Lancelot
— Eu nunca fui tão rejeitado em toda minha vida. Luna está conseguindo suprir e sugar ao mesmo tempo minhas energias. — Resmungava a mim mesmo enquanto a via sorrir nos braços de Merlin.
Dalila banhava-se nas águas claras, me olhando de forma perturbadora. As três noites intermináveis ao lado de Dalila foram as piores da minha vida, nunca imaginei que sentiria sensação de repulsa por ela, mas era exatamente isso que estava acontecendo.
— Não vai dar as boas-vindas ao seu tio, Lancelot. — Merlin abriu os braço e por algum motivo eu não estava bravo com aquilo, como sempre fiquei.
— Veja se consegue fazer Luna mudar de ideia e ficar aqui, que eu lhe darei as honras como merecer. — Antes de lhes dar as costas eu precisava falar uma única coisa ou qualquer ato meu poderia colocar tudo a perder. — Quero vê-la daqui a cinco minutos.
O tempo era torturador. Haviam se passado alguns minutos e ela ainda não havia passado pela porta ainda, até que o movimento por trás das minhas costas, chamou minha atenção.
— Bom, aqui estou eu! — Luna estava com um os olhos cheios de lágrimas, mas por quê? Qual seria o motivo de sua tristeza? Eu não sei e daria tudo para saber o que ela está pensando nesse momento.
Em um ato involuntário, eu a abracei como se minha vida dependesse daquilo.
— Por favor, não se vá… — Pedi em um sussurro, deixando meu lado sensível exposto a minha fêmea.
— Não se trata de um favor para mim ficar, Lancelot. — Finalmente ela me olhou e por fim, eram suas palavras que estariam decidindo o nosso futuro. — Mas não posso ficar em um lugar onde o senhor dele odeia minha raça e ainda tomou posse de minha alma. Se tens medo de que eu vá morrer, pode tranquilizar seu coração que eu sei me cuidar muito bem. Agora não me peça mais humilhações, eu estou esgotada, Lancelot. — Luna não me deu tempo para contestar, seu corpo desfaleceu e antes que fosse ao chão, me joguei no mesmo e a segurei em meus braços.
Eu não posso deixá-la ir, nem mesmo se eu quisesse. Algo fala mais alto dentro de mim, e essa voz é a dor, nossas dores juntas, que estão destinadas a serem curadas juntas, além do motivo que eu jamais conseguiria explicar, o tal do amor. O amor está mexendo comigo de uma forma inexplicável.
Dei as costas a ela por alguns minutos, enquanto acendia o fogo para fazer um chá, ela despertou de forma assustada.
— Há quanto tempo estou desacordada?
— Ainda não ocorreram as trocas de Lua. — Disse aproximando dela e tentando tocar em seu rosto, que logo foi esquivado para o lado.
— Não vamos tornar as coisas mais complicadas para nós dois, Alpha Lancelot. Somos de raças diferentes, que se odeiam e mesmo assim nós nos entregamos um ao outro, mesmo sabendo o que isso poderia ter acontecido.
— Mas nada aconteceu, Luna.
— Claro, tirando o fato de que você quase me matou um outro dia, isso não anula o fato das nossas raças se odiarem? Anula? Pois bem. Eu te amo, Lancelot, mas não podemos ficar juntos, eu sinto muito por isso. — Então, dessa vez foi ela quem me beijou de forma calorosa e totalmente entregue.
Senti o calor dos nosso corpos queimar nossas almas de forma indescritível, mas isso não durou por muito tempo. Ela me beijou e saiu, sem olhar para trás, dando de cara com Merlin ao sair.
Sem reação alguma eu sentei, pensando em como iria ser os restantes dos dias de minha vida sem a minha feiticeira por perto. Eu não iria conseguir. Eu não vou conseguir viver sem ela, eu não posso viver sem ela e não posso aceitar meu destino, se esse for meu destino eu rejeito e prefiro traçar o meu próprio, ao lado da minha feiticeira.