IV - Flor

723 Words
– Nossa já estar tarde, fiquei aqui te alugando com minhas lamúrias e esqueci de te deixar dormir, vou pegar um cobertor para você, sinto muito por ter que dormir nesse sofá duro e pequeno, mas é o que eu tenho – Explico visivelmente constrangida. – Tudo bem Flor, costumo ir dormir tarde mesmo, você já está com sono? – Não – Mentira, estou morrendo de sono, mas queria ficar um pouquinho mais com ele – Então vamos continuar conversando, estou gostando de te conhecer melhor. – Ah, já falei tudo sobre mim eu acho. – Quantos anos você tem? Você me disse que perdeu sua mãe aos dezessete, quantos anos você tem hoje? – 21 e você? – Já que ele perguntou tomei a liberdade de perguntar também. – 38. – Nossa, nem parece, um gato desses. – Ah sim, nem parece, você parece ser mais novo – Percebo a burrada que falei – Eu não estou te chamando de velho, eu apenas quis dizer que você não parece ter trinta e oito anos – Ele começa a rir – Ah poxa, você entendeu né? É que eu falo as coisas sem pensar as vezes, me desculpa, fico toda nervosa tentando explicar. – Tudo bem Flor, eu realmente sou velho para você. – Eu não acho. Velhice é mais uma questão de espirito do que idade né. – Fico feliz que pense assim. – Você já ficou com alguém nova, tipo, da minha idade? – Ele sorri de lado, que merda eu to perguntando gente? O sono não está me fazendo bem. – Não, nunca fiquei e você já ficou com alguém da minha idade? – Não, só fiquei com o pai da Liz e ele era da minha idade. – Não existiu outra pessoa na sua vida? – Ele faleceu eu estava grávida da Liz e ela só tem cinco meses, eu estou focada em conseguir um emprego e manter nós duas, não tenho tempo para essas coisas de namorico sabe? – Entendo. Você é muito bonita Flor, logo logo encontrará alguém que vai te fazer feliz. – Você me acha bonita? – Um homão desse me achando bonita? To me sentindo. – Claro, você é linda – Fico corada. – Você também é um gato, fiquei b***a em como você é grande, misericórdia – Ele solta uma gargalhada – Eu quis dizer grande no tamanho tá? – Ele continua rindo – Você entendeu né? Para de rir, eu fico sem graça – Comento nervosa. – Tudo bem Flor, não precisa ficar com vergonha. – Ah mais eu fico né, eu fico falando um monte de coisa sem pensar, quando vou me explicar me enrolo mais ainda. – Acho engraçado esse jeito seu, fica nervosa sai falando coisa com coisa. – Sim, Reese sempre fala isso, que eu me atrapalho toda, que eu seria uma péssima acompanhante – Ele me olha pensativo. – Reese? Como assim acompanhante? – Ele fica sério. – Ah Reese é minha vizinha, ela é acompanhante sabe? – Tento achar uma melhor maneira de explicar. – Sei, garota de programa. – É, isso mesmo, eu não queria usar um termo tão pesado assim. Enfim, ela sempre me convida para trabalhar com ela, mas eu sou toda desajeitada e não que eu esteja julgando o trabalho dela e de tantas outras, mas eu não me vejo nesse mundo sabe? – Não consigo imaginar você nesse mundo também. – Pois é, imagina eu pequena desse jeito ficar com um homem do seu tamanho? Vou estar acabada no outro dia – Tapo a boca com a mão quando percebo a merda – Ai Santiago, me desculpa – Ele só sabe rir – Eu falo muita merda sem pensar e estou com sono, vou ir dormir que é melhor – Me levanto e ele faz o mesmo, me sinto uma anã perto desse homem. – Não tem problema, eu gosto desse seu jeito – Ele se aproxima mais e meu corpo parece estar em chamas – Boa noite – Ele beija minha testa – Obrigado pelo abrigo hoje. – Ah boa noite – Tem um tom de decepção na minha voz – Eu vou pegar a coberta – Me retiro rapidinho. Entrego a coberta para ele e corro para meu quarto. Meu coração está acelerado. O melhor a fazer é dormir.
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