora e me deixado com a tarde toda só pra mim. Consegui andar por todo esse vidro com uma pantufa que eu m*l lembrava que tinha, mas que me serviram muito bem mesmo que ficasse um pouco menor, consegui uma vassoura no banheiro e um balde de lixo, logo a cama já estava limpa e lençóis trocados e o chão minuciosamente varrido ainda arrastando a cama de lugar pra não escapar nada.
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