Capítulo 18 — A verdade sobre Luna

1429 Words
Luna Dalila me olhava como se fosse me atacar a qualquer momento, enquanto Meei tentava amenizar a dor que tomava meu corpo com ervas. — Não a olhe demais, ela não merece a sua atenção! — Lancelot surgiu por entre as cortinas trazendo consigo uma manta, juntamente a uma caneca de chá. — Obrigada. — Agradeci vendo Meei sair e nos deixando a sós. Essa seria a hora perfeita para me impor sobre tudo que aconteceu e tudo que ele me causou. O ferimento em minha barriga estava doendo, na maioria das vezes eu conseguia me curar sozinha em questão de minutos ou horas, mas dessa vez foi diferente. Em momento algum me arrependo de ter salvo a vida de um ser, ainda mais quando se trata de um bebê, mas isso demandou muito de mim e agora quem estava entre a vida e a morta era eu. Eu precisava ser cuidada agora e, se Abnerzy me encontrar, será meu fim. Lancelot ajoelhou-se ao meu lado, colocando sua mão em meu rosto, fazendo-me fechar os olhos e imaginar um amanhã melhor. — Eu peço por todos os deuses que me perdoe, Luna. Não foi minha intenção machucá-la! — São águas passadas, Alpha. Peço apenas que me deixe descansar aqui por mais alguns dias até que esteja totalmente recuperada, prometo que não lhe tratei nenhum m*l, nem a você e nem ao seu povo. — A cada palavra dita eu me sentia mais cansada e estava vendo isso nele também. Seu semblante estava mudado, seus olhos estavam perdendo o brilho e ele parecia fraco. — Somos uma só alma agora, Luna. Se você morrer, eu morrerei também. Eu não tenho medo da morte, tenho medo de perdê-la. — Em um momento de descuido ele segurou minha mão e a colocou em cima do seu peito esquerdo, tornando possível que eu sentisse as batidas do seu coração. — Eu posso curar você. Meu corpo é o seu templo, faça de nós dois um só e viva por nós. Poderia ser uma cena romântica? Sim, poderia. Mas, Lancelot não era romântico e isso estava me parecendo algum problema. Será que o chá que Meei me deu era algum tipo de planta alucinógena? Antes que eu pudesse fazer algo, meu corpo desligou e eu dormi de forma repentina. Não estava conseguindo controlar bem as emoções. Me sentia confusa com as palavras ouvidas e seus gestos depois que me salvou. Havia algo errado e o erro não estava em mim. Lancelot Suas mãos eram tão pequenas que cabiam na palma da minha sem muito esforço. Seu corpo estava pálido, seus cabelos não haviam voltado a cor n***a que era, permaneceram brancos desde o momento em que eu a machuquei e isso estava me deixando fraco. Estava me doando ao meu bando, até o momento estava tudo sob controle. — As fêmeas estão reclamando da falta de verduras e legumes para suas crias. Tem alguma ideia do que podemos fazer? — Klaus tinha um olhar de preocupação para o nada, tentando manter-se calmo, mas no momento isso era quase impossível. — A seca está acabando com as plantações, isso é inegável, mas não podemos deixar que isso nos afete. Amanhã você estará com o dever de preparar as mulheres e crianças, partiremos no pôr do sol, assim não terá perigo de cruzarmos com as tropas de Malvim. — Eu sei que somos amigos, portanto pode abrir seu coração comigo, assim como eu fazia com você antes de tudo isso acontecer. E só então eu parei para olhar ao meu redor e estava tudo sem vida. Desde a partida de minha genitora que eu não havia parado um minuto, mas agora tudo estava vindo à tona. Casas destruídas, árvores caídas e um verdadeiro caos em volta do vilarejo. — Estando em tempos difíceis, precisamos servers o máximo que conseguimos ou as coisas só irão piorar daqui pra frente. — Não estamos falando do momento atual, Lancelot. Estamos falando sobre Luna, sua Feiticeira. Eu vi com meus olhos o poder absurdo que ela tem, poderia nos beneficiar de alguma forma, já que ela não partirá mais daqui. — É aí que você se engana! Ela já não quer mais proximidade comigo, e