Café

1004 Words
Abri os meus olhos na esperança de que tudo que aconteceu na noite passada, não passou de um sonho louco, mas infelizmente a realidade é outra, eu estou completamente ferrad@, João, se declarou e me beijou, ainda me deixou aquele bilhete gerando uma problema maior ainda. Meu pai descobriu, e ainda acha que sou uma vag@b***a que tem um caso com um homem casado. Fora ainda perder a droga da agenda com anotações importantes, não poderia ter sido pior. Meu dia vai ser puxado hoje. Preciso resolver dezenas de coisas antes da audiência, que por sorte é a primeira, é só uma audiência de conciliação inicial, mas que tem um peso importantíssimo para o caso, já que vamos saber qual o objetivo da parte reclamante. Qual a verdadeira intenção dela. E onde que chegar. Tomo um bom banho, como hoje preciso ir direto para o escritório, devido a essa reunião, escolho um terninho, a calça era um pouco mais justa, mas o corte é reto. Cabelos em um coque elaborado, com alguns fios soltos, maquiagem leve, salto nove, nada muito alto. Olho no espelho e gosto do resultado. Ainda tenho tempo até a reunião, mas quero tomar café em casa. Assim que desci as escadas, vejo minha mãe no sofá, seus olhos ainda estão com tristeza, mas ela sorri. Minha mãe sempre foi esse tipo de mulher. Tem um coração maior que tudo. Sei que está chateada, mas ela jamais vai me tratar de outra forma. Ela sempre esteve ao meu lado, mesmo sendo uma boa filha, uma aluna exemplar. Sempre pude contar com o seu apoio, amor, carinho e compreensão. - Bom dia queria. – Ela me diz. Com um pequeno sorriso, retribuo o sorriso, mas ao mesmo tempo, sinto péssima, ela sempre foi tão genuína comigo. como eu pude enganar eles. - Bom dia mãe. – Digo indo em direção a porta. - Não vai tomar café? – suas sobrancelhas se unem. - Não. Estou atrasada e tenho uma reunião importante agora pela manhã. Preciso resolver algumas coisas antes. Por causa da agenda que perdi. – digo olhando vagamente para ela. - Tudo bem então. Tchau querida. Boa sorte no trabalho. – ela volta sua atenção para a revista que estava lendo. - Obrigada! Tchau mãe. – Mesmo tendo que resolver algumas coisas, na verdade estou com vergonha de encarar os meus pais. Não sei com que cara olhar para eles agora. Meu pai foi bem duro comigo, disse coisas pesadas, mas todas verdades que me abriu os olhos, ele está completamente certo, eu sei, mas ainda assim doeu ouvir tudo que ele disse. As insinuações. Antes de ir para o escritório, passo na lanchonete que tem perto do prédio, como diz a minha avó saco vazio não para em pé. Tenho cerca de 40 minutos antes de me encontrar com João e Natan para resolvermos as questões da audiência de conciliação. Acredito que temos tempo para analisar tudo novamente e conseguir montar novas estratégias para colocar em pauta hoje com João e Natan. Sento-me em uma mesa bem no canto. Aqui vai me dar a privacidade que precisa para analisar tudo. Natan nos pediu para mostrar estratégias para cercar esse caso de todos os lados, é uma conta importante para o escritório. - Um café e dois pães de queijo por favor. - Digo para o atendente. Que logo em seguida chega com o meu café e os pães de queijo, que na minha o opinião, os daqui são os melhores da cidade. Pego os papéis, meu notebook e um caderno qualquer que estava jogado nas minhas coisas. Se não encontrar a minha agenda preciso comprar outra, mesmo com tantos meios eletrônicos, eu ainda gosto de papel e caneta, a tinta rabiscando o papel, me fascina. Vou analisando alguns fatos relendo os tópicos. Fazendo pequenas anotações. Por sorte como fiz isso ontem a noite, algumas coisas ainda estão fracas na minha mente. Antes mesmo de terminar o primeira folha, alguém deposita uma coisa nas minhas mesas. Me causando um susto, olho com cuidado e é a minha agenda! levanto meus olhos e é ele, Pedro está parado na minha frente, com o mesmo sorriso de ontem a noite, achei que nunca mais veria ele na minha frente, e agora ele está aqui, e com a minha agenda! - Sabia que te encontraria aqui. – Ele diz. Nossos olhos ficam conectados. Não sei explicar exatamente o que eu sinto, mas sinto algo quando o vejo. - Como assim? – pergunto sem entender o que ele queria dizer. - Você tem um cronograma bem interessante. – ele diz tentando esconder um sorriso. - Leu minha agenda? - fico indignada. E com vergonha ao mesmo tempo. - Em minha defesa estava te esperando na frente do prédio, mas demorou, e eu tenho um compromisso importante as oito e meia, não poderia esperar muito então dei uma olhada atrás de um telefone para contato. E li que estaria aqui para pegar um café. – Ele se justifica. – Mas já não deveria estar de volta no escritório? – suas sobrancelhas estavam franzidas. - É, mas eu precisava refazer umas coisas, já que tinha perdido a minha agenda. Por falar nisso não acredito que você leu as minhas coisas. – A maior parte dela era sobre trabalho e compromissos, mas também existe alguns conteúdos particulares. Isso me deixa sem jeito. - Só o necessário para poder te achar. – Ele levanta as mãos se justificando – Eu juro. - Vou ter que acreditar – dou de ombros. - Bem já que eu te dei uns minutinhos, e eu também tenho alguns. Que tal um café junto? – está prestes a dizer não, mas me pergunto mentalmente o porquê não? Qual o problema te tomar um café com ele. Não vejo m@l algum em um café com ele, preciso abrir a minha mente, para ideia de tirar João dos meus pensamentos. - Claro. – Pedro senta na minha frente. Fecho o notebook e guardo toda a papelada.
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