II - Flor

664 Words
Não sei o que me deu na cabeça para oferecer abrigo para um homem desconhecido, porém ele me ajudou e é uma figura conhecida, acredito que não me fará m*l algum. Se minha mãe estivesse aqui eu levaria um esporro enorme por isso. Mamãe era bem cautelosa com as pessoas, eu também sou assim, confio desconfiando, porém ele me pareceu uma pessoa tão boa, sei que as aparências enganam, mas não sei porque, sinto que ele é do bem. – Seu marido não vai achar r**m quando chegar e me ver aqui? – Ele pergunta. – Não tenho marido – Respondo. – Mora com sua mãe então? – Moro sozinha, minha mãe faleceu há alguns anos.  Meu coração se aperta, sinto tantas saudades da minha mãezinha. – Sinto muito. – Tudo bem. Você está com fome? Eu vou fazer alguma coisa para comer. Ofereço por educação, mesmo sabendo que não tenho muito o que oferecer e no fundo eu espero que ele diga que não. – Estou sim, se não for te dar trabalho. – Trabalho nenhum – Liz começa a resmungar – Falar em fome, tem alguém aí com fome também – Pego ela para amamentá-la. Me viro para colocá-la no peito e me sento na cadeira. Fico pensando em uma maneira sutil de falar com ele o que tenho para comer, um homem aparentemente tão chique com toda certeza não comeria qualquer comida. – Uma das cenas mais lindas da maternidade – Ele comenta e eu sorrio para ele. – Também acho. O que você estava fazendo por esses lados? – Pergunto curiosa. – Vim trazer uma conhecida que mora aqui perto. – Ah sim. Um homem como esse tem conhecidas por esses lados? Hum... – Você mora aqui sozinha com ela? – Sim. Somos só nós duas nesse mundo – Respondo com um certo tom de tristeza na minha voz. – O que fazia na rua com essa chuva toda? – Entregando currículo, eu preciso de um emprego, mas está muito difícil, todos que consigo ser selecionada para fazer entrevista colocam minha filha como empecilho. Eu preciso muito trabalhar, só Deus sabe como – Desabafo. Liz termina de mamar e eu coloco-a para arrotar. – Não acredito muito em destino, mas não vejo outra explicação, onde eu trabalho está precisando de uma secretária, você tem alguma experiência? – O que? Claro! Eu fiz curso de secretariado – Respondo quase como um grito de tão animada. – Ótimo, irei falar com Ítalo, só um minuto – Ele pega o telefone e faz uma ligação. Fico reparando nesse homem, sei que é errado, mas é inevitável, ele é um gato. Enorme e musculoso, eu me sinto uma formiguinha prestes a ser esmagada perto dele. Florence, pode ir parando com esses pensamentos, ainda mais por um homem desconhecido, toma vergonha garota. Me recrimino mentalmente. – Ítalo disse que você pode começar amanhã. – Você está falando sério? – Levanto animada. – Claro. – Aí meus Deus do céu, muito obrigada, não sei como te agradecer – Estou tão empolgada – Se não estivesse com Liz no colo eu te daria um abraço super carinhoso em agradecimento. – Me agradeça fazendo aquela comida que você ia fazer e já está de bom tamanho – Ele ri. – Claro. Você vai ter que me ajudar. – Ajudar? Eu não sei fritar um ovo. – Então fica com Liz – Entrego ela e ele pega todo sem jeito. – Eu não tenho experiência com criança Flor – Minha bebê some em meio aos seus braços e eu acho graça. – Não tem mistério, ela está quietinha, só segura ela para eu fazer alguma coisa aqui pra gente comer, se caso ela começar a resmungar é só balançar um pouquinho. Olho para ele segurando minha bebê e acho tão fofinho, fico imaginando como seria se o pai de Liz estivesse aqui.  Logo dou um jeito de dispensar esses pensamentos e vou me concentrar no que tenho que fazer.
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