Hannah Lannister
Abro a porta do meu quarto com a chave que recebi por correspondência com um grande sorriso. Preciso dar uma boa impressão para minha colega de quarto.
— Oi, sou sua colega de quarto! — Deixo todo o ar dos meus pulmões sair.
— Oi, eu sou Henry. — Um garoto sem camisa e todo suado se vira pra mim.
Tapo meus olhos rapidamente. O que está acontecendo aqui?!
— Onde está minha colega de quarto? — Pergunto tentando recuperar minha respiração. Que vergonha!
— Aqui que não tá! Esse quarto é meu. — Henry diz pouco se importando com o que perguntei, e eu tiro a mão dos meus olhos, na expectativa dele já ter vestido a camisa. Mas não. Ele tá sim com uma camisa branca, mas não está vestindo—a, sim na mão, usando como abano, e me encarando como se eu estivesse atrapalhando seja lá o que fazia.
— E essa chave e o número do quarto diz que eu vou ficar nesse quarto. — Levanto a chaves e mostro a ele sem olhar para seu corpo.
— Não é possível. Devem ter se atrapalhado. — Ele compara a chave dele com a minha e até experimenta na fechadura. — Sexos opostos nunca ficam no mesmo quarto. A não ser pra... — Dá um sorriso s****o.
Nossa, que inconveniente pensar nisso numa situação dessas.
— E agora? — Pergunto perdida. Eu não sei o que fazer diante disso.
— Agora você vai ter que ficar aqui até amanhã. Porque hoje não tem nenhum setor da reitoria aberto pra gente concertar isso. — Lamenta.
Não. Deus é mais!
— Eu não posso. Eu não posso dormir num quarto com outro homem. — Explico preocupada.
Ele me fita surpreso e depois começa a rir.
— Cê tá brincando né? Eu quase acreditei. — Dá uma risada. — Entra. Amanhã a gente resolve isso. — Ele abre mais a porta para que eu entre com minhas malas.
— Eu não posso. É contra a minha religião! — Explico respirando rapidamente. Acho que esse garoto sem camisa tá tirando minha saúde.
— Então sua religião permite que vocês sofram no frio e na solidão em meio ao relento? — Pergunta irônico com seus grandes olhos verdes em mim.
— Não. Porquê? — Fico curiosa. Não tem nada a ver com o nosso problema.
— Porque é assim que você vai ficar se não passar a noite aqui. Não tem outro lugar pra você dormir a não ser no banco da praça. — Dá de ombros e solta um rápido sorriso lamentoso.
Que pecado. Senhor me perdoe. Vou passar somente essa noite e nada mais.
Seguro minhas malas e entro no quarto, que está um pouco bagunçado.
Não tenho outra opção a não ser passar essa noite com esse estranho inconveniente.
— O que houve aqui? Passou um furacão? — Pergunto assustada. Eu pensei que poderia descansar em paz da minha viagem, mas vejo que não será possível.
— Desculpa. É que eu fiquei o ano todo sozinho. Estou mudando as coisas de um lado pro outro, pra liberar o espaço para o meu colega de quarto. — Explica. — Escuta. Você sempre anda assim toda coberta ou veio do deserto do Saara direto pra cá?
Que ofensa!
Me viro pra ele que me fita curioso.
— São minhas roupas normais. — Me olho. Não estou tão r**m. Uso uma saia longa, um sapato fechado, uma blusa de gola alta e um casaco por cima. Nada demais.
— Nossa Senhora! Tira esse casaco minha filha! Eu tô morrendo de calor que nem aguento ficar de camisa e você me vem com três blusas de manga e uma saia nos pés! — Fala agoniado.
— Eu estou me sentindo muito bem com as minhas roupas, e a temperatura está ótima pra mim. — Ignoro sua agonia. Não tem nenhuma cama pra mim sentar ou deitar a não ser a dele, que está cheia de troféus e medalhas do que parece ser Hugbe. Que bagunça! — E esse armário? Porque não arrastou ainda? — Noto que só falta esse móvel para que o espaço do outro colega de quarto fique limpo.
— Não consegui arrastar, está muito pesado. — Explica se abanando. — Nossa. Não consigo olhar pra sua cara. Tem dois enormes tufos de pelo nele. — Vira seu rosto.
Qual o problema desse rapaz? m*l me conhece e já falou m*l dá minha roupa e das minhas sobrancelhas!
— São minhas sobrancelhas! — Toco meu rosto ofendido.
— Nunca pensou em tirar um pouco não? Dá pra fazer duas perucas. Uma de cada sobrancelha. — Ri tocando as próprias sobrancelhas.
— Se você continuar me insultando eu vou embora daqui. — Comento sem brincar.
— Tá bom garota das cavernas. Parei. — Levanta as mãos e segura o sorriso.
— Se eu sou uma garota das cavernas você é um neandertal, porque não percebeu que com o armário cheio de roupas fica muito pesado pra arrastar. É só tirar as coisas de dentro. — Abro o armário e mostro.
Que i****a.