Fabíola
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Gael é um i****a.
Eu sabia que este verão seria difícil mas, pensei que o treinamento seria a parte cansativa, não lidar com o alfa babaca comandando o lugar. Ele provou hoje que definitivamente quer me menosprezar. Se eu fosse inteligente, tentaria me comportar, receberia suas boas graças. Mas nunca afirmei que sou inteligente.
Ao final do nosso treinamento de hoje, fomos encaminhados para a postagem do cronograma de patrulhas. Eles estão realmente acabando com a gente, fomos designados para rotações para patrulhas noturnas das fronteiras da super matilha. As patrulhas são realizadas em pares, então eles vão designar pares de recrutas, para cada par de membros do time que comandam as patrulhas todas as noites. Fui colocada com uma estagiária chamada Vitória e os membros do time são Brenno e Clara. Nossa primeira patrulha é esta noite.
Depois que corro para o jantar, tomo um banho rápido, me troco e desço para o campo para encontrar meu grupo para patrulhar. É o por do sol, e a arena de treinamento ganhou um brilho estranho na luz fraca. Eu localizo Brenno imediatamente e faço meu caminho até ele, onde ele está parado com duas mulheres.
Brenno é um dos cinco caras que comandam o campo de treinamento. Ele se parece com Jason Momoa bem mais novo, com longos cabelos castanhos, pele bronzeada e tatuagens por todo o peito e braços esculpidos. Ele é muito bom de se olhar mas, é difícil de falar. Ele nos levou para o limite ontem com pranchas e agachamentos e seu comportamento prático é totalmente profissional. As duas mulheres com ele estão conversando e ele apenas fica parado em silêncio.
Reconheço uma das mulheres como outra recruta e fico surpresa quando ela estende a mão na minha direção quando me aproxima, cautelosamente, eu aceito.
— Vitória.— ela se apresenta, apertando minha mão e sorrindo. Vitória é mais baixa do que eu, embora muitas garotas sejam. Ela é linda, aparência normal, com cabelo preto, pele bronzeada e olhos castanhos escuros. Ela parece forte e tem curvas em todos os lugares certos.
— Fabíola.— eu respiro, arriscando um sorriso.
A mulher ao lado de Vitória dá um passo à frente, oferecendo-me a mão para apertar em seguida.
— Clara.— ela fala apertando minha mão e fico imediatamente impressionada com a forma como seus braços são musculosos. Ela também é alta mas, tem muito mais musculos do que eu. Seu cabelo ruivo está preso em duas tranças e tem sardas pontilha seu nariz.
— Prazer em conhecê-la — eu respondo, lançando-lhe um sorriso.
—Há quanto tempo você está na equipe? Clara— Porque não perguntar? Em breve seremos amigas no mesmo time.
— Oh, eu estava no seu lugar há dois anos.— diz ela, olhando para Brenno. — Não deixe esse cara intimidar você, ele é como um grande urso fofo.— Brenno faz uma careta para Clara, então sua expressão se suaviza em um sorriso enquanto ele dá um soco no braço dela de brincadeira.
— Não estrague meu disfarce aqui, Clara. Temos que manter os recrutas com medo.— Os dois riem e já estou me sentindo melhor com essa equipe de patrulha. Será bom conhecer um pouco melhor Brenno e a Clara e aprender mais sobre a vida no time. Vitória e eu trocamos olhares e posso dizer que ela sente o mesmo.
— Bem, provavelmente deveríamos sair—. diz Clara e Brenno dá um breve aceno de cabeça. Os dois vão em direção ao portão e Vitória e eu os seguimos ansiosamente. Deixamos o complexo de esquadrões e entramos furtivamente na floresta, caminhando em um ritmo agradável.
— Todo mundo faz patrulha a cada três noites.— explica Clara enquanto nós quatro caminhamos por um caminho na floresta. — Estamos sempre em pares e geralmente a patrulha acontece com o mesmo parceiro. Eu estive com Brenno no ano passado mas, vou pegar um de vocês novatos no final do verão, quando Brenno se tornar alfa da sua matilha.— Lancei um olhar na direção de Brenno mas, ele está focado no caminho à frente.
Eu não tinha percebido que ele era um alfa mas, deveria ter adivinhado. Eu me pergunto qual matilha ele está prestes a assumir.
— Embora eu ache que ele vai sentir minha falta mais do que eu vou sentir falta dele.— Clara continua, dando uma cotovelada em Brenno de brincadeira. Ele dá um sorriso malicioso mas, não diz nada. Ele é um homem de poucas palavras.
— Qual matilha?— Vitória dispara.
— Lua azul.— Brenno fornece.
— Oh!— Vitória parece animada. —Essa é a minha matilha! Alfa Rodney deve ser seu pai, então?— Sempre monossílabico.
— Sim.— Há uma pausa, mas Brenno não entra em detalhes.
— Eu não sabia que ele estava deixando o posto. Isso é emocionante para você, no entanto!— Vitória está um pouco animada e Brenno parece irritado.
Limpo minha garganta para falar em um esforço para quebrar a tensão.
—Você vai deixar o batalhão, então?— Eu pergunto.