eu já não sei mais o que fazer pra mudar isso. — Confessei meu sentimento para Klaus que estava me ouvindo de bom grado. — Eu não sei como lidar com tudo que vem acontecendo, nem mesmo sei como eu deixei tudo sair só lugar apenas por não conseguir controlar meus instintos. — Está confessando que não há amor de ambas as partes? Ao que meus olhos vêem, eu posso estar enganado, mas vejo como ela o olha e eu sei nada sobre ela assim você também não sabe nada. Não acharia mais viável ter uma conversa com ela antes que a mandar embora novamente? — A questão é que eu nunca a mandei embora! — É… você apenas quis matá-la e quase conseguiu o que queria. — A palavra morte me assombrava de uma certa forma, inexplicável, eu nem mesmo conseguia pensar na possibilidade de perder mais pessoas. — Eu não quis dizer que foi por querer, mas o destino uniu vocês e você mesmo sempre acreditou que para tudo havia um propósito. Luna pode não ter a sua força, mas ela pode matar nós dois em apenas um estalar de dedos e pelo pouco que eu sei, ela anseia por vingança a Malvim. Klaus tinha razão, Luna poderia ser útil de várias maneiras, mas eu não sabia nada sobre ela a não ser o fato de que nossa mãe foi tirada de nós dois no mesmo dia. — Depois veremos isso. Precisamos de lenha para nos aquecer, essa noite será fria. — Klaus reuniu alguns homens e juntos foram em busca de lenhas e o que pudesse ser útil. Luna permanecia adormecida, mas sua respiração estava falha e seu corpo frio. O dia foi chuvoso e a tarde não foi diferente, mesmo com algumas cobertas ela não estava se aquecendo e aquilo estava me deixando incomodado e sem saber o que fazer. Meu coração implorava para senti-la novamente, mas meus instintos não permitia que eu fosse gentil em certos momentos, mas havia algo mais que nos prende um ao outro e eu não sei explicar essa conexão. — Lancelot… — Sua voz estava fraca, quase como um sussurro, mas audível para mim. — Estou aqui! — Seu rosto virou para me olhar com certa dificuldade, com aquele olhar sereno e tão cansado. — Eu não vou sair de perto de você, estarei sempre aqui para você. — Uma lágrima molhou seu rosto, fazendo ela sorrir envergonhada. — Eu quero te contar algumas coisas sobre mim. — Se essas coisas te fazem sentir dor, eu prefiro não saber. — Você tem que saber, assim se me matar algum dia terá um bom motivo para isso! — Após um longo suspiro ela continuou: — Eu sou filha de Léia, a Feiticeira que um dia foi abençoada por Onedusa e era muito poderosa, mas ela não conjurou nada desde o dia do seu casamento até o dia de sua morte. Minha mãe era casada com Ulisses Crowler, filho do Crowler que também é o ancião do clã Kodo. Naquele dia que você me encontrou, eu achei que iria morrer, vi meu pai quase matar minha mãe mas eu o interventei, então ela foi morta por uma flechada em seu peito que foi disparada por Malvim. Naquele mesmo dia eu matei meu pai, ou não, não sei a verdade sobre de quem eu sou filha, mas tenho certeza que o sangue dos Crowler's não correm em minhas veias, desde então eu ando ansiando por sangue. Eu preciso vingar a morte da minha mãe e depois disso eu já não tenho mais motivos para continuar. Sendo assim, eu tenho apenas um pedido para lhe fazer. Então ela nunca foi uma perdida? — Há quanto tempo você usa seus poderes? — Sempre usei, mas nunca deliberadamente. Minha mãe sempre me alertou sobre os perigos da família. Todos souberam no dia em que ela morreu. — O que você iria me pedir? — Ela olhou dentro dos meus olhos e respondeu: — Que poupe minha vida até o dia em que eu matar o Malvim e o Pedragon, depois disso sacrifique a minha vida pela sua. Já que não podemos ser um só, eu não conseguirei seguir sem você, esse é o castigo para qualquer Feiticeira. O amor nos prende de forma dolorosa, levando-nos a escolher entre partir ou sofrer.
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