Sai de lá feito uma criança que acaba de ganhar um brinquedo. Fico pensando nele, no seu sorriso, na nossa conversa, de como as coisas fluem naturalmente com ele, mesmo ontem quando estava naquela loucura, estar com ele me acalmou, Pedro tem um jeito encantador de falar de agir. Ele aparentar ter a uma conversa que eu sempre sinto falta nos outros caras. Ele é diferente dos outros deles, mostra que tem maturidade. O seu jeito se parece com o do João. O que? Não! Por que estou comparando os dois? Não é ara existir essa comparação entre os dois.
Talvez seja porque entro no escritório, e vejo ele parado na mesa da Carla, falando algo com ela. Parece tenso, Ele não diz nada, me olha por cima dos ombros e vai para a sala de reuniões. Não consigo identificar o que está se passando com ele, sei que não é raiva, no seu olhar, estava mais para tristeza talvez.
- Há resolveu nos dar o ar da sua graça. – Téo faz uma piada sobre eu estar atrasada.
- Não sabia que eu tinha compromisso com você hoje pela manhã. - Rebati a sua fala debochando da cara dele.
- Comigo não, mas com os sócios. Uma reunião importante dessa e você pela rua. – Ele diz com raiva. Olho o relógio no meu pulso. Realmente não costumo chagar esse horário, mas não vou deixar ele levar essa.
- Eu ainda tenho cinco minutos antes dela começar. – Vou até a minha mesa. Carla logo vem na minha direção. – Não se preocupe estou dentro do meu prazo. – Pisco para ele. Vejo o seu rosto se contorcer de raiva quase deu para ver a fumacinha subindo.
- Depois diz que não tem privilégios por ser uma, Garcia. – Escuto ele dizer, mas não tenho tempo agira para debater com ele. Natan e os clientes estão para chegar, posso não estar com a cabeça ótima, mas preciso dar o meu melhor agora, sou uma futura advogada em ascensão nada vai atrapalhar isso.
- O que aconteceu? Todos esses anos você nunca atrasou um dia se quer. – a sua curiosidade está em evidência. – Quase meia hora de atraso.
- Tive um pequeno imprevisto. – Dou de ombros. Esse nem é meu horário de fato mesmo. O meu estágio é na parte da tarde. Só quando temos reuniões importantes que pegamos de manhã. Como hoje que é um caso importantíssimo para o escritório.
- João estava louco, perguntando se alguém sabia alguma coisa de você. – Sinto um arrepio ao ouvir o seu nome, não é um arrepio bom – Não atendeu as ligações. – Coloquei o meu celular ontem a noite no modo avião e esqueci de tirar.
- É mesmo. – Fingi indiferença. – Esqueci de tirar do modo avião. – Olhei e tinha várias ligações perdidas, mas estou sem tempo para olhar agora, depois da reunião vejo do que se trata. – Mas ele estava muito preocupado? – me arrependi de perguntar, mais saiu mais rápido do que imaginei.
- Sim, até passou uns papéis para o Téo analisar, caso você não chegasse, ele iria ocupar o seu lugar. - Agora entendi a raiva do teu ao me ver. Ele queria a vaga nesse caso.
- É, mas eu cheguei. – Pego tudo que vou precisar – Depois nos falamos eu preciso entrar. Até mais.
- Está bem.
Falta menos de dois minutos para os nossos clientes chegarem, fora o Natan, o outro socio sênior do escritório, precisamos manter, uma boa relação profissional pelos nossos clientes, então não teria mais como adiar esse encontro. Entro na sala de reuniões como coração acelerado. João está sentado na ponta da mesa com o seu computador aberto, ele me olha sobre a tela do notebook.
- Podemos conversar? – ele diz assim que fecho a porta.
- Não é o momento João. – Digo indo para o meu lugar.
- Eu passei a noite inteira pesando naquele beijo, pensando em nós dois Hember. – Ele ia se aproximar quando a porta abre. Era o Natan.
- Bom dia – ele nos olha com as sobrancelhas franzidas.
- Bom dia. – João responde seco.
