CAPÍTULO 3

1845 Words
Fabíola * Estou um pouco sem fôlego por arrastar a minha mala pela grama mas, estou até me esforçando para ficar na frente do grupo. Esses caras estão nos observando desde o minuto em que descemos dos ônibus, avaliando se temos o que é preciso entrar no time. Tenho a certeza que vou garantir que eles saibam disso. Embora ela esteja lutando para acompanhar, Fabiane está bem atrás de mim. Ela não tem nada para provar que ela já está dentro, mas sua ansiedade a mantém perto. Nós paramos onde os outros recrutas se reuniram e eu dou minha primeira inspiração nos caras que comandam o lugar e p**a merda, acho que paro de respirar por um segundo. Os cinco caras parados na nossa frente são lindos pra c*****o. Cada um deles são absolutamente malhados, de seus antebraços cruzados no peito até seus abdominais que esticam a frente de suas camisetas pretas. Eu pensei que Diogo fosse construído musculosamente mas, esses caras são como se fossem a própria anatomia humana. Não só isso, mas todos eles são tatuados e lindos de parar o coração. A maioria dos lobos são atraentes, mas esses caras parecem malditas estrelas de cinema. Controle-se, Fabíola. O cara mais alto fica no centro e dá um passo à frente para se dirigir a nós, batendo palmas. A brisa agita seu cabelo escuro despenteado, e eu juro que posso sentir o cheiro dele daqui. Ele cheira bem. — Escutem, recrutas — ele começa, sua voz profunda reverberando nas paredes de alumínio que cercam o complexo do esquadrão. — Vocêm pode ter vindo aqui com os seus amigos, mas isso não é um acampamento de verão.— O comando em seu tom me deixou um pouco fraca nos joelhos. — Este será o verão mais difícil de suas vidas e se vocês conseguirem passar, vocês vão entrar no time.— ele continua. — Se você acha que não tem o que é preciso, agora é sua última chance de retroceder.— Tento me lembrar que estou aqui com um propósito treinar, mas minha loba está desmaiando e não consigo pensar em nada além de escalar esse cara como uma árvore. Eu lanço um olhar rápido para Fabiane e posso dizer que ela está pensando a mesma coisa. Eu coloco a minha mão sobre a boca para abafar uma risada, mas ela escapa. Os olhos do cara vão direto para mim, se estreitando, e eu imediatamente sei que estraguei tudo. — Há algo engraçado, recruta?— ele pergunta, cruzando os braços sobre o peito. Tatuagens tribais percorrem toda a extensão de seus antebraços volumosos. Merda. Eu deixo outra risadinha nervosa escapar, então pressiono meus lábios e balanço minha cabeça. Ele dá um passo em minha direção. O grupo de outros recrutas em pé na minha frente se separa para deixá-lo passar, até que ele esteja bem na minha frente. Eu respiro fundo e juro que meu coração para. Todos esses anos de treinamento e eu estraguei tudo nos primeiros dois minutos? Muito bem, Fabíola. O cara me olha com seus olhos castanhos escuros e eu sinto que seu olhar está me cortando. — Qual é o seu nome, recruta?— ele rosna. Eu engulo em seco e esqueço meu próprio nome por um segundo, até que sinto Fabiane me cutucar maliciosamente. — Fabíola — eu engasgo, então recupero um pouco da minha compostura e me endireito. — Fabíola Barbosa.— Sai suave e confiante pela segunda vez. O cara apenas me encara pelo que parece uma eternidade antes de abrir os lábios para falar novamente. Ele está tentando me intimidar, mas maldito seja se vou me acovardar. Não é isso que os lutadores fazem. — Bem, Fabíola, algo que eu disse te divertiu?— Seu olhar pesado ainda é intenso. Eu balancei minha cabeça, cruzando os braços para combinar com sua postura. — Não.— — Não o quê? — — Não peguei seu nome.— Assim que digo, me arrependo. É como se a resposta debochada escapasse antes que eu pudesse pensar. Sei que ele esperava que eu dissesse ' não , senhor ', como se estivesse respondendo a um sargento, mas é claro que não consegui conter o sarcasmo. Alguns dos recrutas se envolvem e ouvem algumas risadas da multidão. O cara não reage, embora seus olhos brilhem como ouro. Ele arqueia uma sobrancelha, depois se vira, voltando para os outros caras. Ele para e se volta para os recrutas e estou rangendo os dentes, esperando que ele me diga para ir embora. Eu estraguei tudo totalmente. — Eu sou Alfa Gael.— O cara anuncia em voz alta, — E este é Jean, Brenno, Erick e Léo.— Ele gesticula para cada um dos homens ao seu redor enquanto os nomeia. De repente, me recordo de Léo, ele é parte da minha matilha. Ele se parece com seu pai, Alfa Henrique. Meu pai é o próximo do nosso alfa. Talvez isso salve minha pele. Gael continua. — Mas todos vocês podem se referir a nós como 'senhor'.— Eu quero revirar meus olhos, mas eu mordo meu lábio para me impedir de reagir. — Entenderam?— ele pergunta, e os outros recrutas ao meu redor começam a murmurar 'sim, senhor'. Gael olha direto para mim e eu me forço a articular as palavras. — Ótimo.— responde Gael, cruzando os braços sobre o peito largo novamente. — Agora, sua amiga Fabíola aqui me mostrou que todos vocês podem precisar de uma pequena lição de disciplina.