Arthur Karelly (20)

1299 Words
Arthur Karelly — O que aconteceu aqui, não foi um erro, eu queria, você queria, isso não foi um erro — ela fala com certeza e suas palavras me deixam alegre — Meu maior erro, eu cometi há quatro anos atrás, quando deixei você crescer dentro de mim, sem antes saber se eu estava dentro de você — Neusa completa sua frase com raiva e mágoa na voz. Ela acabou de destruir o meu coração e eu é que sou o vilão da história? Ela acabou de afirmar que foi um erro me amar, que tudo o que vivemos não passou de uma simples falha para ela, p***a, se eu soubesse que era para escutar esse tipo de coisa, eu preferia mil vezes ficar na Grécia. Neusa se levanta com pressa e procura suas roupas, ela está linda suja com a minha p***a, se eu pudesse registrar esse momento o faria, mas suas palavras ainda estão vivas em minha mente, não vou esquecer tão já. — Uhm! Vá tomar um banho rápido, eu espero por você — falo sem graça. Ela nem sequer se dá ao luxo de me responder, simplesmente sai do quarto, entra no banheiro e tranca a porta. Em outra época, eu com certeza entraria junto dela no banheiro, mas depois do que houve, depois do que eu ouvi, eu simplesmente não consigo ignorar isso. Ela acha que foi a única que sofreu com o nosso termino, mas eu também sofri, eu tive que fazer uma escolha difícil e ninguém esteve comigo para me consolar, ela ao menos teve todos a nossa volta para enxugar as lágrimas dela, mas e eu? Ninguém esteve comigo depois de tudo, ninguém esteve comigo quando o desgraçado do meu pai, ameaçou me deixar longe da minha mãe, eu sofri sozinha e calado. Meu celular vibra, na hora em que entrei no quarto e encontrei minha deusa, pronta para mim, eu não pensei em mais nada além de tomar ela para mim, inclusive deixei o celular de qualquer maneira. Procuro por ele embaixo da cama e nada, procuro na cama e nada, a única coisa que encontrei foi a calcinha dela, procuro nos bolsos das calças e graças a Deus, ele não está quebrando. Assim que abro o celular, as chamadas da minha madrasta, são tantas que são assustadoras. Mamy número dois: Onde vocês estão? Seu maluco com hormônios de lobo no cio, os pais dela já perceberam que vocês sumiram . Arthur: Estamos no andar de cima, não fizemos absolutamente nada, só estamos conversando. Mamy número dois: Claro que estão conversando, conversa corpo a corpo, desçam já. Arthur: Nós estamos vindo, não se preocupe. Mamy número dois: Saiam pela porta dos fundos, leve um dos whiskys mais caros do seu pai, entrem pela porta principal. Eu falei que vocês foram comprar o whisky. Arthur: Obrigada Mamy, você é simplesmente incrível. Desligo o celular, procura as minhas roupas e visto, organizo e fico mais ou menos apresentável. Minha deusa sai do banheiro coberta pela minha toalha. Ela parece renovada, pronta para um novo combate contra mim, mas não há mais necessidade de lutar, ela claramente venceu. Arthur: um, Neusa: Cinco. — Precisamos ser rápidos, estão procurando por nós — informo sem graça. O clima entre nós está extremamente estranho, a verdade é que eu não quero ficar mais no mesmo ambiente que ela, eu quero mesmo é voltar para Grécia, acho que os orixás da minha mãe enganaram-se, não tem nada para mim aqui, ela claramente está bem no novo relacionamento. O que sobrou entre nós é só desejo. — Ai meu Deus, minha mãe vai me m***r, o que eu vou falar? Meu cabelo está todo de qualquer maneira, aaaaaah! É o meu fim — Ney grita andando de um lado para o outro, procurando por sua calcinha. Saio do quarto e vou até o meu closet, não consigo falar com ela, não consigo olhar para ela sem que as palavras dela pareçam tão vivas e cortantes. — Toma, você não pode vestir a mesma calcinha — entrego uma calcinha de renda, também branca, igual a outra. No final eu não vou perder nada, só fizemos uma troca, eu fico com a calcinha suja e com seu cheiro, ela fica com a calcinha limpa. Ficamos quites. — De quem é essa calcinha que está me dando? — ela reluta em levar a calcinha. Continuo com a mão estendida, estou me controlando para não gritar agora, não estou com muito pouca paciência para os chiliques dela, eu quero só sair desse quarto logo. — Você quer uma calcinha limpa ou não? — falo impaciente. Ela parece surpreso com a minha resposta, não só ela, eu também, nunca falei desse jeito com ela. — Claro que quero, mas eu não vou usar qualquer coisa só porque você está me dando, de quem é? E se fôr de alguém que fez um feitiço para te conquistar? — ela fala tantos absurdos que estou me controlando ao máximo para não gargalhar de uma só vez diante dela. — Pará de ser maluca, essa calcinha é tua, não reconhece suas próprias coisas agora? — indago impaciente.. Pego na mão dela a força, coloco a calcinha em sua mão e saio do quarto, ficar com ela num mesmo ambiente, está se tornando uma tarefa desgaste. Não quero mais fazer isso, não vou mais me humilhar por ela, já chega, como ela mesma disse, foi tudo um erro. Cometer um erro uma vez, é humano, duas vezes é burrice, se ela acha que o que tivemos foi um erro, então não vamos cometer novamente. — Já estou pronta, vamos? — ela sai do quarto com a maior calma do mundo, como se há minutos atrás, não tivesse usado o meu corpo e no final, ter me jogado no lixo. Ela me jogou no lixo como nada, ela me usou para fazer o trabalho que o namorado dela não faz bem, mas quando é para assumir alguém, ela beija aquele banana chifrudo. — Vamos sair pela porta traseira e entrar pela principal — falo sem olhar para ver se ela está me seguindo, simplesmente sigo o meu caminho.. Ela vem correndo atrás de mim, totalmente irritada, por estar a correr para tentar acompanhar os meus passos. Antes de sair da casa, passo pelo escritório do meu pai, levo um whisky irlandês de quinze anos de envelhecimento, não sei se é caro suficiente para justificar o nosso sumiço mas é o bastante para disfarça a nossa ausência. — Espera por mim, por quê está andando tão depressa — Neusa tenta acompanhar os meus passos. Ela está ofegante, seu peito subindo e descendo, ela está com o meu cheiro por todo o seu corpo. Mesmo que isso seja tentador, eu preciso ignorar, não vou deixar os meus desejos falarem mais altos que a razão, ela quer fazer um jogo difícil, então é isso mesmo que faremos. — Se você andasse mais rápido, já estaríamos na porta agora — falo impaciente. Seus olhos se arregalam de surpresa. Eu entendo ela, eu nunca falei assim com ela, nem mesmo quando não tinhamos um relacionamento, quando eu só olhava para ela como a filha do advogado da Karelly. — O que deu em você, está insuportável — ela reclama tentando aumentar os passos para me acompanhar. — Só estou seguindo seus conselhos, você falou que o que tivemos há quatro anos e há minutos atrás foi um erro, eu vou garantir, para que esse erro não se repita nunca mais — declaro decidido, antes de entrar na sala. Assim que abro a porta, todos os olhos na mesa se voltam para nós os dois. Parece que o interrogatório não vai terminar tão cedo para nós dois, ainda vamos enfrentar um enxurrada de porquês.
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