Minha cabeça lateja um pouco quando tento abrir os meus olhos, então mantenho eles fechados por mais um tempo. Algumas pessoas estão conversando a minha volta, depois do que parecia horas consigo me concentrar melhor no que está acontecendo ao meu redor.
- Achei que ela estava melhor. Achei que aquele tratamento tinha ajudado ela. – a voz da minha mãe é de choro.
- E ela está anjo. E o tratamento foi eficaz, olha quantos anos se passaram desde a última crise que ela teve. E desta vez foi bem mais rápido. Extubaram ela pela manhã.
- Mas ela ainda está assim Ale.
- Caio disse que desde ontem a noite ela começou a respirar sozinha novamente. Logo ela acorda. E vai ficar bem.
- Eu acho que as crises nunca mais votariam. – a voz da minha mãe era triste. – Achei que com os anos seu organismo ia ficar cada vez mais forte principalmente depois do tratamento.
- Não foi o que o médico disse, ele disse que poderia ou não ter outra crise como aquela, e que a condição de vida dela melhoraria muito e de fato melhorou anjo. Ela pode acordar a qualquer momento, bem menos do que daquela vez. Vamos acreditar que ela vai ficar bem.
- Hum... – tento abrir os olhos novamente.
- Querida. – minha mãe pega na minha mão.
- O que aconteceu, Onde eu estou? – olho em volta, minha voz está rouca, minha garganta dói um pouquinho.
- Estamos no hospital meu bem.
- Você teve uma crise pequena. Não se lembra? – n**o com a cabeça.
- Quantos dias? – pergunto conseguindo firma minha vista.
- Três dias. – meu pai responde. Por isso eles estavam falando que foi mais rápido desta vez, minha última crise me deixou inconsciente por duas semanas.
- Pedro? – ele deve está assustado, Nunca vou uma crise minha antes.
- Estou aqui. – olho na direção da sua voz, ele estava no quanto me olhando com tristeza, seu semblante é destruído. Abro um pequeno sorriso para ele. Pedro continua parado distante, sem esboçar nenhuma sorriso. Olho para ele com as sobrancelhas franzidas, por que ele está assim, tão longe e com medo.
- Olha que a nossa bela adormecida acordou. – tio Caio entra no quarto. – Como se sente?
- Não sei dizer, minha cabeça está um pouco estranha ainda, minha garganta e peito estão coloridos.
- É normal, por causa do tubo. Vou pedir para te medicar.
- Por que eu não lembro o que aconteceu? – pergunta curiosa.
- Quando a pessoa acorda do coma, em alguns casos, pode acontecer de ela não se lembrar do motivo de ter ido para o hospital. É a chamada amnésia retrógrada, qual a sua última lembrança?
- Jantamos lá em casa, depois de escolher o buffet do casamento, meu estômago e cabeça doíam um pouco, Pedro foi embora eu me preparei para dormir... Acho que é isso.
- Isso foi no dia antes do seu acidente pequena.
- Há... – foi só o que eu respondi.
- Caio isso é algum problema sério?
- Não Alex, é mais comum do que se imagina, existe casos que as pessoas se esquecem de dias, semanas, até meses. Ela só não registrou a memória do dia. Talvez volte, mas geralmente não volta. Por via das dúvidas vou pedir alguns exames.
- Obrigado.
- Eu vou ligar para seus irmãos, avisar que acordou. – minha mãe diz.
- É temos que falar com todos.
- Já voltamos querida. – meu pais e meu tio saem do quarto. Dou apenas um sorriso.
- Está tudo bem, pode chegar perto eu não vou morrer. – tento sorrir, estico a mão para ele que se aproxima com cautela.
- Não se lembra mesmo do que aconteceu? – ele segura minha mão.
- Não.
- Foi horrível – seus olhos ficam marejados. – Eu nunca senti tanta medo em toda a minha vida.
- Desculpa, posso imaginar. Mas eu estou bem agora. – ele continua tenso.
- Aconteceu uma coisa pouco antes de você desmaiar. – ele fala com cautela.
- Estávamos brincando.
- Brigando? A gente nunca briga.
- É, acho que você não quer mais se casar comigo. – sua voz esta carregada de tristeza.
- Isso é impossível amor. A não ser que eu tenha te visto com outra. Eu não te vi com outra mulher não é? – finalmente ele da um pequeno sorriso.
- Impossível. Eu te amo demais, achei que isso foi culpa minha.
- Então o que aconteceu? – pergunto, preocupada.
- Saindo do restaurante, encontramos uma pessoa. – ele respira fundo. – Se lembra quando me perguntou se eu tinha família no Brasil.
- Sim.
- Eu menti sobre isso. – puxo minha mão da sua.
- Mentiu para mim? – pergunta perplexa.
- Tem uma família do meu pai aqui no Brasil, não falo muito com eles. Essa pessoa que encontramos é uma prima por parte de pai. Você ficou furiosa começou a dizer que eu menti para você sobre ter uma família aqui, depois desmaiou nos meus braços. Eu sei que omiti isso, mas não tenho muito contato com eles. Essa prima mesmo conheci quando ela precisou ficar uns anos estudando fora e eu hospedei ela a pedido dos meus avós. Pegamos uma certa amizade, mas não somos próximos.
Não consigo dizer nada a não ser ficar olhando para ele, sem acreditar. Seu olhar é triste, devastado, posso ver que ele está com medo da minha reação, medo do que vou fazer agora. Vejo que mesmo que os fatos não tenham nada haver um com o outro, Pedro se culpa, por que ter passado m@l. Infelizmente eu ignorei os sinais de uma possível crise, achando que eu estava bem, que só era só de carga dos dias corridos que estou tendo.
- Eu posso ir embora se quiser? – ele pergunta. não digo nada. Ele se aproxima e dá um beijo na minha testa. - Eu te amo. - se afasta em direção a porta.