IX - Flor

571 Words
— Santiago, eu nem tenho onde guardar todas essas compras. — Vamos dar um jeito então. Ele comprou várias roupas, sapatos e acessórios para mim. No supermercado ele fez a festa, comprou de tudo e ainda comprou leite e uma mamadeira para Liz. Ele está segurando ela no colo e por um momento eu me pego pensando em como seria bom ter um homem desses na minha vida. — Flor? — Ele estala os dedos na minha frente — Está no mundo da Lua é? — Estava pensando em umas bobeiras, vou fazer uma comida bem gostosa para a gente comer. — Hoje não vai dar, era isso que estava te falando quando você estava viajando ai. Vou ter que ir agora, mas volto amanhã cedo para te buscar. — Ah tá bom — Digo desanimada. — Que foi? Já está sentindo minha falta? — Ele brinca. — Claro que não, seu chato — Pior que estou sim. — Vou indo nessa, até amanhã — Ele beija minha testa e de Liz e se vai. Nos conhecemos a tão pouco tempo, mas ele já está fazendo um estrago enorme, por exemplo agora, eu estou aqui me sentindo sozinha como nunca e eu sempre fui sozinha, mas a presença dele preencheu essas lacunas. — O que foi Liz? Não olhe para mamãe assim, eu não tenho culpa, ele é apenas nosso amigo. Ela sorri como se estivesse entendendo o que eu estou falando. Termino de ajeitar as coisas e escuto alguém batendo na porta. — Oi Reese. — Florence, quem é esse cara cheio de grana que você está saindo? — Ela pergunta entrando na minha casa — Nossa, pelo visto você está sabendo agradá-lo em — Ela fala olhando as coisas que deixei em cima da mesa para fazer janta. — Não é da forma que você está pensando, ele é apenas um amigo que está me ajudando, sem receber nada em troca. — Sei bem, mas se ele é só meu amigo você poderia passar meu contato para ele, vai que ele esteja precisando de uma pessoa como eu. — Ele não está! — Só de pensar nisso me dá raiva. — Como você sabe? — Porque ele já tem uma pessoa na vida dele. — Minto. — Hum, é uma pena então, mas se eu fosse você dava um jeito de fisgar esse bofe logo, ninguém vai querer "agradar" uma outra pessoa por muito tempo sem nada em troca. — Era só isso? — Pergunto sem paciência. — Sabe que estão todos da vila falando de você, né? Você foi burra em ter trago esse homem para sua casa, eu quando faço as coisas é fora daqui. — Não me importo com o que os outros dizem. — Não pense que pode esnobar todo mundo porque está saindo com um carinha que tem grana. — Eu não estou esnobando ninguém, apenas não me importo com a opinião alheia. — Então tá, vou indo nessa, se esse carinha precisar de uns servicinhos você me indica tá? — Tá bom, tchau! Fecho a porta e nem dou chances de falar mais alguma coisa. Aqui nessa vila é assim, um bando de desocupados que só sabem falar da vida dos outros. Olho para minha Liz quietinha no carrinho e estamos sozinhas mais uma vez, Santiago já está fazendo falta, não tenho nem um celular para mandar uma mensagem para ele, que saco.
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