— Merda. Eu sabia que não ia escapar tão fácil. Eu prendo minha musculação. — Portanto, acho que todos devemos começar com vinte voltas ao redor do batalhão.— Eu ouço um coro de gemidos e sinto uma picada de olhos em mim. Meu rosto fica vermelho. Ótimo. Cinco minutos depois, todos os outros recrutas já me odeiam. Com o canto do olho, vejo um lampejo de movimento quando a mão de Fabiane dispara. Eu me viro para olhar para ela - estou prestes a perguntar o que diabos ela está fazendo - quando ela fala. — Hum, senhor?— ela pergunta, sua voz baixa. Gael olha para ela interrogativamente, e Fabiane dá um passo à frente, pegando e empurrando os óculos no nariz. — Na verdade, estou aqui para unidade de TI, não pelo treinamento.— Gael acena com a cabeça, gesticulando para que Fabiane se aproxime. — Jean.— ele chama por cima do ombro, e um cara loiro se move para se juntar a ele. — Por que você não leva a..— — Fabiane.— ela fornece. Gael acena com a cabeça novamente. — Por que você não leva Fabiane para o centro de TI para que ela possa começar.— — Claro— respondeu Jean. — Vamos.— Jean se vira e acena para que Fabiane o siga e ela corre atrás dele. Uma vez que eles estão a alguns passos de distância, Gael se volta para os recrutas examinando a multidão. — O que vocês estão esperando?— ele pergunta. Quase em uníssono, todos nós começamos a correr em direção à pista. Vários dos outros recrutas estão olhando carrancudos para mim enquanto passam e por dentro, estou me chutando. * Minhas pernas estão trêmulas quando subo em meu beliche naquela noite. Depois da corrida de punição que Gael nos deu, Léo nos colocou no treinamento em circuito e Brenno nos fez alternar pranchas e agachamentos até que alguns dos recrutas realmente desmaiaram. Venho treinando há anos, mas agora percebo que nada poderia ter me preparado para o acampamento de verão do time e este foi apenas o primeiro dia. Quando eles finalmente nos liberaram para o dia, tomei um banho rápido e fui para o refeitório fazer uma refeição. Agradeço a Deus por Diogo e Hugo, porque nenhum dos outros recrutas está falando comigo. A punição de 20 voltas no campo me tornou o inimigo número um de todos. Avistei Fabiane do outro lado do refeitório, sentada com um grupo de pessoas que só posso presumir que sejam da equipe de TI. Ela parecia estar se acomodando confortavelmente, então eu apenas lancei um aceno para ela e não a interrompi. Ainda estou me chutando pela confusão que causei antes e ela é a única com quem quero falar agora. Estar do outro lado da sala parecia que eu estava a milhas de distância. Os dormitórios são organizados como um orfanato, apenas um quarto enorme com ingestão de beliches. Peguei um beliche de cima, acima de Diogo. Hugo está na cama de cima em frente a mim e é um conforto estar rodeada por meus dois amigos. Eles são como um escudo protetor, mesmo que todos aqui me odeiam, terão que passar por eles para mexer comigo. Puxo os lençóis e o cobertor áspero até o peito, suspirando enquanto olho para o teto. Está escuro, mas como um transmorfo, eu tenho uma ótima visão noturna. Meus músculos estão gritando e estou completamente exausta, mas não consigo parar minha mente. Ao meu lado, ouço Hugo subir em seu beliche. — Você teve que provocar hoje, hein Fabíola?— ele sussurra. Embora eu saiba que ele está brincando, suas palavras doem um pouco. Já me castiguei o suficiente por isso. Não quero chorar, então, em vez disso, dou uma resposta sarcástica. —Eu simplesmente não pude evitar— eu respiro, rindo um pouco. — Eu sempre odiei regras.— Eu rolo meu corpo na direção de Hugo, piscando para ver seu rosto no escuro. Ele já se virou para mim, apoiado em uma curva com a cabeça apoiada na mão. — Eu odeio dizer isso a você, mas tenho certeza que é disso que se trata este verão.— ele sorriu. Eu solto um suspiro. — Vamos apenas esperar que eu e minha má atitude sobreviveremos.— Hugo ri, e eu me apoio em uma curva para espelhar sua posição. —Sério, Hugo, o que eu vou fazer?— Eu sussurro. — Esse cara com certeza me odeia.— Ele balança a cabeça. — Ah, não se preocupe com isso. Foi só o primeiro dia. Ele vai esquecer. Além disso, ninguém poderia odiar você, Fabíola.— Hugo me encara um pouco. Ele está flertando? Meu medidor de 'eca' começa a tocar. — Pode ser.— Eu rolo para trás, olhando para o teto novamente. —Obrigado por ser um bom amigo.— Hugo não responde, e eu sei que ele provavelmente está um pouco dolorido por ter sido tocado de volta para a Friend zone. Eu fico olhando para o teto por um longo tempo, repetindo os eventos do dia na minha cabeça uma e outra vez. Eu passo de arrependida para triste, para louca. Gael é um i****a. Como alguém tão quente pode ser tão i****a? provavelmente é porque ele sabe que é gostoso. Eu sei que deveria engolir meu orgulho e entrar na linha, mas algo dentro de mim quer lutar contra sua autoridade. Talvez seja porque somos de matilhas diferentes. Ele pode ser um alfa, mas não é meu alfa.
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