Kemylla I
Ah, eu sempre fui uma moça sonhadora, desde que sai da casa dos meus pais aos 17 anos sempre desenhei minha vida de forma crescente. Fui viver da forma que achava melhor e que ninguém se metesse. Na verdade no fundo sempre gostei de ser sozinha, mas confesso que fui muito namoradeira (risos), sempre com um caso novo. Talvez a palavra certa não seja sozinha e sim independente nunca gostei de ninguém pegando no pé.
Da minha adolescência sofrida, só trouxe pra minha vida minha amiga, minha vida... minha irmã que meu coração escolheu, a Viviane!
Ahhhh Vivi, por poucas e boas já passamos, moramos juntas por um tempo mas de verdade morar com uma virginiana não é nada fácil (risos), logo ela se mudou para seu apartamento comprado com muito suor e dedicação, mas nosso grude é tanto que semana sim semana não nos revezamos dormindo uma na casa da outra.
Se eu for descrever as aventuras que já vivemos você certamente não acreditar por que é muitaaaaa coisa principalmente devido nossa idade beirando os 30...
Tivemos o privilégio de nos formar juntas na faculdade, porém somente Vivi seguiu a profissão, engenheira civil e eu segui um sonho, customização de sapatos de noivas.
Isso mesmo, eu abri meu próprio ateliê e era reconhecida neste mercado sendo a melhor nível internacional!
Com isso Vivi e eu vivíamos viajando, afinal ela era meu par!
As noivas que me contratavam me queriam nas festas e então nunca ia só. Viajamos para Portugal, Holanda, Itália ... Fora as viagens nacionais e o mais legal era como conhecíamos gente, era muitaaaaa gente!
Sempre fomos também muito festeiras. Balada então estávamos em todas, tipo arroz de festa??
Mas tudo começou mudar quando conheci o que seria o "primeiro amor da minha vida"...
O Rogério me parecia uma pessoa ótima, sempre tão educado, lindo. Homem alto, de uns 1,90, forte, olhos castanhos, barbudinho... Era bem o tipo que me chamava atenção, o conheci numa das minhas idas desreguladas para academia. Nunca fui de me preocupar com treinos, tinha a genética boa.. 1,69, 60kg, consideravelmente magra, porém nada dentro dos padrões impostos.
Pois bem, conheci Rogério. Moço simpático que se deu com todo mundo inclusive com minha família. Com o início desse namoro senti que Vivi se afastou de mim um pouco tornando sempre dispensável. Na minha cabeça senti que fosse um pouco de ciúmes, sabe como é: Tudo era com ela e derepente esse homem apareceu.
E nosso relacionamento começou muito rápido, não tivemos muito tempo pra muita coisa, era engraçado tinha pressa!
Cheguei na academia e estava ajeitando meus pesos, quando ele se aproximou de mim me oferecendo ajuda:
- Olá Boa noite, precisa de ajuda?
Respondi que não sem ao menos olhar pra cima!
Insistiu: Certeza, esses pesos vão cair!
- Não, não preciso.
aí foi quando olhei aquele homem gato, prontamente mudei de ideia e pedi que me ajudasse
Daí por diante engatamos uma conversa, um troca de contato até ele me convidar pra sair.
Fomos em um barzinho delicioso que eu amava ir, sempre estava lá com a Vivi. Mas nesse dia fomos somente nós dois.
Entramos, nos sentamos ... E que homem minha gente!
Educado, falava super bem, articulado, cheiroso... Tudo de bom!
Mas uma coisa que eu sempre me chamou atenção era que quando outras pessoas se aproximava da gente ou de mim, até mesmo garçons a expressão dele mudava, mas como tudo nessa vida eu colocava defeitos, pra isso eu não me importei deixei o fluxo da vida seguir sem minhas neuras.
Foi tudo de bom nosso primeiro encontro, voltei pra casa nas nuvens, falando de Rogério pra Deus e o mundo.
- Ufa! Até que enfim encontrei alguém!
Boba eu né, mau sabia o que me esperava.
Com o tempo o Rogério foi se tornando alguém diferente, diria muito diferente daquele moço que eu conheci na academia. A primeira coisa que proibiu digamos, foram minhas roupas. Sempre usei roupas que valorizavam minhas curvas, s***s fartos, pernas grossas, não tinha motivos para esconder. Eu era feliz e empoderada.
Então Rogério decidiu por ele que aquelas roupas já não podiam fazer parte do meu armário, e eu sempre fui contra até que um dia estava pra sair e ir há uma festa e ele chegou pra nos buscar, para esse evento Vivi iria com a gente.
Interfone tocou:
- Kemylla, aqui é da portaria. O Rogério te aguarda!
Agradeci o contato!
Descemos e quando fui entrar no carro ele exclamou:
- Pensa que vai onde assim, já estou de saco cheio das suas roupas...
eu ri sem graça afinal Vivi estava ali e ouviu também a frase arrogante e estúpida.
Então respondi:
- Poxa amor, esse vestido foi você que me deu... Pensei que você fosse gostar de ver em mim.!
- Não gostei, e já me arrependi vai tirar
agora - responde ele bravo e grosseiro.
Vivi ficou passada com a situação e rebate:
- Pra que tanta grosseria? Mylla entre no carro, vamos! Você está linda!
Rogério virou a cabeça para direção da Vivi que por uma fração de segundos pensei que ele fosse dar um murro nela.
Pedi calma para ambas as partes, e decidi que não iria mais.
Foi quando ele desceu do carro dando a volta no mesmo falando coisas que não dava pra entender me pegou pelo braço e saiu me arrastando para dentro da portaria repetindo inúmeras vezes que eu tinha que obedece-lo.
Fiquei extremamente assustada nunca tinha visto daquele jeito.
Subimos para o apartamento, ele transtornado e eu pedindo calma, a Vivi atrás assustada também....
Quando entramos ele simplesmente me jogou para dentro do apartamento, então cai de joelhos próximo ao sofá.
Vivi se abaixou tentando me ajudar levantar, quando ele me tomou pelos braços rasgando meu vestido pelas costas. Fiquei praticamente nua, e sem reação quando ele gritou:
- Olha o que você faz comigo, isso tudo é culpa sua. Você me provoca você não sabe do que sou capaz!
Dali por diante minha vida tornou-se um inferno. Eram brigas e mais brigas. Socos, empurrões. Vivia machucada!
Ele me proibiu de tudo, não podia sair na rua, tivemos uma briga que ele queimou todos meus vestidos.
Eu já não era mais a mesma. A culpa era sempre minha de todos os transtornos que ele tinha. E quando eu decidia sair da situação ele jurava melhorar e eu tola acreditava.
Chegamos ao auge quando ele me proibiu de ter qualquer contato com a Vivi, ela não era boa pra mim!
Como pude chegar a isso? Uma pessoa tão bem resolvida, sonhadora, apaixonada pela vida... Deixei uma pessoa tão escrota acabar comigo assim.
Detalhe que eu não podia sair sozinha, mas com ele também não. Por dezenas de vezes amigas ou colegas tiravam fotos dele na balada, ficando com outras enquanto eu estava presa dentro da minha própria casa. E aí de mim reclamar, por que se falasse algo eram mais agressões.
Vivi mesmo as escondidas me apoiava muito, pedia pra que eu saísse dessa situação. Mas parecia que eu estava amarrada e sem forças pra sair, estava muito machucada. Não eram só agressões físicas eram psicológicas também.