Capítulo 17 — Dívidas

1102 Words
Luna Ao avisar o lago meu corpo gelou, a água era sangue e os animais que daqui bebiam, estavam mortos, assim como uma mulher com seu bebê no colo, também sem vida. — O que aconteceu aqui? — Lancelot parou ao meu lado enquanto farejava o cheiro do lugar. — O mesmo demônio que estava tentando te matar, passou por aqui e não faz muito tempo. Acho que essa foi a segunda e certeira tentativa de Abnerzy. — Mas… — Lembrei do que minha tia me contou e disse: — Eu pensei que a morte só pudesse levar alguém quando essa pessoa estivesse na beira da morte. Lancelot sabia que alguma coisa aconteceu ali, mas ele não sabe o porquê e muito menos o motivo pelo qual aconteceu. Ele não sabe que Abnerzy tentou me matar e que eu poderia vê-la. — Pelo visto o sangue foi drenado, mas ela só quis mesmo a alma de ambos. Há outros lobos que atacam por aqui? — Como você sabe o que era? — A íris dos seus olhos estavam douradas, me olhando como se eu fosse uma presa. — Eu sei que aquilo era um demônio. Você os vê? — Aquilo não era um demônio. Abnerzy é a morte, ela só queria minha alma. Eu nem sei como estou de pé. Vamos enterrar esses corpos e depois vamos embora, mas saiba que não ficarei com você. Sem nada dizer, Lancelot me ajudou a enterrar os corpos e por fim, a escuridão já estava tomando a noite. Sentia meu corpo cada vez mais fraco, eu nem mesmo sabia como ainda tinha forças para caminhar. Era possível ouvir o barulho dos sons que as crianças faziam, mas meu corpo foi ao chão metros antes de chegar ao vilarejo. Lancelot Seu corpo estava cada vez mais fraco. Luna estava magra, e era visível que ela não estava bem. Eu deveria matá-la, mas eu morria se fizesse tal coisa. Eu a marquei sem pensar nas consequências e agora estou confuso em como será o nosso futuro. Não posso amá-la, Luna é uma Feiticeira que me mataria facilmente. A chuva continuou a cair durante toda a noite e Luna não estava acordado, o que estava me deixando com medo de perdê-la. Determinando fui até Meei, ela já esteve com Luna e deve saber alguma forma como lhe ajudar. — Meei, pode me acompanhar? — Eu estava com tanto medo quanto ela, não sabia o que estava por vir. Saímos debaixo da chuva, ela estava coberta com uma pele, o que a protegia da chuva intensa. Paramos debaixo de um caramanchão de madeira e eu fui direto ao ponto, não tinha muito tempo para conversar e explicar o que havia acontecido. — Luna precisa de energia e eu não sou muito bom com isso. — A verdade é: eu não sabia porque estava tendo esta conversa com Meei, mas sentia que ela poderia me ajudar de alguma forma. — Desculpe senhor, não sei onde pretende chegar com isso. Eu sou apenas uma… — Mulher que entende sobre ervas e seus benefícios. Ela está ferida, eu quero que a cure como puder. Ela está desacordada há algumas horas, já tentei acordá-la, mas parece ser algo impossível. — Eu farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-la, mas preciso que reúna todos os outros e peçam por sua proteção. Sabemos bem que ela não está ferida apenas por fora, mas também por dentro. — O que está querendo dizer com isso? Estamos lidando com uma ameaça, Meei? — Ela era destemida, muitas vezes já havia me enfrentado e ainda deve pensar que está lidando com o mesmo Lancelot. — Claro que não, senhor. Mas, você sabe tanto quanto eu que Luna não está ferida apenas por fora, seria inútil me procurar se fosse apenas isso. Não nos conhecemos de hoje, Lancelot. Portanto, se quer sua humana curada, temos que ter pressa. O filhote de Merliz estava bem, e ela estava apreensiva por Luna. Meei foi depressa até onde ela estava enquanto fomos caçar. Merlin Abnerzy de fato já havia me ajudado muito, mas isso já estava me dando nos nervos. Ela estava passando dos limites e isso foi o fim quando ela tentou tocar em Luna. Abnerzy estava com um boneco de Crowler, era assim que ela os detia até que o indivíduo estivesse fraco. — O que fez com ela? Mil vezes eu lhe avisei sobre Luna e… — Estávamos longe do Clã do velho, mas não sabíamos por quanto tempo seria. — Ela é sua filha, Merlin. Às vezes as crias tem que fazer algum sacrifício para salvar seus criadores. — As coisas não são assim, você sabe bem do que estou falando. Eu posso não ser muito útil agora, mas você sabe que isso não será assim para sempre. Essa será a última vez em que lhe peço para ficar longe da minha filha. Nós já não temos mais pacto algum, eu já lhe dei o que você queria e por que ainda insiste em continuar ao meu lado? — Porque você é uma pessoa solitária e perdida, Merlin. Não vai me dizer que lhe incomodou durante todos esses anos? — Muitas vezes Abnerzy me salvou. Quando eu soube que Léia estava prometida a Ulisses, eu não soube a quem recorrer e não pensei nas consequências futuras. Nós dois nos amávamos, eu quase fiquei louco quando vi ela casando-se com ele. Nós dois continuando nos encontrando, como se ainda fossemos dois jovens apaixonados, então ela engravidou e disse que não queria me ver nunca mais, assim foi desde o dia em que recebi o seu convite para apadrinhar Luna, que deveria ter nascido um menino, não uma Feiticeira mulher. Abnerzy me ajudava sem pedir nada em troca, a não ser o que eu já tinha de mais preciso. — De forma alguma você foi um incômodo, mas não quero que toque em minha filha novamente, esse é meu último pedido. — O véu n***o sempre cobria seu rosto, eu já tinha a caveira dela decorada em meus pensamentos, mas ela era uma boa companhia. — Seus pensamentos não dizem que esse será seu último pedido, portanto, lhe darei apenas mais uma chance. — Sua voz quando ela falava sério era estridente, irritante e persuasiva. Meus pensamentos pedia proteção a Luna, mas eu estava incapacitado de fazer tal coisa, porém, Abnerzy me devia alguns favores do passado. — Proteção a Luna, quero que você a proteja de você mesma. Agora me leve até a taberna mais próxima daqui, preciso aquecer meu corpo, essa noite será longa e fria.
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