- Bom dia! – eu já respondo um pouco mais animada, não vou permitir que esse episódio comande a minha carreira aqui. Mesmo não gostando das palavras do meu pai, sei que ele está com razão. Não posso deixar isso definir quem eu sou.
- Estamos prontos? – ele pergunta.
- Claro, eu analisei todo o caso ontem e acredito que está tudo ao nosso favor. – Abri a minha agenda, no mesmo instante o perfume dele invade as minhas narinas. Os meus pensamentos logo são levados até ele, seu sorriso radiante, sua conversa boa...
- Então? – Natan quem diz, mas ambos me olhavam com curiosidade.
- É, eu consegui reunir vários laudos médicos, escolares... – fui falando com eles. Esse caso é sobre um casal famoso que resolveu adotar um bebê porque não podia ter filhos e agora sete anos depois, a mãe biológica quer a criança de volta. Por ser um casal famoso, ambos são atores. Ela tentou pedir dinheiro e como não deram, ela está tentando a guarda da criança. Mas todos sabemos que o que ela quer é dinheiro.
O Casal, Fernanda e Marcelo, chegaram pouco após começarmos. Todos estamos montando toda uma estratégia. João finalmente parou de me olhar e ativou o seu modo advogado. Confesso que sempre foi o que eu mais admirei nele. Seu profissionalismo, talvez seja isso que aconteceu comigo. Admirei tanto o seu lado profissional que confundi as coisas. E confesso que me senti decepcionada com o seu beijo, tenho certeza que se eu não tivesse afastado ele naquele momento teria trans@do ali mesmo. Sei que não sou a certa desta história, mas não esperava isso dele.
“Esperava o que Hember, romance? Com um homem casado”
A minha mente me acusa, fico com raiva porque sei que é impossível. Mas eu não esperava que ele fosse esse tipo de homem de ter um caso.
- Mesmo com tudo ao nosso favor, temos que contar com o fator surpresa, tem alguns juízes que apreciam a família biológica. – Natan diz analisando os fatos recentes.
- Esse juiz é um deles. – João diz.
- Deveríamos ter dado dinheiro para ela quando pediu – diz Fernanda. – Assim não chegaria a isso, ela estaria longe agora.
- Foi o que eles disseram querida, se tivéssemos dado o dinheiro ela nunca iria para. – Marcelo responde.
- Sim. Concordamos com isso. – João diz.
- Mas agora não teria o risco de perder ele, ou ter que ver ele conviver com ela. – Ela lamenta.
- E se você. Fernanda, aceitasse conversar com ela? – digo de repente. Eles me olham com espanto.
- Como assim? – Natan pergunta.
- Bem, temos quase tudo ao nosso favor, não é? Mas eu acredito que uma prova irrefutável seria ela ter pedido o dinheiro. Mas você não pode oferecer. – Continuo com a minha analogia.
- Sim, tem que deixá-la falar sobre – João diz.
- Procure ela, peca que desista disso, que é melhor para o seu filho ficar onde estar. – Contínuo. – Diz que você só quer o bem dele independente de qualquer coisa.
- Sacada de mestre Garcia. – Natan diz com um sorriso. – Ela pede o dinheiro e o juiz vai ter certeza de que o que ela quer é o dinheiro.
- Sim, que ela ignora para o bem-estar da criança. – Eu digo – Conhecendo o seu tipo ela só está esperando vocês oferecerem, ela não o queria, antes e não quer agora. O que ela quer é dinheiro.
- Como faríamos isso? – ele pergunta.
- Para começar vocês precisam demonstrar medo de perder, hoje na audiência de conciliação. - Começamos a bolar o plano, entrando mínimos detalhes para que tudo de certo.
Depois da reunião fomos até o cartório para a audiência. Como combinado. Ambos mostraram medo de ficar sem o filho. Foi exatamente como esperamos. Marcando a audiência para daqui a duas semanas o que nos daria tempo de sobra para pôr o plano em prática. E tudo estava indo perfeitamente bem. Voltamos para o escritório, eu estou feliz, e com plena certeza da vitória.