Capítulo 12 — Entregue a paixão

1268 Words
Luna Quando estava no lago, senti algo me puxar para baixo e ao tentar sair, minha perna ficou presa em algumas folhagens e galhos que havia perto da pedra que eu estava me apoiando. Após muito sufoco eu consegui sair e não era coisa da minha cabeça, havia realmente uma coisa me puxando para baixo, mas isso não era tempo para pensar nisso agora. Senti a presença de Lancelot, a voz de Merlin e em certos momentos eu poderia jurar que vi Abnerzy. As tropas de Kodo e Pedragon estavam unidas, passando longe do vilarejo e só pude ver porque estava quase no topo de uma árvore. — Eu já não sei o que tenho que fazer para te manter quieta. — A voz grave e ao mesmo tempo suave de Lancelot se fizeram presente. O incrível foi o fato dele ter me encontrado, estava certa de ir embora quando o dia amanhecesse. — Você vai descer aí por vontade própria ou… — Ou o quê? Eu sou uma Senhorita, Lancelot. Não deveria nem mesmo estar aqui. Você ter me salvo foi um erro. — Eu já não estava mais vestida em trajes A Rigor, meus vestidos ficaram na casa e eu não peguei nada antes de sair, foi tudo muito depressa e só agora eu estou percebendo o quão destruída eu fiquei. Minha roupas estavam sujas e molhadas. Meei fazia um pedaço de pano vista um vestido facilmente, com a ajuda de alguns cordões, ela improvisou bem. — Não estou invadindo seu território, Lancelot. Eu quero a paz, isso incluiu a sua também. — Ótimo, porque eu quero a mesma coisa. Agora desce daí, Luna. Eu vou esperá-la junto ao Merlin, não quero lhe deixar desconfortável. — Cruzei os braços e esperei que ele desse as costas. Após me certificar que estava realmente sozinha eu desci, ou melhor, eu pulei e deixei um pedaço do meu vestido pendurado em um galho. Caminhei reclamando, enquanto eu poderia simplesmente "evaporar" dali para qualquer lugar. Estava me segurando para não chorar, não agora. As sensações que em mim habitam, gostam de agir por vontade própria, e meu maior problema era chorar para aliviar as dores de tudo. Isso me tornava fraca. Eu queria ir embora, eu preciso resolver coisas do passado, e eu não quero Lancelot envolvido nenhum pouco nisso. Percebi que Lancelot me olhava enquanto eu caminhava até eles. Seus olhos estavam vermelhos, mas ele parecia lidar bem com isso. — Ainda não consigo acreditar que você fez o esforço de vir atrás de nós. — Ele me olhou e não respondeu. Merlin sumiu sem que eu percebesse e Abnerzy era sua sombra, nunca era difícil sentir a sua presença, mas pelo que pareceu, já estavam longe. — Eu não mando em meus instintos, Luna. — Pois deveria começar a praticar e quem sabe me deixar em paz. — Eu estava realmente cansada. A verdade era que, eu ainda não estava acreditando no que havia acontecido e somente hoje, eu me dei conta de que estou sozinha. Literalmente sozinha. Eu queria desmoronar ali mesmo. Busquei um suspiro profundo e tentei parecer o mais normal possível. — Seu coração está batendo em descompasso. Você está com medo! Do que tem medo? — Ele parou na minha frente, segurou meu rosto e me fez olhá-lo. Seus olhos estavam vermelhos, ele parecia um pouco maior e eu não queria saber qual a potência de sua força, sem dúvidas, morreria facilmente. — Não é de mim que tem medo. — Sua mão aberta se pôs sobre meu seio esquerdo e deu um leve aperto. — Eu daria tudo para saber tal motivo. — E o que é esse tudo que você menciona? Tem noção do que está me oferecendo? — Meu peito arfava, pois penso na possibilidade de me revelar para ele, em troca disso continuar viva. — Depende do que iria me pedir. — Em um movimento inusitado ele segurou em meus cabelos e me puxou para mais perto dele, enfiando seu rosto em meu pescoço e me cheirando, como se eu fosse um animal. — Você tem um cheiro estranho. Eu nunca consigo a reconhecer pelo seu cheiro. — Suas mãos que agora estavam agarradas em meu pescoço me fizeram gelar. Eu queria achar uma forma de explicar, mas explicar o quê? Que eu estava querendo ir embora e não sabia como? Afastei nossos corpos e continuei andando. O vilarejo estava um pouco longe da estrada em que nós estávamos. A lua parecia nos perseguir, Lancelot andava atrás de mim e eu sentia seu olhar sobre mim, como se eu fosse uma ameaça naquele momento. — Por favor, não me olhe como se eu fosse uma ameaça. Eu não sei o porquê disso! — Disse me virando em direção a ele e deixando um sorriso sem graça à mostra. Lancelot As tochas estavam quase todas apagadas, Luna não parecia enxergar direito, sempre tropeçava em alguma pedra ou qualquer outro obstáculo. — Está molhada, desse jeito poderá ficar vulnerável. Troque-se e tome um chá, irá ajudá-la. — Ela estava tremendo de frio, mas negou o meu pedido. Continuou parada na entrada e me olhando com aquele Solgar traiçoeiro. Eu sabia o porquê, mas o ignorei. Afinal, eu não consegui ir adiante com aquilo. — Jamais irei deitar-me aí, Lancelot. Não quero pensar nas coisas das quais já fez deitado aí. Portanto, não irei me arriscar a ficar com o cheiro de outra fêmea! — Ela se recusava a deitar por causa do que viu? — Eu vou preparar um chá e ver se tem alguma coisa para mim vestir, enquanto Meei não acorda. Antes que ela saísse eu segurei sem seu braço e lhe puxei para dentro. — Fica aqui, eu vou buscar algumas coisas e já volto. — Ela permaneceu quieta e desta vez me obedeceu. Busquei outro colchão, este era coberto com lençóis de seda. Com o dobro do tamanho do que tinha dentro dos meus aposentos. Dentro do baú havia muitas cobertas, será com elas que irei fazer com que Luna fique, após queimar todas as coisas que estão lhe incomodando. Minhas personalidades agora estão brigando entre si, tentando entender o motivo de eu estar me submetendo a desejos de uma fêmea que eu nem a marquei, e nem é minha. Ao me ver cruzar a entrada carregando o objeto nas costas, Luna sorriu e apenas esperou com que eu retirasse o outro e suas cobertas. — Assim está bom? — Perguntei olhando em direção a ela que assentiu. — Preciso que me ajude a colocar fogo neles, posso contar com você? — Eu não acho justo fazer isto só porque acha que irá me agradar. Esqueceu que eu sou uma invasora que precisa seguir o seu caminho? — Ela falava de uma forma serena, e aquilo de alguma forma estava me deixando desesperado. — Lancelot, não quero que isso se torne doloroso para nós dois. Somos tão… — Somos duas pessoas que se encontram sozinhas. Perdemos a nossa mãe, eu entendo a sua dor, mas não consigo compreender o porquê de querer partir. — Eu tenho que lutar por vingança contra o que fizeram com a minha mãe. Eu vi sua cabeça ser decapitada, vi os lobos querendo lhe esquartejar, vi ela sendo perseguida e… — Seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu estava me sentindo incomodado com a sua tristeza, e foi nesse momento tão inusitado que eu tomei seus lábios e ela correspondeu ao meu beijo, e aos meus toques. Deixando a alça do seu vestido deslizar em seus ombros, deixando seu seio de fora.
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