Capítulo 11 — Seja minha Luna

1158 Words
Luna Seus aposentos estavam como se não tivesse nada fora do lugar. O grande espaço no chão, coberto com panos de seda e algodão, era como se fosse um convite para meu corpo que estava tão cansado, mas não esquecerei do que vi ainda a pouco, a pouca vergonha que estava diante dos meus olhos e sem dúvida alguma, eu nunca vou de deitar ali, sem chances. — Coma, você não jantou! — Ordenou em um tom de voz alto e grave enquanto segurava uma bandeja de pedra em mãos. — Obrigada, mas não estou com fome. Preciso ver como Merlin está, não vou dormir aqui dentro com você nem morta. — Me desvencilhei dele já esperança de sair, mas fui impedida de o fazer quando ele se pôs a minha frente, deixando que bandeja caísse em cima do meu pé. — Não vou deixar você sair daqui, Luna. Está sob minhas ordens! — Ele não poderia estar falando sério, ou poderia? — Eu sei que não sou bem-vinda aqui e não sei o motivo pelo qual está tentando me ajudar, mas já deu Lancelot. Você já salvou a minha vida e eu já lhe paguei por isso salvando a sua também. Portanto, eu não tenho mais débito algum com você. Então, me deixe ir que eu prometo que nunca mais eu… — Antes de terminar a frase ele tomou a minha boca, me beijando desesperadamente como se eu fosse desaparecer a qualquer instante, mas, foi tudo novo para mim e eu não reagir de forma da qual deveria, dei espaço para ele em minha boca e meu corpo estava descobrindo novas sensações. O empurrei quando meus sentidos voltaram à realidade. Lancelot estava com o peito arfando, dando sinais que a qualquer momento ele poderia perder o controle e assim eu sair o mais rápido possível, precisava tomar um ar. Andei um pouco para longe mesmo na escuridão, e quando me certifiquei que estava totalmente sozinha e deixei fluir a magia que estava impregnada em mim e gritando por liberdade. — Está arriscando sua própria vida desse jeito! — A voz de Merlin fez meu corpo virar e cair por um pequeno desequilíbrio que eu tive. — Desculpe, não quis assustá-la. Aceita? — Ele tinha em mãos uma garrafa de vinho que já estava quase no fim. — Obrigada. — Peguei a mesma e sorvi um gole. — Acho que a gente vai conversar por mais algumas horas, será que poderíamos caminhar um pouco mais? Não quero que ele me encontre tão rápido. — Me referia a Lancelot! Ele não deveria ter me beijado, isso foi ridículo. — Isso não será muito difícil, já que ele tem seu cheiro impregnado em seu nariz. — Não, ele não tem! Eu manipulei meu cheiro e me habilitei a usar o feitiço que eu mais temia. Prometi que se eu vivesse e tirasse a minha mãe daquele círculo, honraria sua vida até o meu último suspiro. Eu vou vingar a morte da minha mãe, não posso deixar que ninguém saiba quem eu realmente sou. Então, quando me distancio de Lancelot ele não consegue me farejar, portanto, vamos andando que você não é eu. — Você tem mais da sua mãe do que eu poderia imaginar! Continuamos andando até ouvir o barulho de água, provavelmente vindo de uma cachoeira. Merlin Ela era fascinante, assim como Léia fora um dia. Andamos alguns longos minutos onde paramos em frente e a um precipício, na caída D'Água de uma cachoeira. A lua estava pairando sobre nós quando de repente Luna falou do penhasco abaixo, tendo seu corpo arremessado dentro D'Água e submergindo alguns segundos depois… — Deveríamos aproveitar mais cada momento, por que não pula também? — Seus gritos eram audíveis até demais. — Não tenho uma boa relação com a água! — Não queria assustá-la, minha relação com a água não era muito amigável, já que, sempre que a tocava, ela ficava vermelha. — Tudo bem! Daqui há alguns minutos eu volto! — Ela mergulhou e não a vi mais subir, nem seu corpo por perto. Passaram-se alguns minutos e nada de Luna voltar. Tinha lobos uivando por perto e eles não eram os de Lancelot, mas possivelmente mandados de Kodo e Pedragon. Vi dois pares de olhos vermelhos se aproximando vagarosamente dentre as árvores, definitivamente não eram os mandados de Lancelot. — Você não vai salvar sua filha, Merlin? — Abnerzy dizia em um tom sarcástico. — São os lobos de Pedragon ou de Kodo? O maldito velho Crowler não vai ter o prazer de capturá-la. Então me diga, de quem são eles? Por favor, Abnerzy, estamos juntos para toda a vida. — Eu não gosto da garota, Merlin. Ele tem sangue impuro, não poderei ajudá-lo! — Abnerzy se fosse uma pessoa em carne e osso deveria sua vida a mim, mas, sou eu quem já tenho minha alma comprometida a ela. — Não estamos falando de sentimentos, mas apenas quero que me ajude com isso. Aliás, foi você quem insistiu para que eu viesse atrás dela e você sabe mais que ninguém minhas condições, não estou apto para salvá-la enquanto Crowler estiver me amaldiçoando com aquele maldito motim. — Pedragon está mais próximo da aldeia do seu sobrinho. Quando o Sol estiver nascendo, as tropas de Pedragon estarão matando os homens de Lancelot. Embora o Alpha e seus homens sejam fortes, eles não têm armas para detê-los. Contudo, se sua querida filha usar de seus conhecimentos, não acontecerá nem mesmo uma luta, mas as consequências serão trágicas para ela. — Um grito me fez olhar para a água e ver a mesma mudando de cor enquanto Luna tentando sair da água, tinha alguma coisa lhe puxando para dentro. Cravei meu cajado no chão e pulei na água, vendo Abnerzy se mover cuidadosamente para olhar para baixo enquanto eu tentava encontrar Luna. Lancelot — Sua humana ainda não voltou, Lancelot! — Klaus se mantinha de pé ao meu lado segurando alguns pedaços de pele e um cervo em suas costas. As fêmeas dormiam com seus filhotes tranquilamente, enquanto eu, Klaus e Aspen estávamos dilacerando alguns cervos. Em busca de Luna estava Klaus, mas ele não a encontrou e eu não estava conseguindo farejar seu cheiro e eu não sabia o motivo. Mas, meus instintos estavam me dizendo que nada estava bem. — Não encontrei nem mesmo Merlin, há uma cortina que está impedindo a gente de ultrapassar para o lado Norte. — Aspen era híbrido, filho de um Lycan com uma feiticeira, embora fosse filho de ambos não conjurava magia alguma desde que fez o vínculo com sua fêmea. Os minutos se passavam quando senti uma presença forte de minha mãe perto de mim. Ela sussurrava palavras inaudíveis com uma expressão indecifrável, mas tudo não passava de ilusões da minha cabeça. — Vá… encontre Merlin e encontrará também a sua felicidade… — Essas foram suas últimas palavras antes de ter seu reflexo desaparecido.
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