Brenno balança a cabeça. —Não. Eu posso fazer as duas coisas. Gael e Erick fazem. Eu só não vou fazer patrulhas.—
Suponho que isso faça sentido. Alfas têm muitos deveres com suas matilhas, então eles não estavam disponíveis para patrulhar a noite toda. Não sei em que suas tarefas eram desenvolvidas, mas sei que Alfa Henrique passa muito tempo em seu escritório porque meu pai está sempre visitando lá. Eu me pergunto como Gael mantém o controle do esquadrão e de sua matilha.
Não, eu não me pergunto. Eu não me importo com o que Gael faz.
Maldito i****a.
As árvores estão ficando raras à nossa frente, e posso dizer que há uma clareira adiante. Eu nunca estive nesta área do território da super matilha, então ainda estou tentando me orientar. Eu gostaria de estar na forma de lobo, minha loba é um ótima bússola. Meu lado humano, nem tanto.
— Tudo bem, meninas.— Clara fala saltando para fora do caminho.
— Hora de mudar.— Ela se vira, puxando uma regata pela cabeça.
Como transmorfos, estamos acostumados com a nudez. Se mudarmos enquanto estamos vestidos, a roupa se rasga. Eu estraguei minha camisa favorita assim, uma vez.
Todos os quatro saímos do caminho para nos afastarmos um do outro e tirar nossas roupas. Eu tiro meus tênis primeiro, depois tiro meu short. Depois de tirar minha camiseta e sutiã, eu rapidamente chamo minha loba para frente.
Minha visão fica turva e sinto a onda familiar de energia enquanto meus ossos se quebram e se reorganizam e em alguns segundos estou de quatro, balançando meu pelo. Quando aprendi a mudar, a transformação foi dolorosa. Agora, é uma segunda natureza. Eu quase não sinto nada. Eu olho para baixo, para a terra macia sob minhas patas bronzeadas, me estico e em seguida, circulo de volta para o caminho.
Uma linda loba preta sai furtivamente do mato na minha frente. Ela é pequena e eu a reconheço imediatamente como Vitória. Eu olho para ver a loba de Clara reconhecendo-a por sua pele ruiva, da mesma cor de seu cabelo. O lobo de Brenno é o último a retornar ao caminho, e ele é enorme.
Definitivamente um alfa.
Enquanto estamos na forma de lobo, podemos nos comunicar com outros lobos em nossa matilha por meio de um elo mental e fico um pouco surpresa quando a voz de Brenno deslizou na minha cabeça, dizendo 'sigam-me'.
Eu tenho muitas perguntas. Como posso ouvi-lo se não somos da mesma? É porque ele é um alfa? Vitória também parece um pouco atordoada e Clara parece perceber e nos informar.
'Você nunca se conectou mentalmente a um lobo fora de sua matilha antes, não é?' ela ri através do vínculo mental.
Eu testo. 'Não. Como...?'
'Toda a super matilha está vinculada. Eu também não sabia, até que entrei para o tempo. Muito legal, hein?' O lobo de Clara belisca o meu de brincadeira.
'Chega de bate-papo.' brinca Brenno. 'A fronteira está próxima, vamos nos separar.' Seguimos seu comando, separando-nos um do outro.
Minha loba avança pelo terreno rochoso sem esforço, se escondendo entre as árvores e sobre os galhos caídos. Com o quão frustrada eu estou, minha loba está reprimida e morrendo de vontade de correr. Eu me perco na sensação da terra sob minhas patas e na brisa fresca da noite em meu pelo por alguns minutos antes de me lembrar que estou aqui com um propósito, patrulha da fronteira. Concentro meus sentidos, examinando a linha das árvores e a clareira além, observando qualquer movimento e ouvindo qualquer perigo potencial.
As horas de patrulha passam lentamente enquanto eu caminho pela fronteira do território. A cada vinte minutos mais ou menos, Brenno informa através do link mental e cada um de nós confirma com um 'tudo limpo'. Achei que patrulhar a fronteira seria empolgante, mas na verdade é bastante... entediante.
Depois do que parece uma eternidade, Brenno dá a ordem para que circulemos e voltemos. Voltamos ao caminho onde tiramos nossas roupas e nos vestimos discretamente. Na minha forma humana, estou ainda mais exausta, o dia inteiro de treinamento e ficar fora a noite toda durante a patrulha me desgastou. Nós quatro começamos a percorrer o caminho de volta ao complexo do esquadrão assim que os primeiros raios de sol aparecem por entre as árvores.
Estamos todos em silêncio em nossa jornada de volta, e quando chegamos ao portão, Brenno se vira para Vitória e eu.
— Quando você patrulha, você é dispensado da sessão matinal para que possa descansar.— diz ele, sua voz rouca por falta de sono.
Vitória e eu apenas acenamos com a cabeça como zumbis.
— Vocês se saíram bem esta noite, recrutas.— diz Brenno, depois se vira e se dirige ao complexo do batalhão.
Eu sinto meus lábios se curvarem em um sorriso em resposta, tenho certeza que essas são as primeiras palavras de encorajamento que recebem desde que pisei no complexo do batalhão e elas fizeram toda a noite sem dormir valer a pena.
Estou lentamente pegando o jeito das coisas e não é tão r**m. Eu posso fazer isso totalmente.