Atenção!
ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS FORTES DE MORTES. SE VOCÊ É SENSÍVEL A ESSE TIPO DE CONTEÚDO, SUGIRO QUE NÃO LEIA.
Síria entrou no seu quarto e foi direto para o banheiro. Retirou as roupas sujas e a peruca que usava, deixando os cabelos naturais soltos. Os seus cabelos eram pretos, lisos, cortados na altura do queixo, e na nuca era possível ver uma pequena tatuagem de uma Fênix, símbolo da organização. Tomou um banho rápido, vestiu um conjunto de moletom e desceu para pegar uma taça de vinho. O álcool a ajudaria a dormir.
Com a taça de vinho nas mãos, subiu para o terraço da mansão e sentou-se em um sofá. Gostava do silêncio, e a noite estava linda. Pegou o telefone; precisava fazer uma ligação. Algo a estava incomodando.
— Alô?
— Oi, Alícia, é a Síria.
— Oi, Si, há quanto tempo!
— Verdade. Preciso de um favor.
— Claro! Do que precisa?
— Vou te mandar uma filmagem. Preciso de toda informação possível sobre a pessoa que aparece nela.
— Sem problemas. Tem alguma urgência?
— O mais rápido que você conseguir.
— Beleza. Assim que conseguir, te ligo.
— Obrigada.
— Não por isso.
Alícia era uma hacker habilidosa. Não havia algo que o seu programa de reconhecimento não encontrasse. Durante a missão de hoje, Síria sentiu que alguém a estava observando. Por isso, ligou as câmeras embutidas na sua roupa, mas a filmagem não era tão nítida. Precisava da ajuda de Alícia. Alguém estava desejando a morte, e quem era ela para negar?
Tomando um gole de vinho, viu-se perdida em pensamentos. Lembranças antigas vieram à sua mente.
Naquele dia, ela havia recebido um vídeo. O seu marido e filho estavam amarrados; o marido bastante machucado. Os seus inimigos haviam encontrado o seu ponto fraco. Saiu de casa desesperada, chamando a atenção de todos. Eles sabiam que algo estava errado.
— Eu dirijo — disse Charles, entrando no lado do motorista. Ela entrou e deu o endereço para ele: um antigo galpão na saída da cidade. Quando chegaram, o marido e o filho estavam ajoelhados, com armas apontadas para suas cabeças. Ela correu e se jogou aos pés dos sequestradores, pessoas que conhecia bem.
— Por favor, Sauron, deixe-os ir! É a mim que você quer! Eles não têm nada a ver com isso! — Lágrimas banhavam o seu rosto enquanto implorava por aqueles que amava.
Sauron deu um sorriso c***l, sem esconder o prazer que sentia.
— Meio tarde para implorar, não acha, Mia? Você achou que mataria o meu irmão e ficaria por isso mesmo?
— Eu fico no lugar deles. Você pode fazer o que quiser comigo.
Ela gritava, implorando, mas seu inimigo já tinha um plano em mente.
— Sabe o que eu quero, Mia? Quero que você sinta a mesma dor que eu senti: a impotência de ver quem você ama morrer na sua frente e não poder fazer nada. Eu não quero a sua vida, quero a deles.
Ouvem-se dois disparos. O seu marido, que estava amarrado e amordaçado, cai para frente com um tiro na cabeça. Sauron sorri ao ver a expressão de Mia e dispara novamente, matando o seu filho de apenas três anos.
O mundo dela acabou naquele momento. Era como se todos os sons ao seu redor tivessem desaparecido. A sua garganta se fechou, e nenhum som saiu. Era como se ela não conseguisse compreender o que estava acontecendo. O seu coração batia tão rápido que ela não ouviu mais nada. Lentamente, levantou-se e correu em direção a Sauron, que ainda ria do que havia feito. Ao longe, distinguiu sons de tiros; os seus amigos haviam chegado. Ela lançou-se sobre Sauron, derrubando-o no chão, e desferiu vários socos no seu rosto. Pegou a sua pistola e disparou várias vezes nas suas pernas e braços, imobilizando-o.
— Achou que eu te mataria tão rápido, seu desgraçado? Você não queria me ver sofrer!
Mia puxou uma adaga da bota e a cravou no peito de Sauron. Ele gritou de dor. Ela puxou a adaga e cravou novamente, desta vez na barriga.
— Eu não me importo. Consegui o que queria: eu te destruí, Mia — disse Sauron, rindo e cuspindo sangue. O seu sorriso era macabro.
— Você pode ter me destruído, mas isso acaba hoje.
Puxando novamente o punhal, ela o cravou no meio do peito de Sauron e o puxou até o umbigo, abrindo o seu tórax.
Ao longe, ouvem-se os gritos de agonia de Sauron. O tiroteio havia cessado, e os outros observavam a cena em silêncio.
— Não era para você estar gritando, Sauron? Você não estava rindo até alguns instantes atrás?
Mia enfia a mão livre dentro do peito de Sauron e arranca o seu coração com um puxão.
— O seu coração na minha mão será a última coisa que você verá.
Os olhos de Sauron se apagaram. Mia se levantou, ainda com o coração na mão. Todos observavam, chocados, enquanto ela o jogava no chão e o despedaçava com os pés. Ela caminhou até o corpo ainda quente do filho e o abraçou.
— Me perdoe. Eu devia ter te protegido melhor.
Ela se ajoelhou junto ao corpo da criança e chorou de forma descontrolada. Com uma das mãos, segurou a do marido. Os presentes não sabiam o que fazer; a dor dela era tão intensa que parecia preencher o ar.
— Filho, acorda — disse ela, alisando a bochecha da criança. — Vou fazer aquele bolo que você gosta, e vamos ver desenho até tarde. Só acorda.
— Acorda, vai. Não brinca assim com a mamãe — insistiu, sacudindo o corpo da criança. — Acorda! Por que você não está acordando?
Lentamente, Charles se aproximou dela.
— Ele se foi, Mia — disse ele, colocando a mão no seu ombro.
— Não! Ele está dormindo! Ele sempre faz isso para não ir para a escola. Você vai ver, ele vai acordar logo!
— Sinto muito, Mia, mas eles se foram.
— Não! Eles não se foram! Você está mentindo! Sai! — gritou ela, empurrando-o. — Eles vão acordar, você vai ver.
Ela se jogou sobre o corpo do marido com o filho nos braços e chorou até a exaustão.