— Santiago, eu nem tenho onde guardar todas essas compras.
— Vamos dar um jeito então.
Ele comprou várias roupas, sapatos e acessórios para mim. No supermercado ele fez a festa, comprou de tudo e ainda comprou leite e uma mamadeira para Liz. Ele está segurando ela no colo e por um momento eu me pego pensando em como seria bom ter um homem desses na minha vida.
— Flor? — Ele estala os dedos na minha frente — Está no mundo da Lua é?
— Estava pensando em umas bobeiras, vou fazer uma comida bem gostosa para a gente comer.
— Hoje não vai dar, era isso que estava te falando quando você estava viajando ai. Vou ter que ir agora, mas volto amanhã cedo para te buscar.
— Ah tá bom — Digo desanimada.
— Que foi? Já está sentindo minha falta? — Ele brinca.
— Claro que não, seu chato — Pior que estou sim.
— Vou indo nessa, até amanhã — Ele beija minha testa e de Liz e se vai.
Nos conhecemos a tão pouco tempo, mas ele já está fazendo um estrago enorme, por exemplo agora, eu estou aqui me sentindo sozinha como nunca e eu sempre fui sozinha, mas a presença dele preencheu essas lacunas.
— O que foi Liz? Não olhe para mamãe assim, eu não tenho culpa, ele é apenas nosso amigo.
Ela sorri como se estivesse entendendo o que eu estou falando.
Termino de ajeitar as coisas e escuto alguém batendo na porta.
— Oi Reese.
— Florence, quem é esse cara cheio de grana que você está saindo? — Ela pergunta entrando na minha casa — Nossa, pelo visto você está sabendo agradá-lo em — Ela fala olhando as coisas que deixei em cima da mesa para fazer janta.
— Não é da forma que você está pensando, ele é apenas um amigo que está me ajudando, sem receber nada em troca.
— Sei bem, mas se ele é só meu amigo você poderia passar meu contato para ele, vai que ele esteja precisando de uma pessoa como eu.
— Ele não está! — Só de pensar nisso me dá raiva.
— Como você sabe?
— Porque ele já tem uma pessoa na vida dele. — Minto.
— Hum, é uma pena então, mas se eu fosse você dava um jeito de fisgar esse bofe logo, ninguém vai querer "agradar" uma outra pessoa por muito tempo sem nada em troca.
— Era só isso? — Pergunto sem paciência.
— Sabe que estão todos da vila falando de você, né? Você foi burra em ter trago esse homem para sua casa, eu quando faço as coisas é fora daqui.
— Não me importo com o que os outros dizem.
— Não pense que pode esnobar todo mundo porque está saindo com um carinha que tem grana.
— Eu não estou esnobando ninguém, apenas não me importo com a opinião alheia.
— Então tá, vou indo nessa, se esse carinha precisar de uns servicinhos você me indica tá?
— Tá bom, tchau!
Fecho a porta e nem dou chances de falar mais alguma coisa. Aqui nessa vila é assim, um bando de desocupados que só sabem falar da vida dos outros.
Olho para minha Liz quietinha no carrinho e estamos sozinhas mais uma vez, Santiago já está fazendo falta, não tenho nem um celular para mandar uma mensagem para ele, que saco.