Capítulo 23 — Um possível legado...

1033 Words
Luna A noite estava fria, os anciãos haviam acabado de chegar. Eu sempre presenciei de forma oculta, minha mãe me levava às escondidas junto a minha tia. Mas, nunca pensei que pudesse ficar ainda mais incrível. Alguns me olhavam como se eu fosse uma ameaça ali, e outros me cumprimentavam com um largo sorriso no rosto. Estava sentada ao lado de Lancelot, era o dia do Juramento entre ele e a aceitação por defender toda a alcateia por todo o restante de sua vida, dando a mesma se for preciso. E ele estava ali, determinado a isso. — Está linda, espero que me dê um minuto antes de dormir. Eu tenho algo para te dizer. — Coloquei minha mão em cima da sua e ele sorriu, me olhando com o olhar mais puro que eu já senti. — Por que não me diz o que pensa no momento em que pensa? Pouparia nosso tempo e teria resposta imediata. Aliás, obrigada pelo convite, eu nunca tinha visto algo tão belo. — Quero te pedir que não vá embora, não agora, espere mais um tempo até que… — Ele gaguejou antes de falar, estava nítida a sua timidez. Um homem tão grande, mas tem medo de usar as palavras, quem diria! — Iremos passar longas horas juntos, então, não poupe suas palavras. Ele iria falar alguma coisa, quando um senhor velho, com a barba enorme na altura da cintura, na cor branca ergueu o olhar e lhe apontou o dedo. — O que esta criatura faz em um momento tão importante destes? Filha de Léia, a mais podre feiticeira que já existiu. Você não n**a o sangue podre de sua linhagem. — O velho tocou em meu pulso de forma rude e antes que pudesse fazer algo contra mim, olhei em seus olhos e de forma faminta, sugava sua alma. Antes que algo mais pudesse piorar, Lancelot rosnou alto, dando-lhe um breve aviso, quando todos já estavam preparados para executar o velho. — Se tocar em minha fêmea uma segunda vez, lamento, mas sua cabeça vai rolar por este chão em que pisa agora. — Ele rosnou uma última vez e curvou-se diante de nós dois, desta vez, com o olhar baixo. As paredes eram em ouro, as cortinas vermelho sangue. O lugar de mármore, todo em mármore, até mesmo o teto e Lancelot nunca me havia falado sobre isso. Porque ele sempre morou naquele vilarejo em meio à ruína, quando poderia viver aqui com os seus? Sem fome ou miséria? — Por que nunca me falou sobre este lugar? Eu achei que… — Está é a casa de meu avô. Ele me odiava por eu ter sido o sucessor do trono de Onedusa, o qual o rejeitei, pois lá minha mãe não era bem-vinda. Mas, como dizem: tudo que há de ser teu, uma hora será dado a ti e assim está sendo… — E quais os motivos da tua mãe não ser bem-vinda no Clã? — Minha mãe foi acusada de magia n***a contra o rei, e realmente, tinha provas dela que a levaria para a masmorra. Então, ela conheceu meu pai, que era o Alpha desta alcateia e ele a salvou, mesmo sabendo que isso poderia lhe custar a vida. Mas ela não era r**m, jamais usou magia para fazer o m*l, apenas para combatê-lo. Então as coisas estavam se repetindo agora? Esse era o legado de sua família? Cara-se com feiticeiras depois de "salvá-las"? Acham mesmo que não somos capazes de fazer isso sozinha ou apenas culpam este fato para poder amar sem julgamentos? Estávamos todos reunidos na grande mesa quando um dos anciãos, e o último havia chegado e nos estava do lado de fora do local de festa. — Essa… você não deveria estar aqui esta noite. Você… — Seu dedo julgador me apontava, enquanto eu via surgir ao seu redor uma sombra preta lhe rodear, mas não era nada que eu precisasse me preocupar, pois mesmo que eu seja jovem demais, acredito que posso derrotá-los em questão de tempo. Precisarei apenas de tempo para isso. — Oh, Luna é filha de Léia, a mesma é a cópia de sua mãe, não acha? — Uma senhora disse ao passar por mim e alisar meu cabelo. — Se por fora fores tão podre quanto a tua alma, estás perdido! — Respondi ao ancião deixando todos os outros sem reação diante de tal ato. — Estamos aqui reunidos para quê, afinal? Eu sou apenas uma convidada, assim como todos vocês, e não pensem que irei viver de máscaras como minha mãe, apenas por medo de viver. Agora podem continuar a festa, o anfitrião de vocês preparou tudo com muito zelo. Enquanto todos se reuniam debaixo dos céus, esperando o grande momento acontecer, Merlin me olhava de longe como se quisesse me dizer alguma coisa, então fui até ele sem rodeios. — Você sabia que ele aceitaria isso? — Sentei ao seu lado, pegando a jarra de vinho que ele tinha ao seu lado. — Como você consegue lidar com isso sem enlouquecer? Por que todos eles têm tanto ódio de quem era minha mãe? O que ela fez de tão r**m? — Léia usou de sua magia para destruir reinados, casamentos e até gerir torturas em troca de sigilo de sua linhagem. Mas… jamais a julguei por isso, ela tinha um coração bom e fazia o bem a quem merecia. Vejo em seus olhos que faria o mesmo se fosse ela, aliás, você já fez algo semelhante! — É… eu matei meu pai e suguei sua alma para defendê-la e faria a mesma coisa novamente se necessário. — Isso não faz de você uma pessoa podre, faz de você uma pessoa justa. — O que acontece depois do Juramento? Lancelot se tornará alguma ameaça a mim? — Talvez… ele fará juramentos que poderá ser morto se não cumprir os tais, dependendo do que ele aceitar, você estará em perigo ao seu lado. Mas como já está mais que claro que ele não consegue ficar longe de você, possível irá receber um convite para juntar-se ao seu lado esta noite. É algo que irá beneficiar você, se souber pensar antes de agir.
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