Estar no mesmo lugar com Leonardo sempre mexeu comigo.

1020 Words
Eu engulo em seco, sem saber se o calor no meu rosto é devido à proximidade ou pela tensão da situação. Olho para suas costas largas e sinto uma onda de prazer involuntária se espalhando pelo meu corpo. Tento focar nos olhos dele, aqueles olhos verdes que têm o poder de me hipnotizar. Ele me observa com um olhar atento, quase como se estivesse me desnudando com os olhos. — Meu Uno está com problemas no freio de mão. Em descidas, preciso engatá-lo e girar a roda para a guia. Só assim ele não desce rua abaixo. Posso deixá-lo aqui para você dar uma olhada? — Eu falo rapidamente, tentando manter a calma, mas a verdade é que quero sair correndo e não consigo. Ele não diz nada imediatamente, mas seu olhar se fixa ainda mais nos meus, e parece que o tempo para. Eu me vejo refletida nele, e tudo em mim diz para ficar, para não me afastar. Ele quebra finalmente o silêncio, seu tom agora mais suave, mas carregado de uma confiança indiscutível. — Claro. — Ele responde, quase como se estivesse se oferecendo não apenas para consertar o meu carro, mas para se envolver em algo mais. Algo que eu não posso definir, mas que está no ar entre nós. Nesse instante, uma garota ruiva sai do escritório. Ela é jovem, bonita e, quando me vê, sorri. Eu sorrio de volta, tentando manter a compostura, mas sei que ela viu algo em mim, alguma reação que talvez ela reconheça. Ela deve saber. Deve sentir o mesmo que eu. O rapaz olha para ela e depois volta sua atenção para mim, e é como se o mundo se estreitasse. Uma tensão sutil, mas palpável, cresce entre nós. Ele olha para mim com aquele sorriso enigmático nos lábios, como se estivesse tentando esconder algo que nem ele mesmo compreende completamente. — É só esse problema? — Ele pergunta, e a mudança no seu tom me faz perceber que ele está mais atento ao que acontece entre nós do que aparenta. Eu faço um esforço consciente para controlar a respiração e olhar para ele com seriedade, mas é como se o meu corpo tivesse se rebelado contra mim. A vontade de olhar para ele, de sentir a proximidade, é avassaladora. — Por enquanto é só. Eu comprei esse carro recentemente e espero que ele não me surpreenda com outros problemas. — Eu forço um sorriso simpático, mas sei que está mais forçado do que eu gostaria de admitir. Ele continua com o olhar atento, como se estivesse tentando decifrar algo além das minhas palavras. Algo no seu olhar muda, se tornando mais sério, mais intenso. Eu quase sinto meu coração saltar da boca. — Você deveria ter levado a um mecânico de confiança na hora da compra. — Ele fala, a voz mais hostil agora, como se estivesse me repreendendo, mas ao mesmo tempo, há uma camada de preocupação ali. Ele se importa, talvez mais do que ele mesmo perceba. Eu dou um sorriso sem graça, sentindo a pressão aumentar dentro de mim. — Verdade. Mas eu nem pensei nisso. — Digo, sem jeito, e o ar fica mais denso entre nós. Ele respira fundo, e quando fala, sua voz vem mais suave, mas com uma ponta de autoridade. — Se quiser, posso dar uma olhada no seu carro, para evitar futuros dissabores. — Ele diz, e a maneira como ele fala faz meu corpo reagir. Sinto uma energia que eu não consigo controlar. Eu balanço a cabeça, sabendo que não posso permitir que ele se envolva mais do que já está. — Não. Não precisa. Meu emprego é recente e quase tudo o que poupei coloquei nesse carro. Por enquanto, meu gasto só será o problema no freio de mão. — Digo, tentando ser firme, mas sei que minha voz falhou. Ele ergue as sobrancelhas de maneira sensual e dá de ombros, como se não estivesse tão convencido, mas respeitando minha decisão. — Tudo bem. Você que sabe. — Ele responde, e cada palavra parece um convite disfarçado. A garota ruiva aparece novamente na porta, e seus olhos em Leo mostram o quanto ela também percebe o que está acontecendo entre nós. Ela fala com ele: — Leo, você vai demorar? Eu preciso ir para a faculdade ainda. Ele olha para ela, e a resposta dele parece uma formalidade. — Não. Eu estendo meu chaveiro, mais por impulso do que por qualquer outra coisa, tentando evitar que o momento se prolongue mais do que deveria. — Olha, as chaves. Não quero atrapalhar o seu almoço. — Eu falo, tentando manter a compostura. Ele se aproxima, e eu sinto o ar se tornar mais espesso, mais quente. Eu engulo em seco quando percebo o quanto ele é alto, ainda mais perto de mim. Ele pega as minhas chaves, e, como se tivesse todo o tempo do mundo, retira o seu cartão do bolso e o estende para mim. Seus olhos verdes de gato me observam com intensidade. — Ligue-me para saber o diagnóstico. — Ele diz com um sorriso jocoso, e eu quase sinto as minhas pernas vacilarem. Eu dou um sorriso, mais pelo nervosismo do que pela vontade de fazer qualquer outra coisa, mas sei que algo dentro de mim quer muito mais. — Espero que não seja grave. — Eu brinco, mas ao olhar nos seus olhos, sei que não estou mais brincando. Ele abre mais o sorriso, aquele sorriso que me faz perder o controle por um segundo. — Provavelmente não. — Ele responde, e a voz dele soa como uma promessa que eu não sei se estou pronta para aceitar. Estremeço. —Bem, vou indo. Ele acena com a cabeça e eu giro sob os meus calcanhares, forço as minhas pernas funcionarem para fora da oficina. Desde esse dia ele se tornou meu mecânico de confiança. O engraçado é que, qualquer problema no meu carro, eu o procurava no horário do almoço. Eu sabia que Estela estaria lá com ele. Estar no mesmo lugar com Leonardo sempre mexeu comigo. Ele me deixa sempre sem defesas.
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